Capítulo 5 Motim interno

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Quando voltou do almoço, o senhor Jonas tentava colocar os livros nas prateleiras novamente. Ela começou a ajudá-lo, e os dois ficaram em silêncio e não mais tocaram no assunto da demissão, apesar de que ela não iria voltar atrás na decisão de ir embora.

O motim interno dentro já havia sido iniciado e estava grata por essa revolução que a fizera ansiar por mudanças. E ela imaginou que ao menos isso deveria ser bom.

Depois que o expediente foi encerrado, Lisa foi direto para casa e, quando toda a família havia terminado de jantar, ela os reuniu na sala e contou que iria viajar. Tentou amenizar a situação, tranquilizá-los de que ficaria bem, mas viu a mãe Teresa se contorcer no sofá chorando desesperadamente.

O pai de Lisa, Nestor, que era caminhoneiro, não abriu a boca para nada, apenas acenava com a cabeça durante toda explicação de Lisa, contudo, deu um abraço apertado nela no fim da noite. Já a irmã Camila, apenas um ano mais velha que Lisa, fez várias perguntas práticas sobre como ela continuaria se tratando. Por sua vez, o irmão caçula, Eduardo, de apenas dez anos, ficou emburrado.

— Mana, você nunca vai para lugar nenhum. Precisa ir tão longe assim? Nem pra me levar junto! — reclamou.

— Duda, é uma viagem que eu preciso fazer sozinha, entende? São só três meses. Passa rapidinho.

— Mas você vai pra onde afinal de contas? — perguntou Camila, que folheava um livro de advocacia, ela estava no segundo ano do curso. As irmãs não eram muito unidas, cada uma tinha seu grupo de amigos, raramente saíam juntas ou compartilhavam segredos.

— Vou para alguns países da Europa, que fica...

— Eu não quero aula de geografia! Eu quero saber o motivo de você resolver dar uma de viajante. Esqueceu que está doente, mocinha? — Teresa vivia lembrando Lisa que ela estava enferma, como se ela não tivesse essa consciência há meses.

— Não se preocupe, mãe. A doutora Vera irá me atender em uma consulta de encaixe amanhã, expliquei para ela a situação. Levarei meus remédios, minha saúde está estável.

— Mas você disse três meses!

— Tudo vai depender de como a viagem será. Posso mudar a passagem para antes desse tempo. Volto para cá e sigo para os Estados Unidos, ou vou de lá mesmo, preciso ver essas questões ainda.

— Mas você precisa me prometer que, caso se sinta mal, irá voltar correndo pra casa! Promete, minha filha? — pediu, chorosa, Teresa.

— Prometo, mãe! — respondeu ela, envolvendo sua mãe em seus braços.

(E como não morrer de amores por irmãos fofos e pentelhos como o Duda?)

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