#CAPÍTULO 49#

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Oliver Walker

Entro no hospital em um ritmo frenético, com o coração acelerado e a mente cheia de apreensão. Estou em busca do Jeff, que já me aguarda ansiosamente em pé diante da recepção. À medida que me aproximo, noto as mudanças em sua expressão facial ao me ver.
Rezo para não receber notícias devastadoras. Não estou preparado para ouvir que minha mãe faleceu ou que seu estado de saúde piorou irreversivelmente. Respiro fundo, tentando me preparar emocionalmente antes que Jeff comece a falar.
- Como ela está? -  pergunto, sentindo a tensão aumentar enquanto observo a recepcionista ajeitar o decote, lançando-me um olhar insinuante.
Ignoro completamente sua tentativa de flerte. Não estou interessado em paquerar ou envolver-me com alguém. Minha mente está focada exclusivamente em minha mãe e na situação crítica em que ela se encontra.
- Não sei ao certo... - Jeff responde com um olhar abatido. - Ela não conseguia comer por causa da doença, e quando a encontrei, já estava desmaiada no chão da sala.
A tristeza em seu rosto só aumenta minha angústia, enquanto absorvo as palavras e tento manter a compostura diante dessa situação desesperadora.
Assinto com a cabeça e coloco as mãos nos bolsos da calça, tentando disfarçar a ansiedade.
- Qual quarto? - pergunto, minha preocupação evidente na voz.
- Quarto cinco, no segundo andar, chefe - responde ele.
- Okay! - agradeço ao meu segurança por ter trazido minha mãe ao hospital com tanta urgência. Em seguida, me retiro da recepção e sigo rapidamente em direção ao elevador. Enquanto espero as portas se abrirem, pego meu celular e vejo que já são dez e meia da noite. Lembro-me do lenço que vi na mão do Erick e da informação que ele me deu, dizendo que Ariella estaria em uma pizzaria com um rapaz. Normalmente, eu não acreditaria nele, mas hoje à tarde realmente a vi no bar com Felipe. Então, dessa vez, darei crédito ao Erick.
As portas do elevador se abrem, e para minha surpresa, vejo Apolline saindo, logo após uma idosa.
Cerro a mandíbula, sentindo a tensão crescer.
- O que faz aqui? - pergunto, esperando ansiosamente por sua resposta.
- Uma consulta - ela responde, começando a se afastar rapidamente, evitando conversar comigo. Fico confuso com sua reação ao me ver. Por que me ignorou? Continuo a observá-la enquanto ela se dirige para a saída sem dizer mais nada. Que estranho.
Entro no elevador, meus olhos fixos nela até as portas se fecharem por completo. Passo a mão no rosto, frustrado, e permaneço parado, sentindo um nó no estômago.
Finalmente, chego ao andar onde minha mãe está internada e saio do elevador apressadamente. Noto uma recepção no centro do andar, que informa aos pacientes sobre a localização dos consultórios. Olho em volta, procurando a porta com o número cinco, e logo a encontro.
Paraliso. Sinto um medo avassalador me corroer por dentro. Não quero vê-la nesse estado, mas sei que preciso estar presente, independentemente da situação em que ela se encontre. Com mãos trêmulas, abro a porta com cautela, mal conseguindo segurar a maçaneta com firmeza.
Vejo minha mãe deitada na cama, rodeada por vários aparelhos. Fico parado por um tempo indefinido, apenas encarando-a, sem saber o que fazer ou como lidar com a dor que sinto.
É um misto de desespero e tristeza ao mesmo tempo, ao sentir que talvez ela não saia desse hospital com vida. Porra! Isso está acabando comigo. É uma tristeza insuportável vê-la desse jeito.

Dou um passo em sua direção, observando seus olhos fechados, que demonstram uma tranquilidade enganosa. Parece que está dormindo bem, sem dor alguma, o que me traz um pequeno alívio. Aproximo-me com cautela e levanto a mão para tocar seu rosto, mas algo me impede. Fico parado, tentando tocá-la, mas as lembranças de encontrá-la naquele prédio com um semblante triste, pálida e magra me afetam tanto que, sem perceber, minhas lágrimas começam a escorrer copiosamente.
Finalmente, toco em seu rosto com delicadeza, esperando que seus olhos se abram e encontrem os meus, mas isso não acontece. Sei que ela está viva por causa de sua respiração, mas vê-la imóvel me assusta. Ouço a porta se abrir e, sem hesitar, passo as mãos no rosto para enxugar as lágrimas.

LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora