#CAPÍTULO 42#

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Ariella Young

Não sei quanto tempo fiquei parada ao lado do Oliver observando o mar. Tentei de alguma forma acalma-lo porque ele realmente ficou devastado, e muito mal com essa descoberta, fiquei até preocupada. A todo momento que ele suspirava fortemente mantendo os olhos fechados, eu ficava em alerta. Parecia que ele iria desmaiar a qualquer momento. Assim que o vi se afastar da praia em direção ao seu carro, fiquei sem saber o que fazer, mas mesmo assim o seguir tristonha.   
Agora o observo sentado no banco do seu carro. É um assunto tão delicado, tão triste que a única vontade que tenho é de reverter toda situação, mas não dá. Ela está muito doente e infelizmente é uma doença muito difícil. Eu não fazia ideia do que estava por vim, pensei que seria tudo mais leve e mais fácil. Pensei que iria teria uma conversa tranquila com a Clara. Uma conversa sem choro ou tristeza. Pensei que sairia daquele prédio sorrindo, mas não... Estou chateada comigo mesma por ter escondido isso. Talvez, se eu tivesse contado seria muito mais fácil. Não sei. Mando mensagem pra Isabel conduzir meu veículo, e expliquei que iria acompanhar o Oliver.
Solto um suspiro enquanto encaro a janela observando o movimento das ruas. Ele dirige o carro em silêncio, permanecendo calado o percurso inteiro. Encarei mais uma vez o meu celular vendo Isabel mandar mensagem perguntando como estou. Peço para ir direto para casa já que vou seguir o Oliver para onde ele for agora.
 
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    Não demorou muito para chegarmos na empresa. Insistir o caminho inteiro para dirigir no lugar dele, mas o mesmo preferia assumir o volante para manter a cabeça ocupada. A todo momento me perguntava por que ele foi embora do apartamento sem a mãe, pensei que não fosse atender o pedido dela. O motor é desligado, e a chave é retirada. Oliver estaciona o carro de qualquer jeito e se livra do cinto de segurança depressa. Dou uma olhada rápida no retrovisor vendo Isabel parada do outro lado da rua a minha espera. Mulher teimosa, sabia que não iria me deixar sozinha nessa situação. Sorrio por tê-la comigo.
- Ei... - abro a boca para dizer alguma coisa assim que o vejo se mover para sair do carro.
- Não quero falar sobre isso agora. - ele me encarou entristecido. Concordei. Abro a porta em silêncio e saio do carro com um semblante triste. Observo o edifício por alguns segundos.
- Por que veio para a empresa? Deveria ir para sua casa descansar.- Perguntei, me aproximando dele. Seu olhar encara o chão.
- Tenho que falar com o meu pai. - Oliver responde, com rudeza.
- Não precisa fazer isso agora. Está com a cabeça quente. - Tento fazê-lo mudar de ideia. Por mais que William esteja errado por estender essa mentira até agora, esse não é o momento ideal para se resolver as coisas. É preciso respirar, deixar passar a raiva para depois conversar.
- Já perdi tempo demais acreditando nessa mentira. Depois nos falamos. - ele avisa, se distanciando de mim. Não vou cobrar a sua despedida. Sei que ainda continua chateado comigo e não tiro sua razão. Eu errei e tenho consciência disso, porém fiz por uma boa causa. O observo caminhar em direção a entrada da empresa com as mãos enfiadas dentro do bolso da calça sem olhar para trás. Cruzo os braços e continuo a olhar até vê-lo sumir da minha vista. Sinto alguém se aproximar de mim. Pela fragrância, sei que é a Isabel.
- Você não faz ideia do que aconteceu, amiga. - Murmuro, tristonha fechando os olhos fortemente.
- Vamos para a casa, você me conta no caminho. - disse Isabel, com os braços em volta do meu pescoço.
- Tudo bem.
[...]

Oliver Walker

Abro a porta do meu escritório vagarosamente sentindo minha cabeça latejar a cada passo. Tentei esconder meu rosto para que ninguém me visse nesse estado, mas foi quase impossível. Sempre quando chego as pessoas me encaram como se nunca tivessem me visto antes. Não queria demonstrar minha fraqueza ainda mais no meu local de trabalho, mas não tive muita escolha.
   Entro no banheiro do escritório e me olho no espelho. Não gosto do que vejo. Meus olhos se encontram avermelhados, pequenos e  inchados por causa do choro. Faz muito tempo que não me vejo assim. Muito tempo mesmo. Passei quase a minha vida inteira sem a presença da minha mãe, a culpei por tudo e agora descubro que tudo não passou de uma mentira do meu próprio pai. Droga! Me apoio na pia lembrando da forma como a encontrei. Sua aparência me chocou e mesmo assim a tratei com frieza por causa das coisas que meu pai disse para mim. Acreditei nas suas mentiras.  Ligo a torneira enfurecido e molho meu rosto quando o telefone toca em cima da mesa. Deve ser a Lucy para avisar sobre alguma reunião. Bufo. Saio do banheiro arrasado e sem hesitar atendo a ligação.

LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora