Capítulo 59 A volta das barbatanas e brânquias

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Após cerca de 20 minutos, estava com os cabelos presos em uma toalha e se cobria com uma outra. Estava assustada, a quantidade de cabelos no ralo do banheiro era maior do que a de costume. Sabia que poderia ser um dos sintomas de que o lúpus estava ativa em seu corpo.

— Derek! Terminei — avisou ela, esperando ele abrir a porta. — Eu disse que eu dava trabalho — avisou quando o viu entrar no banheiro.

— E eu avisei que não me importava em ajudar. Levante o braço — pediu ele, segurando-a da forma mais confortável possível. Derek a levantou e, depois, depositou-a em cima da cama e disse que iria tomar banho, pegou uma toalha e alguns pertences e entrou no banheiro.

Lisa colocou uma camisola leve azul-royal, com babado de renda azul-claro, secou os cabelos com o secador. Estava muito calor, mas o quarto não tinha ar-condicionado. Ela ligou um ventilador de tamanho médio.

Derek saiu pela porta do banheiro, depois do banho, com os cabelos molhados e vestindo apenas uma bermuda de malha verde-musgo.

— Lisa, eu vou comprar água e alguma coisa pra comer — avisou.

— Eu não estou com fome agora.

— Mas pode ficar, por isso, vou comprar algo. Quer alguma coisa?

— Se você achar, eu quero fruta, qualquer uma.

— Tá, você quer algum refrigerante?

— Não, mas acho que um repelente ia bem. Tem alguns mosquitos aqui.

— Ok. Eu já volto — disse ele, saindo pela porta com postura cabisbaixa.

Lisa percebeu que, desde que saíram do museu, Derek estava estranho, parecia triste. Falava apenas o básico.

Queria tentar cogitar os prováveis problemas dele, mas estava tão cansada... Deitou-se, cobriu-se com uma manta leve e adormeceu.

Haviam se passado mais de seis horas quando Lisa abriu os olhos e viu apenas escuridão.

Lembrou-se de que estava esperando Derek voltar com algumas compras, mas, ao olhar para a cama à sua direita, viu-o deitado, ainda apenas de bermuda, não usava nenhum tipo de coberta. Percebeu que não havia mosquitos como na hora que ela fora dormir, ele havia colocado na tomada uma espécie de repelente moderno que acendia uma luzinha azul.

Ela consultou seu celular e viu que já era quase quatro horas da manhã.
Olhou para ele e se sentiu decepcionada. Por que ele não a acordara? Poderiam ter tido mais tempo juntos — pensou.

Cogitou que, talvez, ele só a visse como um antigo amor que agora não passava de uma amiga. Talvez, ele estivesse evitando que acontecesse algo entre eles. Ela imaginou se a sua doença era o motivo para ele não se aproximar dela, como no fundo ela ansiava.

— O que está pensando? — perguntou ele ainda com os olhos fechados, para surpresa de Lisa, que achava que ele dormia.

— Como sabe que eu estava acordada?

— Porque o compasso da sua respiração mudou — disse ele, abrindo os olhos e a encarando.

— E por que você não está dormindo? — rebateu ela.

— Não consigo, não consigo parar de pensar.

— Sobre o quê?

— Se eu fiz certo em viajar. Se eu não errei em voltar a me aproximar de você. Me questiono se o prudente não era ter ficado onde estava, em Paris.

— Por que está falando isso pra mim? Guarde com você esses seus questionamentos perturbadores — mandou Lisa, irritada. — Não sou o que esperava, não é mesmo? Achou que eu apenas teria que tomar alguns remédios de oito em oito horas e tudo estaria bem. Não imaginou que eu estava nessa situação.

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora