Ainda estava vestida com o moletom largo que havia colocado depois que tirou o pijama de manhã. Havia dormido muito e perdido a noção do tempo, não sabia se era dia ou noite. As janelas estavam fechadas, e Lisa começou a sentir calafrios.
A garganta também estava ardendo, ela suspeitava que estava inflamada. O corpo todo doía. Estava com medo de se medicar mais, já estava perdendo o controle de quanto medicamento havia ingerido. A provável gripe estava se misturando com os sintomas do lúpus? — questionava-se, nos poucos momentos de lucidez.
Ouviu ao longe o som de batidas na porta. Seria no quarto do lado ou na casa do lado? A febre se espalhava, e ela estava perdendo um pouco os sentidos, não sabia o que era sonho ou não. Ouviu batidas na porta novamente, tentou se levantar, mas o corpo não respondia.
As forças haviam se extinguido, e as dores eram intensas. Tentou gritar e perguntar quem era, mas a voz não saía. Ela lembrou que havia trancado a porta.
A incapacidade de levantar ou fazer alguma coisa a deixou apavorada. Seria isso o que a esperava? Se sentiria assim todos os dias? Pensou até mesmo na morte. Esses sintomas a levariam a perder a vida? O último som que escutou foi bem mais alto que os demais. Segundos após o barulho, sentiu que alguém a tocava.
— Lisa! Lisa! — alguém a chamava, virou o rosto e vislumbrou Derek, que havia sentado na cama e a tocava no rosto.
— Me deixa em paz! Não tô a fim de falar com você — conseguiu falar com a voz rouca e falhada.
— Meu Deus! Você está ardendo em febre.
— Eu estou bem, preciso só descansar.
— Você está descansando desde a hora do almoço. Já passou das dez horas da noite! E você está aqui trancada, sem comida e febril. Por que não pediu por ajuda? Qual é o seu problema? — perguntou ele, contorcendo o rosto e formando vincos na testa.
— Para de gritar comigo! — tentou falar alto, mas o máximo que conseguiu foi deixar a voz audível.
— Garota irritante! — disse ele, ao tentar tirar as roupas molhadas de Lisa. Passou a blusa de moletom e a camiseta dela de uma vez pela sua cabeça. Imediatamente, Lisa sentiu a pele fria, colocou as mãos na barriga para se proteger da visão dele. Percebeu que estava com a pele úmida.
— Suas roupas estão ensopadas, nunca vi isso. Chain! — chamou ele.
— Estou aqui!
— Molhe uma toalha na pia do banheiro e traga aqui!
— Sim, senhor.
— Senhor? Era só o que me faltava agora! — reclamou.
— Quer dizer, sim, Derek! — A chinesa correu para dentro do pequeno banheiro que havia no quarto de Lisa.
— Acho melhor a gente levar você no médico — cogitou Derek.
— Eu não vou! Eu já tomei os remédios que precisava. Estou suando porque os medicamentos que tomei devem estar fazendo efeito. Eu não vou em médico algum — protestou.
Lisa havia ingerido remédio composto de sulfato de hidroxicloroquina, que servia para prevenir crises de lúpus. Também tomava os demais medicamentos receitados pela médica, desde que havia deixado o Brasil. Há algumas horas, ingerira dipirona para as dores e também omeprazol, quando seu estômago passou a doer insuportavelmente.
Não entendia por que estava tão mal, sempre seguiu as prescrições da médica e também nunca deixava de tomar a vitamina D, já que evitava tomar sol para evitar manchas vermelhas na pele.
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As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)
ChickLitQuando Lisa perde a sua avó Rose, a única pessoa que entendia seu amor por livros, ela repensa o seu relacionamento nada saudável com um viciado em jogos digitais, o tratamento contra a lúpus que enfrenta, seu emprego sem futuro e sua tendência a pr...