A alta foi dada em uma manhã ensolarada de sexta-feira. Lisa saiu do hospital com uma cadeira de rodas manual emprestada, pois sua mãe havia dito que a sua cadeira automática estava no conserto. Derek não participou de sua saída do hospital e não a visitou em sua casa nos dois dias seguintes.
Ele tinha sido vago, apenas havia avisado, por telefone, que precisava resolver umas pendências e que não poderia vê-la. Quando questionava sua família sobre como tinha sido o tempo de Derek no Brasil, quando ela estava em coma, todos diziam não saber de nada sobre ele. Ela desconfiava que mentiam.
Lisa vestia um vestido vermelho, acima dos joelhos, de alças finas. No lugar de sapatos de saltos, usava uma sandália de tiras baixa. Ainda estava mancando muito e recuperando os movimentos da perna. Na manhã daquele dia, tinha ido ao cabeleireiro, feito um corte no cabelo, que crescia com mais força agora. Quando acordou do coma, ficou atordoada com o fato de ter perdido mais da metade de suas mechas.
Ainda se sentia fraca e não tinha muito apetite, mas sabia que era questão de semanas para voltar ao que era antes.
Carolina a havia chamado para jantar em um restaurante novo da cidade que estava fazendo muito sucesso e tinha relação com livros. Lisa não via Carolina há muito tempo e ficou animada com o convite da amiga, que tinha deixado bem claro que ela deveria se vestir com elegância.
Estava terminando de pentear os cabelos quando ouviu a buzina de um carro.
— Deve ser a Carol! — disse Lisa, levantando-se da cadeira em frente à sua penteadeira e passando para a cadeira de rodas. — Pai! Me ajuda aqui! — gritou.
Em menos de cinco minutos, Lisa já estava no andar de baixo de sua casa, seu pai e o tio Paulo tinham carregado ela em sua cadeira escada abaixo. Depois, eles a ajudavam a entrar no carro dirigido por Carolina.
— Tem certeza que não quer entrar na minha casa, Carol?
— Outro dia eu entro, agora temos que ir para o restaurante top que te falei, não quero perder a reserva.
— Nossa, mas é tão cheio assim? É segunda-feira!
— Estou exagerando na questão do cheio, mas é que estou atrasada. Preciso te levar lá.
— Como assim precisa me levar? Qual é o nome do restaurante?
— Amiga, para de ser tão desconfiada, não confia na Carol?
— Sim, é só...
— Sabe que eu só quero seu bem, não te levaria pra nenhum muquifo. Na verdade, esse restaurante foi decorado por mim. Não tudo, mas grande parte. E um dos donos é um gato.
— Você tá a fim do dono?
— Não! Ele é um amigo. E eu não teria nem chances porque ele é completamente louco pela namorada dele. É daqueles tipos de amor raros, sabe? É um casal que me inspira, me faz acreditar no amor.
— Estou precisando então conhecê-los, porque eu ando bem desiludida quando o assunto é romance.
— Pois não deveria! O Derek é gamado em você!
— Sério? Então por que desde que tive alta ele sumiu? Desapareceu?
— Calma, quando menos você esperar, dá de cara com ele! — disse Carolina, que dirigiu por mais de meia hora antes de estacionar o carro em frente ao sebo, em que Lisa era sócia.
— Por que parou aqui? — perguntou Lisa, enrugando a testa ao perceber que estavam diante da loja de livros, mas que estava com a fachada transformada. Só reconheceu o local devido a porta sanfonada, que ainda estava pichada. — O que a gente tá fazendo aqui? — insistiu Lisa, confusa.
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As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)
ChickLitQuando Lisa perde a sua avó Rose, a única pessoa que entendia seu amor por livros, ela repensa o seu relacionamento nada saudável com um viciado em jogos digitais, o tratamento contra a lúpus que enfrenta, seu emprego sem futuro e sua tendência a pr...