Capítulo 59 Recaída

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Os olhos de Lisa estavam pesados, um pouco era devido às reações de um novo medicamento e também ao fato de ela ter tido uma crise de choro.

Não queria acreditar que aquilo estava acontecendo. Ainda estava tentando recuperar os movimentos das pernas e agora o lúpus tinha afetado outros órgãos internos, além da piora do rim, que já tinha sido comprometido antes. Os exames confirmaram que ela estava com insuficiência renal aguda. As novas informações foram dadas pela doutora Vera, durante consulta.

A reumatologista explicou que Lisa precisaria ser internada e fazer hemodiálise, que é realizada por uma máquina que filtra o sangue, eliminando assim substâncias em excesso, líquidos acumulados e toxinas, fazendo o papel do rim que está comprometido.

Lisa estava cansada de lutar, cansada de internações e da morte a rondando tão de perto, como se espreitasse por buracos de fechaduras e frestas de portas. Almejava terminar de reformar seu sebo, tentar ter uma vida mais tranquila, mas agora precisaria se afastar do trabalho de que tanto gostava, para voltar a viver dias e dias dentro de um hospital.

Ouvir sua mãe chorando também não tinha sido fácil. O que ela sempre temeu era que o lúpus desencadeasse problemas nos órgãos da filha, e isso agora era uma realidade.

E tudo havia acontecido rapidamente, esse era um dos pontos mais pertinentes sobre o lúpus, em pouco tempo a doença pode se tornar crítica e prejudicar algum órgão.

Lisa estava sozinha no quarto, ouviu uma leve batida na porta, que foi aberta, dando espaço para o rosto de Derek.

— Oi — disse ele, com voz baixa, aproximando-se da cama dela.

— Tudo bem, Derek? Desculpe não ter atendido o telefone, estava fazendo alguns exames extras.

— Não se preocupe. Quando você não atendeu, fui na sua casa e encontrei seu irmão Duda. Ele é uma figura e tem um inglês impecável. Fiquei surpreso.

— Sim, insisti para que ele aprendesse desde pequenininho.

— Ele me explicou o que tinha acontecido e me deu o endereço do hospital.

— Você conheceu minha mãe? Ela tá lá fora, né?

— Se for aquela senhora parecida com você, mas que me olhava como se fosse me morder na recepção, sim, eu a conheci.

— Desconsidere o comportamento dela, ela está bem nervosa hoje.

— Pelo que Duda me contou, você está com problemas nos rins e ficará internada. Eu... sinto muito. Será que a nossa viagem causou isso?

— Não, Derek, já havia essa suspeita antes mesmo de você reaparecer na minha vida. Eu estava ficando bem amarela, e os exames foram feitos para confirmar ou descartar esse problema — disse Lisa.

— Eu estou muito chateado que você tenha que passar por isso. Não acho justo. Ainda não consigo compreender o que significa essa doença.

— Eu mesma ainda não entendo, Derek. Ela desencadeia várias reações no corpo de alguém. Na verdade, eu não queria falar sobre ela hoje. Preciso dormir, não quero ser indelicada, mas acho melhor você ir embora.

— Mas eu acabei de chegar e...

— Por favor — disse Lisa, chateada. — Vai ser mais fácil assim, simplesmente saia por aquela porta e pronto. Sem mais falas educadas, sem olhares de culpa. Apenas saia.

— Eu não vou sair. Eu quero te pedir pra me esperar. Decidi que vou voltar para Paris, cumprir com meus próximos compromissos e vou voltar pra cá. Vou passar uma temporada aqui com você. Te ajudar no seu tratamento. Depois, vemos o que a gente faz, mas quero estar aqui com você — disse ele, tocando o ombro dela.

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora