Ariella Young
Saio do elevador no andar do Felipe bastante magoada por tudo o que descobrir sobre a minha vida e sobre as pessoas que amo. Caminho pelo corredor do hotel cambaleando assim que passo ao lado de alguns hóspedes que me olham até preocupados devido a minha fisionomia.
- Precisa de ajuda, senhorita? - um dos rapazes pergunta com o olhar de preocupação. Dou um sorriso fraco pela sua gentileza e nego balançando a cabeça. Não me sinto bem. Meu corpo parece cansado, minhas vistam estão embaçadas devido o choro. Sinto uma tontura forte e me apoio na porta do quarto do Felipe. Ergo a mão direita no ar e dou duas batidas fortes na esperança que ele esteja aqui. Meu Deus! O que está acontecendo comigo? Acho que minha pressão desceu... Passo a mão no rosto quando a porta logo se abre e sem manter o equilíbrio, minhas pernas fraquejam e quase caio no chão. Felipe se aproxima rapidamente me segurando a tempo e sou levada carregada para dentro do quarto.
Sinto meu corpo encostar em uma colcha macia, fria e aconchegante. Fecho os olhos para controlar minha emoção, meu desespero, a raiva, angústia, e o medo. Parece que vou enlouquecer.
- Como se sente? - ele pergunta, com o semblante de preocupação.
- Estava tonta e... Agora, só sinto tristeza. - respondo, tampando o rosto com as duas mãos. É impossível acreditar que minha mãe biológica não seja a Cris, a mulher que esteve ao meu lado desdo dia que nasci. A tive como minha mãe real, e agora descubro que é minha tia?
Levanto da cama, de boquiaberta. Meus cabelos caem sobre o meus olhos, e passo os dedos para tirá-lo do rosto, enquanto começo andar de um lado para o outro pensativa.
- O que será da minha vida? Minha mãe verdadeira está morta, meu pai não sabe da minha existência, porque a Cris resolveu esconder meu nascimento, meus amigos e o homem que amo sabiam de tudo a muito tempo e não me contaram nada... A Munique é minha irmã e sabia de tudo desdo princípio e... Meu Deus! Por que isso está acontecendo comigo? Por que ninguém me contou?- exalto-me, completamente perdida.- Calma, calma... Vai ficar tudo bem.- Felipe me abraça, dando um beijo na minha bochecha demoradamente. Enterro a cabeça em seu ombro chorando.
- Não estou conseguindo digerir tudo isso. Eu sei que foi a Cris que cuidou de mim, mas descobrir que minha mãe, a pessoa que me deu a luz foi assassinada e que meu pai está vivo... É perturbador. Muda todo o sentido.
Vive com a ausência dele, sofri por querer tem um lado paterno na minha vida e a Cris sabia de tudo e não foi capaz de me contar ou me levar até ele. Felipe... Meu pai foi na minha casa em busca da Samantha... Agora entendo o motivo da surpresa dele assim que me viu... Eu me pareço com ela... Meu Deus! Ele pensou que eu fosse minha mãe.- sussurro, chorando em seu ombro.
- Eu sei que é difícil, mas sabe o melhor de tudo isso? - Felipe se afasta um pouco e segura minhas mãos.
- O quê? - pergunto, olhando em seus olhos.
- Toda dor, toda tristeza vai passar. No final tudo passa e você vai verá que vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem.- Felipe fala voltando me abraçar carinhosamente. Solto um suspiro profundo e dou um sorriso fraco o apertando contra o meu corpo.
Sinto uma decepção tão grande que a minha vontade é de ficar uma semana fora da casa minha casa sem olhar para ninguém, mas não posso fazer isso com as minhas amigas. Elas não tem culpa de nada. Argh! Que vontade de gritar para o mundo, chorar absurdamente, pôr para fora do que sinto neste momento... Deve ser libertador. Desfaço o abraço devagar, e volto a sentar na cama com os olhos fixos no chão. Felipe senta ao meu lado me entregando um copo com água.
- Obrigada. - agradeço, dando um longo gole.
- Eu conversei com o Pedro, Ariella. Foi assim que descobrir tudo. - ele explica com um tom de voz sereno.
Quase cuspo a água inteira da minha boca assim que fico ciente que foi Pedro quem contou sobre a minha história... A chave de todo meu passado estava ali o tempo inteiro diant de mim. Eu busquei, tentei encontrar respostas, porém não enxerguei que o Pedro poderia ter ser a chave fundamental para me ajudar. Descobrir agora que esse homem é meu tio, e que tenho uma família maior do que imaginei me deixa perplexa.
O encaro com os olhos arregalados e inchados.
- Como foi isso?- pergunto, curiosa.
- Lembra das fotos que você disse ter visto na mão daquele rapaz chamado Arthur? Com o endereço que me deu, fui visita-lo. Chegando lá, eu conheci um rapaz chamado Pedro e falei das possíveis fotos que pareciam com você. No fim, entrei na casa e assim soube de toda a história. Soube que aquela mulher da foto era Samantha sua mãe e que o homem ao lado dela era o irmão dele, o Tom, o seu pai.
- Anos atrás, esse Pedro vivia me perseguindo. Nunca cheguei a entender o verdadeiro motivo, pensei que... Por algum momento ele estava apaixonado por mim. - comento, intrigada.
- A sua semelhança com a Samantha
o levou a investigar mais afundo esse caso.
- Meu Deus! - murmuro.
- Ele disse que na época, o seu irmão vivia indo para o bordel com frequência, e sem entender o motivo procurou saber. Foi então que Tom revelou ter se apaixonado por Samantha, mostrando a foto dela para ele. O sonho do seu pai, Ariella... Ela tira-la daquele lugar, mas nunca conseguiu, pois Samantha sumiu sem deixar rastros. Pedro contou que ele nunca soube o que de fato aconteceu, não tinha uma resposta concreta até hoje. Tom seguiu a vida buscando encontra-la, mas conforme os anos foram se passando foi um pouco mais fácil aceitar que a "Samantha não o queria mais", então ele se casou, teve dois filhos e viveu a vida normalmente.
- Minha nossa! Coitado, Tom deve ter sofrido muito com o silêncio da Samantha. Como o Pedro soube o local onde eu morava? - pergunto.
- Não sei dizer muito bem, mas acho que foi coincidência. Ele disse que ao te ver pela primeira vez, pensou que fosse a Samantha, mas logo deduziu que se fosse realmente a mulher que Tom se apaixono, ela deveria ter uns trinta e nove anos ou quarenta e poucos anos de idade... Você era muito nova. Não tinha como ser, então ele começou a se interessar em querer saber sobre a sua existência e foi buscar informações quando se encontrou com a sua mãe.
- A Ivy me disse que já viu os dois juntos algumas vezes quando estive na França, mas eu não fiquei sabendo de nada mais. - acrescento, fungando o nariz.
- Sim, pois foi quando o Pedro viu a Cris e como sabia que ela e a Samantha são irmãs, queria saber quem era você. Sua mãe tentou dizer que era apenas filha de uma amiga ou até dela mesmo, mas o Pedro não acreditou devido a sua semelhança com o Tom. Então, a Cris pediu para que ele deixasse vocês duas em paz... E... Parece que não foi o que aconteceu. - Felipe explica, pensativo.
- Meu Deus! - murmuro.
- É um assunto delicado, Ariella.- Felipe assente.
- Ninguém contou sobre o falecimento da Samantha para o Tom? Pedro sabe que ela morreu? - pergunto, incrédula.
- Segundo Pedro, ele não sabia e nem o Tom... Os dois nunca souberam da morte dela como informei... Sua mãe sumiu sem deixar rastros, mas as fotos que Arthur encontrou na casa do Tom deu uma reviravolta.
- Por que? - franzo a testa.
- Seu amigo Arthur, disse que te conhecia, sendo que Tom afirmava a todo momento que não via aquela mulher há muitos anos. Foi então, que Arthur passou o seu endereço fazendo seu pai te encontrar. Pedro me disse que ao saber disso, foi mais uma vez interrogar a Cris para saber onde a Samantha estava, e no fim ela contou tudo. Contou, porque soube que você tinha visto o Tom e não ia demorar muito para descobrir toda a verdade.
- Eu estou pasma. - eu disse, passando as mãos nos cabelos.
- Não fique com raiva da sua mãe por ter guardado esse segredo de você, Ariella. Sempre há um motivo por traz e acredito que ela tenha contado.
Não é fácil quanto parece ser.- Felipe aconselha, entrelaçando nossas mãos. Nos olhamos profundamente.
- Eu tento entende-la. Juro que tento, mas estou triste com tudo isso, sabe? Cada vez que penso mais as coisas se encaixam. Quando estive na França, pedi para Ivy descobrir se minha mãe estava tendo um caso com o Pedro, mas depois de um tempo repentinamente a Ivy me evitou, agora sei que ela descobriu a verdade e ficou sem jeito de me contar.
Ela foi a primeira a descobrir. - eu disse, com os olhos marejados.
- Como soube que Oliver também sabia de tudo isso? - pergunto, com as sobrancelhas arqueadas.
- No meio da conversa Pedro me revelou que um homem chamado Oliver o procurou na tentativa de fazê-lo se calar a pedido da Cris, talvez, sua mãe estava procurando um meio de te contar a verdade. - Felipe responde, com um olhar compreensivo.
- Estou chocada, jamais passou pela minha cabeça que poderia ser algo desse tipo. - sussurro, inconformada. Ainda não consigo aceitar que todo mundo sabia disso, menos eu... Até a Munique sabia, agora entendo o motivo do seu sarcasmo quando a visitei. Suspiro.
- Está com fome? Vou comprar algo para a gente comer. Pode ser?- Felipe pergunta, depositando um beijo na minha testa. Sorrio.
- Tem serviço de quarto. - eu disse, sugerindo a comida do hotel para não incomoda-lo a ponto de fazê-lo sair daqui para comprar alguma comida para nós. Eu como em qualquer lugar sem frescura
- Não se preocupe, Ariella. Aproveite esse tempinho que ficará sozinha para respirar, refletir sobre a sua vida. Não vou demorar muito. - ele avisa, se distanciando. Assinto.
- Obrigada. - sorrio, enxugando os olhos. Felipe sai do quarto com a carteira de dinheiro na mão no instante em que meu celular começa a tocar. Tiro o aparelho do bolso vendo o nome do Oliver no visor. Deito-me na cama entristecida. São muitas e muitas chamadas suas. O ignoro. Pela notificação vejo várias chamadas perdidas do Nicolas, da Isabel e principalmente da Ivy. Passo a mão no rosto e coloco o celular ao meu lado. Encosto a cabeça no travesseiro para aguardar o Felipe, pensando no momento exato que minha mãe revelou a minha história.
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LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔
RomansaAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME. Obra registrada na Biblioteca Nacional. TERCEIRO LIVRO DE ARIELLA. # É necessário ler o segundo livro # Depois de um passado doloroso. Ariella aceitou sua nova jornada de cabeça erguida, e se arri...