#CAPÍTULO 73#

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Ariella Young

Absolutamente, é uma das cenas mais comoventes e tristes que já presenciei. Nunca na minha vida fui a um enterro de um bebê. Meu Deus! É difícil imaginar que dentro daquele caixão há um corpo pequeno que... Nossa! Observo ao lado de Oliver a lápide da sua filha que foi colocada junto a lápide da sua mãe.
Apolline está em pé com os olhos fixos no chão. As lágrimas não param de escorrer dos seus nem por um segundo. Pela nossa surpresa, ela registrou a filha com o nome de Clara Betty Walker. Uma homenagem significante para a mãe do Oliver que teria sido revelada hoje para ele, porém infelizmente não pôde da continuidade. Pude enxergar nos  olhos dele a gratidão. Solto a mão do Oliver por alguns instantes atraindo a sua atenção e faço menção com a cabeça para que perceba o quanto Apolline precisa dele agora. Só têm nós três no enterro e nada mais confortável que os dois sentirem isso juntos. Ter esse momento da despedida sem que ninguém mais interfira.
-

Vai lá... - aconselho, assim que a vejo sentar com dificuldade perto da lápide devido os pontos da cesária. Oliver assente. O observo caminhar lentamente até Apolline que chora em silêncio.
Ele se agacha na sua frente.
- Vamos enfrentar isso juntos.- o escuto dizer.
- Eu... Me sinto culpada. - Ela esconde seu rosto entre as mãos aos prantos.
- Não, não se culpe. Você deu o seu melhor e tenho certeza que se a Betty tivesse aqui conosco estaria orgulhosa da mãe que tem ao seu lado. - Oliver fala com os olhos cheios de lágrimas, me fazendo ficar emocionada pelas suas palavras.
- Sou mãe de um anjo agora. - ela funga o nariz voltando a encarar a lápide e vejo um sorriso se abrir dos seus lábios.
- Nós somos. - ele acrescenta se aproximando dela com os olhos marejados. Os dois se olham por alguns segundos antes de se abraçarem. O ciúmes não chega nem perto agora. Entendo e compreendo absolutamente o momento.

Tento segurar a emoção, porém não
consigo. A cena parte o meu coração e a única coisa que faço é deixar que todo esse sentimento triste se dissolva junto com as lágrimas. Choro por Felipe e pela perda que o Oliver teve.
O escuto chorar no ombro dela como se estivesse jogando fora tudo que tentou segurar nesses últimos dias. Percebi aflição, desespero, medo e... Tristeza. 
Desvio o olhar para observar em volta do cemitério quando noto uma mulher bem distante parada em uma árvore. O que me intriga não é a sua presença  - até porque há várias pessoas falecidas no cemitério, como vários visitantes - mas refiro-me sobre a sua vestimenta. Ela usa o mesmo capote vermelho que vi no dia que estive no hotel do Felipe e quando a encontrei na frente do restaurante fugindo de min. Será que...
- Te amamos filha. - Apolline chora atraindo minha atenção e olho na direção deles me desviando da moça de capus vermelho. A vejo colocar um urso marrom na lápide junto com Oliver que deposita um buquê de flores brancas.
Ela se afasta da lápide e caminha na minha direção. Engulo em seco.
Sem saber o que dizer abro os braços para recebê-la e pela primeira vez na vida nos abraçamos. Um abraço sincero. Nunca tivemos problema uma com a outra, porém essa confusão de se apaixonar pelo mesmo homem gerou uma inquietação, um ciúmes, uma revolta.
- Você me ajudou no primeiro dia que a conheci, Ariella. Se lembra? Na boate da França. Agora, com o passar dos anos... Você está aqui novamente. Obrigada! - ela murmura, me abraçando.
- Não precisa agradecer. - respondo, afastando-me para encara-la.
- Cuide dele, okay? Vou voltar para a França, meus pais souberam do que aconteceu e estão em Paris a minha espera. - ela funga, passando a mão no rosto conseguindo se recompor um pouco.
- Cuidarei sim. - afirmo, a vendo se afastar de nós a passos curtos. Olho na sua direção notando um rapaz ao lado do carro a sua espera. Logo o reconheço. É o James, um dos seguranças do Oliver. Deve está fazendo a segurança dela já que New York se tornou perigosa nesses últimos tempos. É o melhor a se fazer. Ir embora daqui se vez.
Desvio o olhar do carro assim que a vejo entrar, e volto a observar Oliver que se afasta da lápide olhando para mim. Ando na sua direção dando-um abraço.
- Quer ir para a sua mansão agora?- Pergunto, com calmaria vendo a dor em seu olhar sempre que volta a encarar a lápide. No início, vi o quanto estava assustado com a ideia de ser pai. Meu Deus! Me coloquei no seu lugar... Tudo mudaria. Tudo se tornaria diferente com a chegada dela. Agora, a Betty se foi sem que a gente conhecê-la.
- Me leve para a sua casa. - ele confessa, com um sorriso fraco.
- Tudo bem, amor.- respondo, entrelaçando nossas mãos.

LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora