Oliver Walker
A noite se intensifica com uma rajada de vento forte, um aviso de que a chuva pode começar a qualquer momento. Sento em um banco de praça deserto, observando os carros que passam em alta velocidade e as poucas pessoas que caminham sem pressa, seguindo para seus destinos. Apoio os cotovelos sobre os joelhos e enterro o rosto nas mãos, enquanto minha mente vagueia pelos últimos acontecimentos. Parece que tudo desmoronou ao meu redor, e às vezes me pergunto se as coisas podem ficar ainda piores. Puta que pariu! Já não tenho paciência para nada.
Inclino-me para trás, encostando-me no banco, quando os primeiros pingos de chuva começam a cair, escurecendo as nuvens no céu. O clima parece refletir exatamente o que sinto por dentro. Minha mãe faleceu, e agora o tempo está tão sombrio quanto eu. Respiro fundo, ignorando o fato de que estou começando a me molhar. O cheiro da terra molhada invade o ar enquanto vejo as poucas pessoas ao redor correrem para se abrigar da chuva. Eu, no entanto, continuo ali, imerso nos meus pensamentos, sem me importar com a chuva que encharca minhas roupas.
Olho para os meus sapatos, já encharcados pela grama molhada, e penso nas coisas que aconteceram recentemente. Apolline está esperando uma filha minha; Karine continua desaparecida; meu relacionamento com Ariella acabou; um lunático enviou um dedo decepado para minha empresa; e agora, o falecimento da minha mãe. Como se lida com tudo isso? Deixo a chuva me envolver, decidido a não me importar com nada hoje.
Meu celular vibra no bolso, me tirando do transe. Puxo o aparelho e vejo o nome de Nicolas no visor. Ele já deve saber sobre a morte da minha mãe. Atendo a ligação, sem ânimo.
**Ligação ON.**
- Oi, Nicolas! - digo, desanimado.
- Meus pêsames, Oliver.- ele responde, com a voz carregada de tristeza.
- Obrigado! - murmuro, deixando o silêncio se estender entre nós. Ele sabe o que nossa família passou, como lidamos com a traição...
- Oliver...
- Me diz uma coisa... Você sabia desde o início que foram meu pai e sua mãe que tiveram um caso? - pergunto, arqueando as sobrancelhas.
- Por que está me perguntando isso agora? Já se passaram tantos anos.- Nicolas responde, confuso.
- É... Meu pai me fez acreditar que foram minha mãe e o Logan que cometeram a traição. Descobri a verdade antes de minha mãe falecer. Carreguei essa raiva por tanto tempo, sem motivo.- confesso, fechando os olhos ao lembrar da discussão acalorada que tive com meu pai no escritório da empresa.
- Porra! Sério que... Nossa! Pensei que você soubesse a verdade.- Nicolas parece genuinamente surpreso, alterando a voz.
- Preciso desligar.- aviso, sem ânimo para continuar a conversa.
- Onde você está? - ele pergunta, preocupado. Dou um sorriso fraco.
- Se eu quisesse companhia, teria avisado até mesmo para a Camilla.- respondo, ouvindo a risada dele do outro lado da linha.
- Se cuida, Oliver. Se precisar conversar, estarei em casa. Tchau!- Nicolas se despede com um tom amigável.
- Okay! Tchau... - digo, encerrando a chamada. Suspiro profundamente, guardando o celular de volta no bolso.**Ligação OFF.**
Passo a mão no rosto, sentindo a água escorrer pela pele. Decido que é melhor não ficar ali parado, tentando digerir tudo o que aconteceu. Não vai me ajudar. Preciso ocupar minha mente com algo, qualquer coisa que possa afastar esses pensamentos. Levanto do banco, decidido a ir embora. Coloco as mãos nos bolsos da calça e sigo em direção ao meu carro.
- Senhor Oliver? - uma voz feminina soa atrás de mim, me fazendo parar. Por um momento, penso que estou imaginando coisas ou que enlouqueci, mas, ao olhar por cima do ombro, vejo uma mulher com feições coreanas. Seus cabelos longos e lisos estão molhados, e ela veste um blazer escuro e uma calça preta, segurando um guarda-chuva.
- Eu a conheço? - pergunto, franzindo o cenho. Não faço ideia de quem seja, mas se for mais uma das mulheres com quem já estive, não estou interessado em ouvir declarações de amor ou promessas de encontros futuros.
- Desculpe abordar o senhor assim, mas sou jornalista e estou trabalhando em um caso. Soube do que aconteceu na sua empresa.- ela se apresenta de forma direta e clara.
- Não aconteceu nada na minha empresa. Você está equivocada.- informo, já irritado com a abordagem.
- O senhor não é o empresário Oliver Walker, da empresa chamada...
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LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔
RomanceAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME. Obra registrada na Biblioteca Nacional. TERCEIRO LIVRO DE ARIELLA. # É necessário ler o segundo livro # Depois de um passado doloroso. Ariella aceitou sua nova jornada de cabeça erguida, e se arri...