#CAPÍTULO 28#

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Ariella Young


Guardo o celular dentro da minha pequena bolsa dourada, após conversar com a Lucy sobre o seu relacionamento. Fui pega de surpresa para ser sincera, pois eu não tinha conhecimento nenhum que ela estava em uma relação. Entendo o lado dela de querer primeiro conhecê-lo para depois nos apresenta-lo. No início fiquei sem reação, porque ao aceitar a ligação só conseguir ouvir seu choro. Só depois que ela se acalmou foi que soube da situação.
Oliver se aproxima, enquanto mexe em seu celular e olha para o seu carro assim que destranca todas as portas. Sei que está indo contra a sua vontade e por mais que eu peça para me explicar o que de fato aconteceu com o rapaz que ele insiste ter matado, sei que não me contará por ainda afeta-lo. Abro a porta devagar, e sento no banco do carona ao seu lado. Ajeito o meu vestido e coloco o cinto de segurança. Tiro o meu celular de dentro da bolsa e dou uma olhada na rede.
- Poxa, aqui não tem internet? - pergunto ao abrir a configuração do aparelho para olhar se tem algum wi-fi sem senha por aqui.
- Olha o lugar que você está, querida. Na fazenda daqui não tem casas próximas e o trânsito aqui são as árvores. - Oliver me dá um sorriso de canto.
- Pensei que pelo menos um wi-fi teria. - dou de ombros.
- Tenho internet no meu celular, posso compartilhar. - ele avisa tirando seu iPhone do bolso. Arregalo os olhos.
- Por que não me disse antes? Tem como parear comigo? Claro que tem, me fale a senha. - eu disse já respondendo por ele com entusiasmo.
- Aqui. - ele avisa me entregando seu aparelho já desbloqueado. Abro a opção de configuração para encontrar o roteador e vou passando o dedo nas opções que aparecem.
- Percebi que você estava preocupada quando falava ao celular. - Oliver comenta, sem deixar para trás a sua curiosidade.
- Foi a Lucy. - afirmo, pensativa.
- Ela está bem? - Oliver pergunta de imediato demonstrando preocupação. Nego com a cabeça e abro um sorriso.
- Na verdade, depois de conversar comigo acho que está bem.- Dou um sorriso de leve colocando a senha do seu wi-fi. No momento em que meu celular fica conectado com a sua internet começo a receber várias mensagens que chegam de uma só vez. A primeira que vejo é o das minhas amigas brasileiras que mandaram muita coisa para o grupo. Sinto tanta falta de cada uma. É um amor incondicional. Uma amizade para vida toda. Nossa! Faz tanto tempo que não as vejo.
Abro o aplicativo do whatsapp com um sorriso nos lábios, e devolvo o celular para Oliver quando seu wi-fi finalmente conecta com o meu.

Grupo: "Pra toda a vida"
Faby (17:58) - Amiga, está tudo certo para essa viagem, viu? Agora só depende da sua confirmação.
Isabel (17:58) - Eu também, Ari! Estou tão empolgada que não paro de pular de alegria aqui em casa kkkkkkkk
Kayle (17:58) - Que freira assanhada.
Caroline (17:59) - Kkkkkkkkk Deixa Isabel, coitada.
Isabel (18:00) - Você ainda insiste em me chamar de freira, me ame menos Kayle kkkkkkk
Kayle (18:00) - Por que será Isabel? Por que será que te chamo assim?
Isabel (18:00) - Me ame menos... Você está me amando demais kkkkkkkk
Kayle (18:00) - Só não mando um emoji com o "dedo" do meio, porque aqui no meu celular não tem.
Faby (18:01) - Só o seu whatsapp que não tem, todo mundo tem emoji de dedos no celular, Kayle kkkkkkk
Caroline (18:01) - Também acho kkkkk
Kayle (18:01) - Vão a merda... Vão.
Isabel (18:01) - kkkkkkkkk
Ariella (18:03) - Vocês falam rápido demais. É muita conversa... Vejam bem, estou viajando agora e tenho gravações de um filme para fazer, mas vocês já podem se preparar para viajarem.
Kayle (18:03) - Já nasci preparada, Ariella... Sou a Kayle e não a Isabel.
Isabel (18:03) - Começou...
Caroline (18:03) - Tudo bem, amiga.
Faby (18:03) - Não vejo a hora de viajar...

Meu celular vibra novamente informando que tenho outra mensagem. Deslizo a barra da notificação para baixo vendo que é uma mensagem do Nicolas Collins. Confesso que fiquei afastada dele durante esses tempos. Não o visitei, não liguei. Não o procurei. Para ser sincera comigo mesma, desdo dia que me aproximei do Oliver essa distância se tornou cada vez maior. Isso não pode acontecer, só que as coisas acontecem sem que eu perceba, vou me distanciando sem notar que estou deixando os meus amigos de lado.
Não, não... Nicolas esteve comigo em todos os momentos da minha vida, me distanciar dele é totalmente injusto. Eu o amo com toda força, é meu melhor amigo, meu irmão e não posso sumir dessa maneira.
Lembro-me que na época eu ficava enchendo a paciência dele com o assunto de namoro. Jamais iria me conformar se ele mudasse nossa amizade por alguém... Cobrei tanto sobre essa questão que estou agindo da maneira que eu mais temia que Nicolas fizesse comigo. Tínhamos muito dengo, amor e carinho que tínhamos um pelo outro, uma proteção absurda que agora parece que tudo está se desfazendo. Isso não pode acontecer. Pensar em como nossa relação está agora me deixa muito triste.
É como se eu tivesse o "abandonado" sem perceber. Não vou me perdoar nunca se ele estiver pensando assim também. A amizade que tenho com Nick é minha vida. Ele é tudo para mim. Eu sei que não me mantive presente na vida dele, das minhas amigas do Brasil, da Lucy e a Ivy durante esses últimos dias até porque eu tenho uma vida também. Dei minha atenção inteira para Oliver. Não que a culpa seja dele, mas eu mesma que me distanciei sem perceber. Antigamente, Nicolas e eu vivíamos grudados quase vinte e quatro horas por dia e hoje não nos falamos muito. Oliver e eu ainda não estamos "namorando", não sei nem definir o que nós temos, porém estou dando mais atenção para ele e deixando os meus amigos de lado, essa é a realidade. Não... Não pode ser assim. Preciso viver os detalhes, aproveitar todos que eu amo também. É nas pequenas coisas que vemos a importância de algumas pessoas nas nossas vidas e que nos pequenos detalhes que tiramos grandes lições. Serei sempre grata pelo que Nicolas fez por mim. Se não fosse o seu ombro de ajuda não teria forças para aguentar o que passei. Meu Deus! Como ele faz falta. A sua presença, a sua ligação, sua voz, seu perfume, seu sorriso... Nossa!
Dessa vez, a culpa está sendo minha. É preciso valorizar o presente e não quando tudo simplesmente passar. É preciso reconhecer os bons momentos agora e não deixar para reconhece-los quando tudo virar somente lembranças, pois os bons momentos não podem voltar. Serão sempre lembranças. Hoje eu sei que não
importa quem entra nas nossas vidas, a amizade permanecerá. Nas decepções, derrota ou na alegria eles sempre estarão lá por nós e...
- Ariella? - Oliver me chama com um tom de voz alto. Pisco os olhos por diversas vezes para me despertar dos devaneios.
- Oi! O que foi? - pergunto, olhando em volta para ver já se chegamos ao casamento.
- Está sentindo alguma coisa? - seus olhos permanecem fixos na estrada.
- Não, está tudo bem. Só estava pensando em algumas coisas. - Dou de ombros, vendo que ainda estamos a caminho da festa.
- Seus olhos estão lacrimejados. - Oliver comenta dando uma olhada rápida para mim. Passo a mão depressa nos olhos para não manchar minha maquiagem, e abro um sorriso fraco depositando a mão esquerda na sua perna.
- São apenas lembranças boas. - eu disse, pensativa. Oliver assente, com o semblante sério.
- Essa lembrança tem haver com o Nicolas? - Oliver pergunta, olhando para o meu celular rapidamente. Sigo o seu olhar percebendo que deixei a mensagem do Nick aberta. Leio em pensamento.

LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora