Capítulo 50 Torre de Babel

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Quando voltavam juntos para Londres de trem, Lisa se sentia em paz diante dos esclarecimentos de Derek. Estavam de mãos dadas, sentados um do lado do outro, sendo que ela estava em uma poltrona que ficava ao lado do corredor. 

— Temos que conversar sobre a sua ida ao Brasil. Não seria melhor você adiar? Deve ter mais de um mês como turista na Europa. Podemos nos conhecer mais, passar mais tempo um com o outro. Fique, por favor — pediu Derek. 

— Eu realmente preciso ir, Derek. Depois de um tempo, posso tentar voltar, talvez consiga visto como estudante. Prometo que pesquisarei alguns cursos na França, talvez na Irlanda, Inglaterra ou Escócia, pois sou fluente em inglês. Vamos esperar e ver como as coisas vão ficar entre nós. Pode ser? 

— Não, não pode. A gente faz assim: você vai e eu vou te visitar em, no máximo, um mês. Quero conhecer sua família. Depois que eu voltar, você termina de resolver as pendências por lá e vem de vez. Eu pesquiso sobre as possibilidades de visto para você e te ajudo no que for preciso. 

— Eu não sei como isso funciona. 

— Também não tenho muitas informações, mas vou atrás. Você pode estudar em Paris, aprender a língua, pode ficar lá comigo. Te darei todo o suporte que precisar. 

— Derek, isso é muito sério! A gente mal tá namorando. 

— Calma, a gente vai se conhecer mais antes. Estou falando em um futuro próximo. Caso ambos estejamos de acordo. 

— Caramba, é muita informação. Muita loucura tudo isso. Como a gente vai fazer dar certo? 

— Eu não sei, a gente pensa nisso depois. Agora a única coisa que importa é eu te ter aqui comigo. Você ainda não foi embora, para meu alívio — disse ele, beijando-a de forma lenta de início e, gradualmente, intensificando o beijo. 

Primeiro veio uma tontura leve e, depois, ela simplesmente sentiu uma fraqueza descomunal. Uma fadiga intensa. Empurrou-o para longe dela, precisando de ar. Tentou levantar-se para ir ao banheiro com a ideia de lavar o rosto para ficar mais desperta. Quando conseguiu ficar em pé, despencou desmaiada no chão do trem. 

Derek a socorreu, pegou-a rapidamente nos braços e a deitou nos bancos do coletivo. Ele a tocava no rosto e chamava pelo nome. Em menos de um minuto, ela abriu os olhos. 

— Graças a Deus! — disse Derek, aliviado. 

— Está melhor? Consegue me ouvir? 

— O que aconteceu? — perguntou ela, atordoada. 

— Você desmaiou. E, ao tocar em você, percebi que está febril. Será que o problema que teve em Dublin voltou? Vamos ao médico ao descermos do trem. Você precisa de cuidados e... 

— Não! Eu vou viajar amanhã mesmo. No Brasil, prometo que vou ao médico. 

— Mas você não parece bem! E tem essa mancha no seu rosto. Será que você está com alergia de algo? — perguntou, preocupado. 

— Mancha? Que tipo de mancha? — perguntou ela, pegando um espelho dentro da bolsa de forma desesperada. Ao ver o reflexo de seu rosto, esforçou-se para não chorar na frente de Derek. A mancha ainda era muito clara, mas ela sabia que formato estava tomando. Logo a borboleta iria surgir novamente. 

Ela havia se descuidado da pele nos últimos dias, não passou protetor solar e os dias na Irlanda e Inglaterra estavam ensolarados, bem atípico para essas regiões, que viviam cinzentas e chuvosas. A mancha em formato de borboleta, comum nas pessoas que possuem lúpus, havia voltado, e ela estava torcendo para ela logo ir embora, não era um bom sinal. 

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora