LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔

#CAPÍTULO 54#

Ariella Young

"Começo a correr pela rua, meu coração batendo freneticamente no peito, enquanto o pânico toma conta de mim. Sinto que estou sendo perseguida, mas não consigo ver o rosto da pessoa que está atrás de mim. Cada vez que tento acelerar, aumentar a distância entre nós, percebo que a figura misteriosa se aproxima ainda mais, como se estivesse colada em mim, e por mais que meus pés se movam, parece que estou presa no mesmo lugar, incapaz de avançar. É como se o chão estivesse me segurando, tornando impossível escapar. Isso é loucura! O desespero cresce dentro de mim, preenchendo cada fibra do meu ser, e a única coisa que consigo fazer é gritar, na esperança de que alguém me ouça. De repente, sinto uma mão pesada me puxar para trás com força, e, antes que eu possa reagir, caio no chão. Tudo ao meu redor muda num piscar de olhos. Já não estou mais na rua. Agora, estou dentro da empresa de Oliver, bem em frente ao seu escritório. Meu Deus, o que está acontecendo? Arregalo os olhos, completamente apavorada, tentando entender como vim parar aqui tão rápido. Minhas mãos tremem enquanto olho ao redor, procurando qualquer sinal de Lucy, de Moisés, de algum funcionário... mas não há ninguém. Estou completamente sozinha.
O silêncio é aterrorizante, denso e pesado. Meu coração dispara ainda mais, e a urgência de sair dali cresce a cada segundo. Tento me levantar devagar, sentindo o medo corroer minhas entranhas. Tudo está vazio, o ambiente mal iluminado, como se algo estivesse fora do lugar. Dou um passo hesitante em direção ao escritório de Oliver, cada movimento imbuído de um medo paralisante. Algo está terrivelmente errado.

Minhas mãos tremem quando alcanço a maçaneta da porta. Hesito por um instante, mas a necessidade de saber o que está acontecendo me impulsiona a abrir a porta de uma vez. Ao fazer isso, meu mundo desaba. Vejo Oliver deitado no chão, inerte. Meu coração dá um salto, quase parando com o choque. Por que ele está assim? O que está acontecendo?

Aproximo-me dele, com os pés pesados e a respiração entrecortada. À medida que me aproximo, vejo sangue. Sangue manchando sua camisa, escorrendo de seu peito. O horror toma conta de mim, e meus joelhos fraquejam, me fazendo cair ao seu lado. Não consigo respirar, o ar parece se recusar a entrar nos meus pulmões, e tudo ao meu redor começa a girar.
- Oliver! - grito, a voz quebrada pelo choro desesperado. Ele está tentando estancar o sangue com as mãos, mas é inútil, nada parece funcionar. As lágrimas começam a rolar pelo meu rosto, incontroláveis, enquanto vejo a vida se esvair dele.
- Eu te amo, Ariella.- ele sussurra, um sorriso fraco surgindo em seus lábios pálidos. Minha mente entra em pânico. Grito por ajuda, imploro para que alguém apareça, mas o escritório está vazio, deserto. Onde estão todos? Por que ninguém vem nos ajudar? Minhas mãos estão cobertas de sangue, e quanto mais tento ajudar, mais vermelhas ficam.

- Abra os olhos. - uma voz masculina ecoa ao longe, distante e abafada, como se estivesse vindo de outro mundo. Tento responder, abrir os olhos para descobrir quem está falando, mas meu corpo parece estar preso, incapaz de obedecer. A dor de perder Oliver é insuportável, esmagadora, me afogando em uma escuridão que não consigo afastar.
- Olha para mim, por favor. - a voz insiste, dessa vez mais próxima, mais urgente, carregada de uma veracidade que penetra a névoa de confusão que me cerca.
Luto contra a paralisia que me domina, e finalmente, com um esforço tremendo, consigo abrir os olhos, ainda que vagarosamente. A primeira coisa que vejo é o rosto de Oliver, sem vida, sem brilho, um semblante vazio que me arranca um choro profundo, uma dor que não consigo conter.
- Amor? - o chamo em um sussurro, minha voz quebrada pelo desespero, esperando, desejando que ele acorde, que volte para mim.
- Acorda! - a voz de Felipe corta o ar, gritando, enquanto sinto suas mãos segurando meus ombros, me balançando com força. O impacto me traz de volta, me puxa para fora daquele pesadelo, e meu corpo se inclina para frente, arrancado à força daquele lugar sombrio.