#CAPÍTULO 61#

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Ariella Young

O dia seguinte, amanheceu com sol. Os pássaros não pararam de cantar assim que a luz do dia clareou o meu quarto. Acordar com essa melodia é maravilhoso. Aproveitei que o dia estava assim e fiz uma faxina inteira na casa. Limpei o meu quarto inteiro, o closet, o banheiro, a sala... Limpei tudo, pois a casa já precisava de água. Brincadeira! Mas precisava da uma limpada. Neste momento, cozinho ao lado da Faby uma comida típica do Brasil que se chama "Comida Baiana", na verdade estou aprendendo, pois não sei como se faz. Quando estive no Brasil com o Nicolas experimentei cada coisa deliciosa, mas a comida baiana conquistou o meu coração. Eu particularmente, amei. O Brasil tem comidas típicas maravilhosas, é impossível descreve-las. Lavo as mãos na pia assim que Kayle entra na cozinha a procura da vassoura para limpar a parte externa da casa. Aponto para o canto esquerdo da cozinha para mostrar a vassoura.
- Nem tinha visto, amiga. - Kayle fala, me dando língua. Faby segura a colher para mexer a panela do vatapá como os brasileiros costumam fazer e me olha com advertência.
Ergo os braços para cima em gesto de redinção.
- O que foi que eu fiz? - pergunto, aos risos.
- Vocês duas precisam sair da cozinha. Essa comida tem suas superstições e eu acredito nelas. - Faby explica, impaciente.
- O que seria? Vocês nunca me falou sobre isso no Brasil.- Pergunto, curiosa. Kayle começa a rir.
- Se tiver mais alguém perto da pessoa que mexe o vatapá ou se você mexer no lugar de outra pessoa que já estava mexendo o vatapá desanda. - Kayle explica, gesticulando. Ergo as sobrancelhas.
- Desanda? O que é isso? - pergunto, confusa.
- Fica ruim. - ela responde, sorrindo.
- Eu acredito nisso. Saíam daqui! Não quero perder o vatapá. - Faby grita, jogando um pano branco que enxuga os  pratos em emim.
- Tudo bem, master chefe. Já estou saindo.- aviso, erguendo as mãos no ar de novo. Ando até a parte externa da casa junto com a Kayle e encontro Carol molhando o jardim. Olho para o céu admirando-o quando sinto alguém me abraçar por trás carinhosamente.
- Pensativa? - Isabel fala cantarolando  sorrio.
- Sim! Não tem como deixar de pensar nele. - murmuro, tristonha.
- Se refere ao Oliver? - ela pergunta, sorridente.
- Não... Me refiro ao celular. - assim que termino de responder. Isabel solta uma gargalhada alta me dando um leve empurrão.
- Sua louca. - Ela da risada.
- Venha comigo comprar um celular, estou enlouquecendo sem ele já. - imploro, fingindo chorar.
- Tudo bem sua maluca. Vou trocar de roupa e a gente vai. Me espera, okay?- Isabel avisa, entrando na casa novamente.
- Ta bom. - respondo, sentando na espreguiçadeira para espera-la.
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Oliver Walker

Finalmente saberei o que o promotor 
Timothy Bayler tem para conversar comigo sobre um possível homicídio. Apesar de saber que não é sobre a Karine, não diminue a minha preocupação. Ajeito a gravata para deixá-la um pouco mais folgada, enquanto desço a escada da minha mansão sentindo um cheiro bom vindo da cozinha. Camilla está na frente do fogão cortando um tempero verde cantando uma música que desconheço. Passo a mão nos cabelos irritado. Já avisei várias e várias vezes que não a quero vê na cozinha. Contratei muitos funcionários justamente para ela não se preocupar com a limpeza da mansão. Para cada cômodo, tem uma pessoa responsável, mas não adianta. Ela continua teimando querendo cozinhar todos os dias.
- Sabe que não apoio te vê aqui. - eu disse, cruzando os braços seriamente.
Camilla abre um sorriso gentil.
- Eu sei, mas quero que entenda uma coisa. Amo cuidar de você.- ela da de ombros demonstrando não se importar com a minha reclamação.
- Eu sei me virar. - retruco, encostando-me na parede. Ela limpa as mãos no pano, e olha para mim.
- Desde quando deixou de ter um motorista?
- Do que está falando? - franzo a testa.
- Você tinha um motorista particular. Nunca mais o vi.- ela me olha curiosa.
- Ah! Na época que me mudei para França o dispensei.- respondo, dando de ombros. A nova empregada entra na cozinha com um balde na mão e me cumprimenta com respeito.
Tinha esquecido que a contratei a pouco tempo. Ela é responsável pelas limpezas dos quartos. Seu nome se chama Clarice Kant. Tem  vinte oito de idade, cabelos ruivos, olhos verdes com uma estatura baixa. A encaro com um semblante sério a vendo recuar um pouco amedrontada.
- Diga! - ordeno.
- Estava limpando o quarto do senhor quando encontrei esse bilhete embaixo da cama. - ela avisa estendendo o papel na minha direção. Franzo a testa.
- O que é isso? - pego o papel da sua mão, e passo o olho no pequeno trecho escrito por Ariella. Nele contém um agradecimento pelo dia que a busquei no bar. Logo me veio na cabeça a cena. Vê-la confessar que aquele canalha a tocou e que ela gostou ainda me deixa revoltado. Porra! Não suporto pensar. Amasso o papel com força e arremesso no chão assustando-a. Clarice recua no mesmo momento derrubando o balde com a água no chão. A encaro.
- Está lerda? Limpe isso imediatamente. - ordeno. Clarice se agacha no chão as pressas quando percebo que  suas mãos estão trêmulas. A observo passar o pano na água com dificuldade e me aproximo ficando agachado na sua frente.
- Por que está tremendo?- pergunto, mantendo a voz tranquila.
- Não é nada se-se-senhor. - ela gagueja, aparentando esta assustada.
- Está com medo de mim? - abro um sorriso irônico. Camilla da um passo na nossa direção com um olhar de advertência. Clarice nega de imediato, cabisbaixa. Levanto-me do chão e enfio as mãos nos bolsos da calça. 
- Não precisa ter medo, não farei nenhum mal a você. - eu disse, a fazendo parar de limpar o chão. Seus olhos me encaram e posso perceber o quanto está controlando o choro.
- Desculpe.- Clarice observa o chão.
- Você não está muito tempo aqui. Por que está tremendo? - Pergunto mais uma vez com um olhar compreensivo.
- Algumas pessoas... Falam do Senhor.- ela murmura, apreensiva.
- Que sou explorador de virgens? Que sou ruim, miserável, psicopata, Insensível, chato, frio, sem coração...
Sim, eu sei disso tudo e não me importo. Acredita nessas boatos?- abro um sorriso de canto a vendo negar com a cabeça.
- Não mais. - ela responde, com um sorriso amigável. Vejo que está mais aliviada ao perceber que meu humor mudou. Não posso ser arrogante o tempo todo, ainda mais com as pessoas que nunca me trataram mal.
- Tire algumas horas de descanso. Quando estiver melhor volte ao trabalho. - aviso, conferindo as horas no relógio de pulso. Clarice assente, e se retira da cozinha rapidamente.
- Todas as meninas que você contrata termina se demitindo por medo. Quantas pessoas já se demitiram na sua empresa? Tenha certeza que se isso aconteceu foi pela sua maneira de desmerecer as pessoas. - Camilla reclama com um ar de autoridade. Bufo.
- E daí? - pergunto, sem me importar.
- Você não tem jeito mesmo.- ela resmunga soltando um suspiro.
- Não vou ficar aqui discutindo essas baboseiras com você. Estou indo para a delegacia. - aviso, saindo da cozinha.
- Delegacia? O que houve meu filho?- ela pergunta com os olhos arregalados.
- Não se preocupe. - eu disse, na tentativa de tranquiliza-la. Ando até a porta principal e saio da mansão indo direto para o meu carro.

LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora