— O que eu faço, Liam? Me diga, pois eu nunca fiquei tão perdido na vida, nem quando a minha mãe morreu — disse Derek para seu amigo pelo celular, que agora tinha um novo chip que funcionava no Brasil. As luzes de sua acomodação estavam apagadas, ele estava na mais completa penumbra.
Havia chegado há três dias no país, e Lisa ainda estava em coma e tinha piorado consideravelmente.
— Pela primeira vez, eu não sei o que te dizer — disse o irlandês do outro lado da linha. — Eu estou desolado, sei que ela é importante pra você.
— Eu quero sumir. Eu quero desaparecer! Não quero sentir o que eu tô sentindo. Uma revolta sem nome! Acho que ela não vai resistir... Eu não sei o que faço. Estou sozinho em um país desconhecido. Parece que vou enlouquecer!
— Derek, você precisa ter força nesse momento. Tem que se apegar a uma esperança, a um projeto.
— Acha que é possível que ela acorde? Devo ficar aqui? Devo voltar pra Europa? Me dá um conselho!
— Você nunca foi de muita fé, sempre foi muito racional e prático, mas, às vezes, situações como essa nos ensinam a aprender o que ainda não sabemos, nos ensina a sair do lugar-comum, a deixar o orgulho de lado e a esperar por algo, por alguém que está acima de nós, nos faz esperar pelo sobrenatural, por coisas que estão além da nossa compreensão.
— Tá me pedindo pra rezar? É isso? Como rezar diante de uma catástrofe dessa?
— Te respondo com outra pergunta: como não rezar diante de uma catástrofe dessas?
— Eu não sei o que pensar.
— Quer algo mais racional do que medicina? Se os médicos praticamente desenganaram ela, vai ainda se manter no racional? Faça o diferente, tenha esperança, acredite que algo pode acontecer. Não desista, só desista quando não houver mais vida.
— Acha que ela escuta o que as pessoas dizem pra ela?
— Não sabemos. E se escutar? O que é que está dizendo pra ela? Está se lamentando, maldizendo a sorte de vocês dois? Se ela ouvir isso, acha que a fará reagir? Ela vai se entregar, desistir. Mude sua postura. Mude sua atitude. Lute por ela!
— Como? Ela está em uma cama, inconsciente! Não posso fazer nada.
— Assisti um documentário na TV a cabo que afirmava que muitas pessoas que voltaram do coma diziam que viam as coisas, que presenciavam atitudes das pesssoas ao redor.
— Sério?
— A maioria dos médicos diz que o paciente em coma não demonstra percepção nenhuma, mas há aqueles que acreditam que essas pessoas podem ouvir e perceber, mesmo que de forma mínima, o mundo à sua volta.
— Vou pesquisar sobre isso na internet mais tarde.
— Não saberia te dizer como funciona as coisas, só sei que ela tá viva. Ela não morreu. De alguma maneira, ela precisa sentir algum amor.
— Como ela vai sentir?
— Não sei, mas ame ela de alguma maneira. Faça com que a sua devoção, o seu amor, a faça acordar, faça-a querer viver, faça-a voltar pra você. E, acima de tudo, tenha fé.
— Eu não sei ter fé, Liam.
— Você acredita que ela pode acordar ou já a está enterrando em vida?
— Não! Não posso cogitar que ela não vá acordar.
— Isso talvez seja fé, em seu estágio inicial. Reaja ou você vai se arrepender de não ter tentando nada do alto da sua racionalidade, que é inutil no momento — disse Liam.
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As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)
ChickLitQuando Lisa perde a sua avó Rose, a única pessoa que entendia seu amor por livros, ela repensa o seu relacionamento nada saudável com um viciado em jogos digitais, o tratamento contra a lúpus que enfrenta, seu emprego sem futuro e sua tendência a pr...