#CAPÍTULO 52#

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Ariella Young

Dou-lhe um abraço mais apertado assim que sinto seus braços me envolverem com força. Há quanto tempo não sentia esse calor, essa proximidade... Como estava com saudades desse gesto, dele, do conforto que só ele consegue me dar. A distância entre nós tem sido insuportável, cada minuto longe dele parece uma eternidade. Enquanto o aperto, tento ignorar a culpa que borbulha no meu peito por não ter contado sobre o encontro do pai dele com Clara. Talvez eu devesse ter falado, mas a verdade é que, no fundo, acredito que se as coisas fossem ao contrário, ele teria feito o mesmo.

Sinto quando Nicolas se afasta levemente, o suficiente para me encarar. Seus olhos percorrem meu rosto com uma mistura de carinho e preocupação. Seu polegar acaricia minhas bochechas, um gesto delicado, mas que faz meu coração apertar ao perceber que ele não parece bem. Essa constatação aumenta minha angústia. Tento disfarçar com um sorriso gentil, como se pudesse tranquilizá-lo apenas com isso. Solto-o lentamente e abro a porta, dando-lhe passagem para entrar. Ele hesita por um momento, olhando ao redor da sala antes de finalmente entrar.

- Está sozinha? - Nicolas pergunta, o olhar ainda varrendo o ambiente com uma certa desconfiança.
Balanço a cabeça negativamente, tentando aparentar naturalidade.
- As meninas estão na piscina.- respondo, enquanto me dirijo até a pequena mesa de centro para pegar a bandeja que deixei ali. Preciso buscar mais gelo e o queijo que Carol pediu.
Ele dá um passo adiante, e, ao me ver de relance, com uma camisa larga cobrindo apenas a parte de cima e um biquíni na parte de baixo, esboça um sorriso fraco, quase imperceptível.

- Isso explica por que está vestida assim.- comenta, tentando parecer despreocupado, mas sem esconder completamente o cansaço em sua voz.
Eu retribuo com um sorriso suave, esperando que ele não perceba a leve tremedeira em minhas mãos enquanto seguro a bandeja.
- Sim. Estamos fazendo churrasco.- aviso, dando de ombros, tentando soar casual. Nicolas continua a caminhar pela sala, o olhar perdido e silencioso, como se sua mente estivesse a milhas de distância.
- Quer conversar no quarto? - pergunto hesitante, tentando captar sua atenção. Ele levanta os olhos na minha direção e, após um breve instante de contemplação, acena afirmativamente com a cabeça. Sem dizer nada, começa a se dirigir para a escada.
- Onde está a Penélope? - ele pergunta de repente, percebendo a ausência dos costumeiros latidos e da agitação da nossa cachorrinha, que sempre o recebia com alegria.
- Deixei ela na casa da minha mãe. As duas são inseparáveis.- respondo com um sorriso, pensando em como minha mãe e Penélope são a companhia perfeita uma para a outra. Sigo até a cozinha para colocar a bandeja de volta na pia, enquanto Nicolas sobe as escadas, dirigindo-se ao meu quarto.
Passo a mão pelos cabelos, sentindo uma leve tensão se acumulando em meus ombros. Pego um copo de água e bebo rapidamente, tentando acalmar meus nervos. Nem posso acreditar que Nick está realmente aqui, depois de tanto tempo. A antecipação sobre o que está por vir faz meu estômago revirar. O que ele quer conversar? Não quero brigar de novo, só quero que as coisas fiquem bem entre nós.
Saio da cozinha e subo as escadas correndo, ansiosa para entender o motivo de sua visita inesperada. Ando pelo corredor, a curiosidade pulsando em cada passo. Será que Oliver contou sobre a nossa briga? É esse o motivo de Nicolas estar aqui? Só há uma maneira de descobrir. Ao chegar à porta do meu quarto, vejo que está entreaberta. Aproximo-me devagar, espiando Nicolas sentado na beira da cama, com a cabeça baixa. Sua postura me preocupa, e mil pensamentos atravessam minha mente em um turbilhão. Será que ele quer falar sobre nossa última discussão? Ou será sobre aquele trecho que ele encontrou atrás da foto? Talvez seja sobre o fim definitivo entre Oliver e eu... Não tenho ideia do que esperar. Pode até ser sobre Felipe...

Fecho a porta cuidadosamente para garantir nossa privacidade e caminho em direção a ele. Sento-me ao seu lado, aguardando que ele tome a iniciativa de falar. A verdade é que estou nervosa, as mãos trêmulas entregam minha ansiedade. Nicolas percebe meu estado e coloca sua mão sobre a minha, em um gesto reconfortante. Ele me olha com um sorriso fraco, que revela mais preocupação do que alívio.
- Fica calma, Ary. Não vamos discutir de novo.- ele diz com uma voz suave, mas segura. Suas palavras me trazem um pouco de paz, e solto a respiração que nem percebi que estava segurando.
- O que houve? - pergunto quase em um sussurro, tentando conter o medo que se insinua em minha voz.
- Preciso contar uma coisa, mas primeiro quero que saiba que, mesmo com o nosso distanciamento, eu nunca deixei de me preocupar com você. Fiquei muito chateado com a nossa briga, mas me afastei porque precisava de tempo para pensar, para colocar as coisas em perspectiva. Mas eu ia te procurar de qualquer forma.- ele explica suavemente, suas palavras me deixando ainda mais confusa.
- Você ainda acredita que fui eu quem mandou aquelas fotos para sua mãe?- pergunto na defensiva, incapaz de esconder a mágoa que essa suspeita me causou.
Nicolas permanece imóvel, seus olhos fixos no colchão, como se estivesse ponderando cada palavra.
- Não quero falar disso agora.- ele responde com firmeza, sua voz carregada de uma decisão que me frustra.
- Você não acredita em... - começo a dizer, mas paro quando ele levanta o olhar, seus olhos intensos me silenciando.

LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora