Capítulo 55 Cruzando o Atlântico

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A esteira rolante trazia a mala preta de porte médio de Derek no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ele a pegou, dispensou o carrinho e rolou a mala pelo piso nivelado do aeroporto.

Quando saiu pelo portão de desembarque, não viu Rafael, que ficara de buscá-lo no aeroporto. Apesar da família do brasileiro morar em Campinas, ele havia se mudado para São Paulo, onde havia mais ofertas de emprego na sua área.

Depois de Rafael deixar a França, havia convidado Derek para visitá-lo no Brasil um dia. O escocês agradeceu o convite e nunca imaginou que, em tão pouco tempo, voltaria a ver o amigo.

Após ele ter descoberto a doença de Lisa, Derek não conseguiu parar de cogitar vê-la. Sabia que havia se passado muito tempo, que as coisas entre eles não eram mais as mesmas, mas sentiu que precisava vê-la, dizer que ela não era desprezível como ele havia dito ao telefone. Queria que ao menos pudessem ser amigos, saber de tempos em tempos se ela se recuperava. E, para isso, precisavam esclarecer as coisas.

— E não é que o meu amigo Derek veio ao meu país tropical? — disse Rafael, em inglês.

— Rafael! Como você está? — perguntou Derek, surpreso por não ter visto o brasileiro que estava bem ao seu lado.

— Pensou que eu deixaria meu chefinho do coração aqui abandonado no aeroporto?

— Você não tem noção de como eu estava louco pra sair desse avião. Foram mais de doze horas, nunca havia ido a nenhum lugar tão longe assim.

— Você está literalmente quase do outro lado do mundo, brother. Vamos? Meu carro está no estacionamento. Quer ajuda com essa mala?

— Não, está leve. Onde você mora mesmo?

— Moro no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Divido o apartamento com mais um colega. Estou trabalhando em um restaurante como sub-chef, é um bistrô francês ainda em ascensão. A sua carta de recomendação ajudou muito. Não é meu emprego dos sonhos, mas estou feliz lá.

— Que bom, fico contente em ter ajudado. O Liam mandou um abraço para você.

— Aí sim! Mas por que você vai ficar só uma semana? Queria ter tempo pra gente viajar para alguns lugares. Mas, como é um trabalho novo, não consegui folga alguma.

— Em outra ocasião, a gente viaja. Agora vim mesmo para encontrar com a Lisa. Você sabe onde ela mora?

— Sei onde ela trabalha. Te disse que levei minha irmã lá um dia. Mas ela não sabe que você vai visitá-la?

— Se eu avisasse, ela não iria aceitar me ver. Vamos de surpresa mesmo. Pensei em amanhã já ir no trabalho dela.

— Não poderei te acompanhar, vou trabalhar.

— Tudo bem. Eu pego um táxi. Você apenas precisa me passar o endereço. Você tem o telefone dela aqui do Brasil?

— Eu não tenho, mas a Carolina tem. Quer que eu peça pra ela?

— Não, ela pode desconfiar, saber que estou aqui. É arriscado ela contar pra Lisa e ela fugir de mim de novo.

— Como combinado, não contei nada pra minha irmã sobre a sua visita.

— Obrigado, Rafael. Pela hospedagem e pela amizade.

— Deixa disso, você só tem que me prometer que vai me deixar te levar a alguns restaurantes de São Paulo. Tem uns muito bons!

— Fechado.

O lugar era bem estranho e bagunçado, na opinião de Derek. Reparou que o estabelecimento não tinha placa com nome. Gostou da rua, era bonita, larga, movimentada. Um lugar agradável, mas o sebo não acompanhava a elegância dos demais estabelecimentos comerciais.

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora