Ariella Young
Entro no restaurante ao lado do Nicolas conversando sobre o assunto da Kátia. Quando a vi no banheiro no dia que fui ao restaurante sozinha jamais passou pela minha cabeça a hipótese que ela poderia ser a ex-namorada do Oliver, pois eu nunca vi uma foto dela. Não a conhecia, então isso era impossível adivinhar ou suspeitar.
Caminho em direção a primeira mesa e sento devagar olhando ao redor. Nicolas senta na minha frente com um sorriso nos lábios. Ponho o celular sobre a mesa e passo a mão no rosto pensativa. Quando descobrir quem era de fato a moça da identidade contei tudo para Nicolas durante o percurso inteiro. Falei nos mínimos detalhes desde como a conheci e o que presenciei.
- Se for mesmo a Kátia... - suponho.
- É ela. - ele afirma, sem incertezas.
- Eu não a conheço, por isso que eu não sei. Agora, pude perceber o sofrimento através do olhar, os hematomas, o desespero, o medo... Ainda mais quando ouviu a voz de um homem. Ela deve sofrer agressão física e psicológica. Meu Deus, Nick! Fiquei tão assustada, sabe? As mulheres precisam ser respeitadas, valorizadas, amadas... Por que existe tamanha violência? - pergunto-me entristecida.
- É triste. Não imaginei que ela estivesse passando por isso. - Nicolas comenta, pasmo.
- É horrível! Infelizmente não terei como devolver sua identidade, não temos o endereço da sua residência muito menos o contato dela. De alguma forma queria ajuda-la, mas não fiz nada. - desabafo, pensativa. As cenas do dia que a conheci invadem como um flash na minha cabeça.
- Não se culpe, Ary. Só em você ter dado o seu número já foi uma grande ajuda. - Nicolas da um sorriso compreensivo.
- Eu a deixei partir prevendo o risco que ela poderia está passando, era perceptível o seu sofrimento. Poderia ter feito diferente... Não sei. Me sinto arrependida. Imagine, descobrir que ela está morta? Como acha que vou me sentir sabendo que poderia ter evitado? - Pergunto, demonstrando tristeza.
- Preste atenção, Ary. Pare de se culpar, ninguém prevê o futuro, não sabemos o que vai acontecer com o próximo ou até mesmo com a gente. Foi inesperado presenciar essa situação. Você não tinha reação e não esperava o que de fato estava acontecendo. Se envolver ou querer tentar ajuda-la poderia te colocar em perigo. Nessas horas todo cuidado é pouco. A polícia precisa resolver isso e não você. Pare de se culpar. - Nicolas aconselha, me olhando com ternura.
- Tem razão... Se eu tivesse feito alguma coisa iria agir de forma precipitada e as coisas poderiam ter ficado piores. - Concordo, pensando nessa hipótese.
- Exatamente. Você deu o seu número para ela, suponho que foi de extrema ajuda. Acredite. - ele acrescenta.
- Se ela não jogou o papel fora, sim. Porque pode acontecer. - eu disse.
- Verdade.
- Tenho vontade de devolver a identidade dela. - aviso, passando a mão no rosto aflita.
- Como pretende fazer isso? Será difícil encontrá-la. - Nicolas pergunta, enquanto da uma olhada no cardápio digital que fica em um tablet que já vem instalado na mesa para o cliente fazer o próprio pedido sem se preocupar em chamar o garçom.
- Não vou encontrá-la, ela que vai. Se ainda tiver meu número irá me ligar, não é? - Perguntei convencida com as minhas próprias palavras.
- Só me prometa uma coisa. Se a Kátia ligar não vá a esse encontro sozinha. Me chame para acompanha-la ou até mesmo o Oliver. Isso é perigoso, Ary. - Sua expressão de tranquilidade da lugar a preocupação. Abro um sorriso amigável e toco em sua mão.
- Não se preocupe. Eu jamais iria sair sozinha para encontra-la. - respondo, cruzando os dedos em sua frente em gesto de promessa. Ele rir com a cena, e ergue uma das mãos para o garçom que se aproxima atencioso, logo em seguida.
- Posso ajudá-los? - o rapaz pergunta, olhando para o tablet na mesa.
- É que eu não encontrei aqui o Cogumelo Matsutake. - Nicolas explica apontando para a lista do cardápio.
- Fica nessa opção, Senhor. O cardápio foi atualizado, me desculpe por não informá-lo. - disse garçom, mexendo no tablet devagar para mostrá-lo.
- Vai querer esse prato, Ary? Cogumelo de entrada? - seus olhos me fitam com um sorriso nos lábios. Nego com a cabeça de imediato.
- Não! - respondo quase em desespero, fazendo o garçom da risada.
- Não gosta? É uma delícia querida. - Nicolas pergunta, com as sobrancelhas arqueadas.
- Nada que tenha cogumelos ou caracóis, por favor. Não! - suplico, aos risos.
- Bom... Deixa eu ver... Esse aqui... De entrada vamos querer Buffalo Wings.- Nicolas responde, apontando para o nome que aparece no visor do tablet. Faço uma careta de nojo. Que porra é essa de Buffalo? Pelo visto, tenho que visitar mais os restaurantes. Não conheço tantos pratos assim. Meu Deus!
- O Senhor pode fazer o pedido no próprio tablet. Isso inclue o pagamento também. Qualquer dúvida é só me chamar. - O garçom explica antes de se afastar em direção a cozinha.
- Obrigado! - Nicolas agradece, com um sorriso simpático.
- Por incrível que pareça acho que nunca provei isso, Nick. Búfalo de quê?- Pergunto em um sussurro o fazendo rir. Ele me olha dando gargalhadas.
- Mesmo tendo a palavra búfalo, não tem nada haver com o prato, Ary. É apenas uma porção de asas de frango fritas acompanhadas com um molho opcional de vários sabores, fica a preferência do freguês escolher um de sua preferência. Eu prefiro o apimentado. - Nicolas avisa, passando a língua nos lábios com uma cara de desejo só em falar do molho. Sorrio, batendo em seu ombro levemente. Volto a olhar o cardápio digital pensativa.
- Ótimo! Vou querer esse também.- respondo, decidida.
- Já pedi. - ele dá uma piscada de olho para mim. Assinto. Passo a mão no cabelo e olho ao redor quando um vejo um casal comer uma comida que contém caracóis. Logo lembro da cena que passei em um restaurante na França. Começo a rir copiosamente atraindo atenção do Nicolas que me olha sem entender. Tampo a boca com as duas mãos e tento reprimir a risada.
- O que foi? - ele pergunta, sorrindo.
- Preciso te contar a vergonha que passei na França. A primeira vez que sair com Oliver, após o nosso reencontro... Fomos para um restaurante e ele pediu Escargot. Não fazia ideia que porra era aquela, mas fingir que sabia e aceitei comer na hora. Nick, meu Deus do céu, que vergonha eu passei... Por Deus! Quando olhei para o prato e vi os caracóis, só queria vomitar. Tentei fazer a mulher fina, elegante na frente dele, mas não deu. Queria me enfiar em um buraco para me esconder. - eu disse, o fazendo da gargalhada sem parar. Algumas pessoas que estão a nossa volta olham para nossa direção devido a risada do Nicolas e abrem um sorriso amigável mesmo sem saber o motivo da risada.
- Você é doida, Ary. - Ele disse, aos risos.
- Cada dia que passa tenho certeza disso. - Confesso, balançando a cabeça positivamente quando meu celular toca em cima da mesa atraindo minha atenção.
- Deve ser Oliver. - Nicolas comenta, sem olhar para o visor. Dou de ombros.
- Não, acho que não. É um número desconhecido. - eu disse, pensativa.
- Será que é a Kátia? - Nicolas pergunta em tom de brincadeira, e faz um olhar de suspense para mim. Por um momento acredito na sua hipótese, mas seria muita coincidência falar dela e a mesma me ligar. Sinto um frio na barriga e atendo a chamada rapidamente sem reconhecer o número.
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LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔
RomanceAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME. Obra registrada na Biblioteca Nacional. TERCEIRO LIVRO DE ARIELLA. # É necessário ler o segundo livro # Depois de um passado doloroso. Ariella aceitou sua nova jornada de cabeça erguida, e se arri...