Derek tinha entrado em uma rotina frenética de trabalho. Constantemente, ligava para Lisa, mas era raro ela o atender. Sempre se mostrava fria ao telefone e desligava rápido. Agora ela não atendia há dias e isso estava o deixando nervoso.
— Parceiro, dois ajudantes vieram reclamar de você essa semana. Um disse que você o xingou de nomes horríveis, só porque ele colocou duas e não três folhas pequenas de manjericão em cima de uma massa — disse Liam, sentando-se em uma cadeira ao lado de Derek, no restaurante já com as portas fechadas. Era final de expediente de uma sexta-feira bem movimentada no bistrô.
— E qual foi a segunda reclamação? — perguntou Derek, debochado.
— O outro cara disse que você ameaçou quebrar a cara dele se ele voltasse a falar com você. A única coisa que ele fez foi perguntar se você tinha namorada.
— Quem manda ser intrometido? — disse Derek, apoiando a cabeça na mesa, exasperado.
— Você está impossível de trabalhar desde que voltou das suas curtas férias no Brasil. Quer mais algum tempo? Essa história da doença da Lisa tá te afetando, Derek. Corremos o risco de ter processos trabalhistas com você tão fora de controle.
— Você não entende, eu não consigo fingir que não existe uma Lisa a quilômetros de distância precisando de mim. Eu não consigo encontrar paz! Perco o sono, tenho pesadelos, acordo suado, agitado. Meu espírito está perturbado.
— Pegue mais alguns dias de férias.
— Eu não quero férias, cacete! Na verdade, já estou com uma ideia martelando minha cabeça há semanas, Liam. Vou me desligar do bistrô. Preciso ficar com ela. Vou embora.
— Você não pode fazer isso agora que o bistrô está crescendo! Você é a força desse lugar. Não pode fazer isso comigo! O Ethan mais atrapalha que ajuda, não posso ficar sozinho. Se sair da sociedade, vou ficar quebrado — disse Liam.
— Não vou te pedir que compre minha parte, sei que não tem condições agora. Vou continuar seu sócio, mas não posso mais ser o chef da cozinha.
— Se não vai vender sua parte, como fará pra se sustentar em outro país?
— Pensei em montar algo por lá. Aí posso ter mais flexibilidade pra acompanhar a Lisa no médico, essas coisas que emprego fixo não permite. Também terei o aluguel do meu apartamento daqui.
— E de onde vai arrumar dinheiro pra montar algo?
— Vou vender minha parte da destilaria.
— Você não pode fazer isso! Era sua esperança voltar a gerenciar aquele lugar! Se vender, ficará praticamente impossível recuperar sua parte depois.
— Eu amo a destilaria, Liam, mas amo mais a Lisa.
— Não vou deixar que faça isso, vai acabar se arrependendo.
— Não estou pedindo sua autorização, estou apenas te comunicando. Treinarei o sub-chef para assumir meu lugar no bistrô. Pretendo em, no máximo duas semanas, me desligar da atual função. Estou de mudança.
Derek havia viajado para a Escócia para vender sua parte na destilaria. Havia outros sócios do empreendimento que estavam interessados na parte dele. E, como uma das regras era dar prioridade na venda de ações para quem já era sócio, ele estava dando o preço para os demais empresários, reunidos em uma mesa, na sede da destilaria, na cidade de St. Andrews.
Ele ainda esperava um dos sócios chegar, quando seu pai, Wallace, apareceu na reunião. Eles não se falavam e não se viam há seis anos.
— Meu filho, preciso falar com você — disse Wallace, altivo.
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As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)
ChickLitQuando Lisa perde a sua avó Rose, a única pessoa que entendia seu amor por livros, ela repensa o seu relacionamento nada saudável com um viciado em jogos digitais, o tratamento contra a lúpus que enfrenta, seu emprego sem futuro e sua tendência a pr...