Oliver Walker
Enquanto dirigia em direção ao orfanato, liguei o som do carro. O ar-condicionado começou a soprar suavemente quando fechei as janelas e a música "Perfect" de Ed Sheeran começou a tocar. Diminuí o volume para que não ficasse alto demais, especialmente porque a chuva começou a cair forte, fazendo com que as pessoas corressem pelas ruas, buscando abrigo em suas casas ou em estabelecimentos próximos.
"Ah, merda!", murmurei ao virar a curva, tentando encontrar um caminho alternativo que me permitisse chegar mais rápido. Mas logo adiante, fui forçado a parar diante de um engarrafamento. A chuva só piorava, e o trânsito se transformava em um longo congestionamento. Liguei o limpador de para-brisa para afastar o excesso de água, enquanto observava as ruas à minha volta. De repente, percebi onde estava. Era o mesmo lugar onde atropelei Ariella. Foi aqui que nos conhecemos.
Em um piscar de olhos, minha mente voltou àquele dia.
Lembrei-me de vê-la caída no chão após a batida, gemendo de dor. Seu celular e fones de ouvido estavam jogados ao seu lado. Havia uma aglomeração de curiosos e o som dos carros ao redor era ensurdecedor. Quando me agachei para ajudá-la, nossos olhos se encontraram, e foi a partir daquele momento que nossas vidas se entrelaçaram.
Passei a mão pelo rosto, tentando afastar os pensamentos sobre ela. Nunca imaginei que a veria de novo, que nossos caminhos se cruzariam outra vez. Mas então, lá estava ela na França, naquela festa do Lucky, deslumbrante. Ver Ariella trouxe de volta todos aqueles sentimentos que eu havia tentado enterrar. O amor que ainda sentia por ela me enlouquecia. Eu poderia ter qualquer mulher, mas nenhuma chegava aos pés dela. Ela marcou minha vida de um jeito que não sei explicar. Apesar de tudo, Ariella era especial e sempre seria. Ela me decepcionou profundamente, e talvez tenha sido por amá-la tanto que me feri. Agora, porém, acabou. Foda-se.
Com esses pensamentos, tirei o celular do bolso da calça e desbloqueei a tela, percebendo que ainda estava preso no engarrafamento. A chuva continuava a cair forte lá fora. Disquei o número de Anastácia, que atendeu no primeiro toque.
- Anastácia...- comecei.
- Oliver! Estou tão feliz que ligou.- disse ela, entusiasmada.
- Bem... Estou ligando para avisar que estou indo visitá-los. Como estão as crianças? - perguntei, observando os carros começarem a se mover após meia hora parados. Pisei no acelerador, mas logo fui forçado a reduzir a velocidade novamente.
- As crianças estão felizes. Hoje teremos uma festa à fantasia. Estamos montando as luzes. Elas vão adorar vê-lo aqui.- respondeu Anastácia, animada.
- A festa é hoje? Esqueci completamente. Inferno! Estou vestindo roupa social. Não dá para comprar nada agora, estou preso nesse trânsito terrível.- respondi, irritado por não estar vestido de forma adequada para a festa. Sou um cara reservado, não demonstro meus sentimentos facilmente, mas com as crianças é diferente. Com elas, eu me entrego completamente, sem me importar.
- Não se preocupe, Oliver. Sua presença é o mais importante. Não precisa se preocupar com fantasia.- disse ela, fazendo-me sorrir de canto.
- Mas vou dar um jeito.- respondi, enquanto olhava as lojas na rua, tentando encontrar alguma fantasia.
- Até daqui a pouco.- disse Anastácia, sorrindo.
- Até, Ana! - encerrei a chamada.
Ligação OFFJoguei o celular no assento do carona, os olhos atentos a cada loja enquanto procurava desesperadamente por uma que vendesse fantasias. Os carros começaram a se mover novamente, e aproveitei o momento para estacionar na frente de uma casa que não tinha garagem, certificando-me de não obstruir a entrada ou saída do morador. Sinalizei para a esquerda, manobrando o carro com cuidado, atento ao retrovisor. O motorista atrás de mim piscou os faróis, dando sinal para que eu pudesse dar ré com segurança. Aproveitei o espaço na rua, engatei a marcha e estacionei o carro na vaga livre.
Desliguei o carro, decidido a vasculhar todas as lojas abertas, sem me importar com marcas ou preços. Hoje, essas preocupações não tinham lugar. Tirei o terno apressadamente para evitar que se molhasse e puxei o casaco preto do banco traseiro. Lá fora, o frio parecia intenso, e enquanto vestia o casaco, ouvi uma batida na janela. O insulfilm escuro impedia que quem estava do lado de fora visse o interior do carro.
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LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔
RomanceAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME. Obra registrada na Biblioteca Nacional. TERCEIRO LIVRO DE ARIELLA. # É necessário ler o segundo livro # Depois de um passado doloroso. Ariella aceitou sua nova jornada de cabeça erguida, e se arri...