Ariella Young
Fecho os olhos fortemente permitindo-me sentir o aroma, o clima que por muito tempo não sentia. Meus dedos tocam na grade fria da varanda do meu quarto, enquanto ergo a cabeça deixando meus cabelos dançarem contra os ventos. Neste momento sinto meu coração bater mais forte que o comum, e deixo as memórias surgirem sem esforço. Não consigo explicar essa sensação, mas permaneço com olhos fechados lembrando o dia que decidi correr naquela manhã, antes de ir para o teste de atriz. Começo a enxergar meus pés correndo pela calçada, o mercado do outro lado da rua, o carro, as pessoas ao meu redor, o acidente e... Um homem. Me pego sorrindo com este pensamento por lembra-lo. Ergo as mãos ao coração lentamente ao recordar do primeiro contato visual que Oliver e eu tivemos um com o outro. Nossas vidas já estavam traçadas, tudo estava planejado e eu já o amava mesmo sem saber e quando percebi que o amava já era tarde, eu tinha o magoado e me magoado. Minha fonte para seguir em frente veio do céu porque era desesperador quando tudo foi revelado. Mesmo triste, mesmo desacreditada de tudo e de todos eu confie que tudo que estava acontecendo era necessário para me fortalecer. Nos mínimos detalhes Deus cuidou de mim, cuidou de nós, cuidou do Nicolas, das minhas amigas e dá minha mãe quando não cuidei. Cuidou dá minha vida. Estar de volta aos Estados Unidos, na minha casa novamente me faz reviver tudo de uma maneira única e intensa. Abro os olhos devagar, e encaro o mar azul com algumas pessoas sentadas, e alguns pombos na areia comendo migalhas. As ondas batem contra as rochas fortemente causando uma sensação de paz inexplicável. O vento assobia no meu ouvido parecendo uma canção... E as nuvens ficam carregadas parecendo que vai chover a qualquer momento. Cruzo os braços ao sentir frio, e dou um passo para trás observando a paisagem atentamente. Estou feliz por esta na casa da minha mãe, e no meu antigo quarto por onde morei por alguns meses. Como eu amo voltar para o meu país de origem. O cheiro, a cultura, as comidas. Não sabia que um dia isso fariam tanta falta na minha vida. Foi preciso sair da minha zona de conforto para aprender, descobrir, amadurecer e conquistar os meus objetivos. Eu sabia que conseguiria realizar os meus sonhos só não sabia como e quando os realizaria, mas fui atrás, e alcancei tudo, porque sonhar é a única coisa que ninguém pode tirar de nós.
Admiro a paisagem lembrando do dia em que Oliver presenteou esta casa para minha mãe na época em que eu ainda trabalhava em sua empresa. Olho para dentro do quarto devagar, e sorrio ao vê como tudo está em seu devido lugar. Minha mãe fez questão de deixa-lo do jeito que sempre deixei mesmo sem saber o dia que eu voltaria... Lembrar um pouco de tudo despertou um alívio imenso por saber que tudo finalmente acabou. Entro de volta no quarto passando pelas portas da varanda a passos curtos, e observo cada detalhe do meu cantinho quando vejo o retrato que Nicolas me deu em cima da prateleira. A foto me traz lembranças do bons momentos que passamos juntos. A festa em que fomos a noite no condomínio foi muito bom, dançamos de tudo, e bebemos bastante, também. Passo o dedo levemente por cima da foto, e sorrio ao lembrar que ele fez questão de revelar esta foto para fazer uma pequena surpresa. Seguro o retrato com delicadeza entre minhas mãos sentindo meus olhos marejados pelas lembranças. Solto um suspiro, e ponho o retrato de volta na prateleira ao ouvir a porta do meu quarto se abrir.
- Filha?
- Oi mãe. - Olho pra trás emocionada.
- Algum problema? - Ela nota minha emoção, e pergunta preocupada ao entrar no quarto.
- Não. Só estou... Feliz por estar de volta. - Falo dando-lhe um abraço.
- Oh, meu amor. Eu que fico feliz por te-la aqui de novo. Fiquei com tanta saudade.
- Eu também mãe! - Digo.
- Eu te amo tanto. Não consigo imaginar que passou por tanta coisa.
- Não só passei como descobrir coisas também que me chocaram. - eu disse, séria percebendo o seu desconforto. Minha mãe desvia o olhar do meu, e encara o chão, pensativa. O silêncio prevalece entre nós, e cruzo os braços encostando o quadril na cômoda.
- A senhora sabia que Munique era minha irmã, não é? - Pergunto, desconfiada.
- Não quero fala disso agora, filha.
- Custa me responder? É apenas dizer sim ou não. - franzo o cenho.
- Não, não custa responder.- Cris retruca.
- Posso entrar? - Nicolas pergunta enquanto bate na porta colocando a cabeça para dentro do quarto interrompendo a conversa. Dou um sorriso fraco e assinto. Minha mãe da um sorriso gentil, e se aproxima da saída.
- Vou preparar um café. - Ela diz saindo do quarto ligeiramente. Reviro os olhos. Nicolas olha para mim por um instante antes de mim abraçar. E deito a cabeça em seu peito exausta.
- Que cara é essa? - Ele pergunta, ao acariciar o meu cabelo.
- Nada.- Suspiro.
- Está atuando para algum papel?- Ele pergunta me fazendo rir. Passo a mão no rosto.
- Estou chateada por ela não dizer nada desdo dia que voltei. Quero e preciso entender porque minha mãe não contou sobre Munique. Verônica e elas eram melhores amigas... Como se envolveram pelo mesmo homem? Como aconteceu? Por que ela não disse que eu tinha uma irmã? - questionei.
- Ainda não conversaram? - ele perguntou pensativo.
- Não. - Respondi, bufando de raiva.
- Pare de insistir, Ary. Talvez, seja delicado para ela lembrar das dores que passou. Talvez, ela queira contar, mas no tempo dela entende?
- Você tem noção do que isso significa pra mim? A Munique é minha irmã. Irmã de sangue. Como ela pôde ter escondido isso de mim? A mulher que tentou acabar com a vida do Oliver e a minha.- eu disse, em voz alta.
- Ela pode está surpresa também por...
- Surpresa quem está sou eu. - Digo ficando pensativa. Suspiro profundamente.
- Eu acho melhor você parar um pouco com isso. Sei que não é fácil, mas aproveita esse momento, Ary. Você gravou cenas para um filme que já está em lançamento, fez uma novela... Agora está em outra gravação, está reconhecida internacionalmente, e voltou para o seu país. Então foque nisso por enquanto. Tente aproveitar. - Nicolas me abraça apertado, e dou um sorriso de leve ao sentir seu braços me envolverem. Concordei.
- Verdade. - Murmuro.
- Estamos juntos de novo. E nada vai nos separar dessa vez. Não mais. - Nicolas afirma, me carregando. Dou um beijo demorado em sua bochecha.
- Ainda bem porque...- Tento falar quando o seu celular toca me interrompendo. Nicolas me coloca no chão, e tira o aparelho do bolso para atender a chamada.
- Preciso ir, Ary. - Ele aparenta estar um pouco tenso com a ligação. Franzo a testa.
- É tão urgente assim?
- Um pouco. - Ele responde, com um sorriso de lado.
- Tudo bem. - Digo.
- E antes que eu me esqueça. Oliver me pediu para avisa-la que estará na empresa até tarde. O evento beneficente está para acontecer na França, mas parece que eles querem mudar o local... Não sei direito.- Nicolas da de ombros.
- Sério? Se for nos Estados Unidos vai ser muito bom. - Digo, pensativa.
- Concordo, mas como não faço parte do evento não posso opinar. - ele sorrir.
- Mais deveria, vocês estão se dando tão bem. - murmuro.
- Aos poucos as coisas vão se ajeitando. Agora preciso ir. Beijo.- Nicolas se despede me dando mais um abraço antes de sair do quarto rapidamente. Olho para o quarto de novo, e cruzo os braços. Preciso me mudar. Quero ter minha própria casa, apesar de saber que aqui será sempre o meu cantinho nada melhor que ter um lar, e é isso que quero. Talvez eu posso da uma verificada em algumas casas hoje como não tenho nada para fazer por agora. Pego minha bolsa em cima da cama, e coloco os meus documentos antes que eu esqueça. Saio do meu quarto vendo minha mãe dentro do seu quarto mexendo em uma caixa azul em cima da cama um pouco emocionada. Sua fisionomia desperta minha curiosidade, mas não atrevo invadir sua privacidade ou o seu momento, mas preciso avisa-la que vou sair. Então, não tenho muita escolha.
- Mãe? - Pergunto dando duas batidas na porta para atrair sua atenção.
- Vai sair? - Minha mãe pergunta ao notar minha presença.
- Vou. Vai querer alguma coisa? Vou passar na frente da padaria.- aviso.
- Não. Obrigada filha. - Ela responde, sorrindo. Balanço a cabeça positivamente.
- Estou indo então. Beijos. - Falo observando a caixa em seu colo, e me retiro do seu quarto um pouco curiosa. Acho que é coisa da minha cabeça, ela deve ter ficado triste da maneira como falei. Não queria ter sido grossa, mas o meu passado me intriga. Depois falarei com ela. Não quero entristece-la.
Saio de casa fechando a porta atrás de mim quando os ventos balançam os meus cabelos fortemente. Passo a mão no rosto para afasta-los cuidadosamente e me aproximo do portão devagar. Olho para o céu vendo as nuvens carregadas de chuva. Acho que vou me molhar um pouco, mas não tem problema. Não sou feita de papel. Sorrio comigo mesma com esse pensamento que não percebo alguém encostado no meu carro que Oliver me presenteou. Olho na direção da pessoa assustada. Que susto!
- Quem é vivo sempre aparece.- Arthur diz dando risada. E ponho a mão no peito.
- Minha nossa... Você? Quanto tempo. - Falo dando-lhe um abraço ainda um pouco assustada.
- Pensei que tivesse esquecido de mim. - Ele fala enquanto me cumprimenta.
- Por que? - sorrio.
- Agora está famosa.
- Isso não muda nada. É apenas meu trabalho, minha essência continua a mesma, Arthur. - Dou de ombros, sorrindo.
- Agora eu tenho certeza disso. - Ele diz ficando em silêncio.
- Espero que sim.- retruco.
- Desculpa se assustei você.
- Não tem problema. - Dou de ombros.
- Está morando nessa casa ainda?- Ele fala apontando para a casa da minha mãe que fica na praia. Assinto.
- Por enquanto. - Sorrio.
- Entendo.
- Estou de saída agora. Você quer uma carona? - Pergunto.
- Não, não. Obrigado! Vou ficar por aqui mesmo.
- Tudo bem, se vemos por aí.
- Eu espero. Até mais Ariella. - Aceno com um sorriso no rosto. E entro no carro fechando a porta quando a chuva começa a cair rapidamente molhando o Arthur por completo. Olho pelo retrovisor vendo ele correr, e desvio o olhar assim que ligo o carro.
- Não sei por onde começar... Qualquer casa que tiver em venda vou conferir. - murmuro.
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LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔
Roman d'amourAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME. Obra registrada na Biblioteca Nacional. TERCEIRO LIVRO DE ARIELLA. # É necessário ler o segundo livro # Depois de um passado doloroso. Ariella aceitou sua nova jornada de cabeça erguida, e se arri...