Capítulo 40 Um bom nadador

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A sala da casa em Dun Laoghaire estava repleta de gente, a maioria dos moradores da casa iria na festa de aniversário de Liam, mesmo quem não o conhecia, como era o caso de Chain e de Petrich, o polonês que também morava na hospedaria. O aniversário seria celebrado em uma casa noturna localizada no Temple Bar.

Lisa e Carolina ainda desciam as escadas, quando Lisa passou os olhos pela sala e não viu Derek, mas vizualizou Alana e Carmem conversando com Chain. A francesa estava com um vestido amarelo curto e justo, que revelava as suas costas magras e eretas. Ela tinha nas mãos um casaco de pele preto para jogar por sobre os ombros quando saísse da casa. Lisa ficou extremamente grata por Carolina ter ajudado com a escolha da roupa; estava se sentindo elegante e confiante.

O vestido que ela usava era um pouco mais recatado que o da francesa, ficava um pouco acima do joelho e era rodado, todo preto. O corpo do vestido era justo, as mangas eram na altura dos cotovelos, no ombro era repleto de pedras prateadas, dando um ar moderno. Lisa usava uma sandália prata que combinava com as pedrarias do vestido. Carolina havia feito escova nos cabelos de Lisa, que estavam escorridos e quase chegavam no meio das costas. A maquiagem era puxada mais para o preto, com um toque de rosa queimado, que era a mesma cor de seu esmalte.

— Amiga — chamou Carolina, quando elas estavam quase terminando de descer as escadas, faltavam apenas dois degraus —, não é porque a Carmem tá arrasando nesse vestido glamouroso, que eu preciso saber onde ela comprou, que deve ficar cabisbaixa. Você está linda!

— Eu sei, Ca. Confio no seu potencial como minha personal stylist — disse Lisa sorrindo. — E você também está deslumbrante — comentou, admirando o vestido azul brilhoso de Carolina, na altura das coxas e decotado.

— Vocês estão ótimas, meninas! — disse Chain, aproximando-se delas. A chinesa vestia jeans rasgados, uma blusa cinza com lantejoulas e um scarpin preto.

— Tá elegantérrima, Chain! — disse Lisa.

Uma buzina estridente se fez ouvir.

— Ele chegou. Vamos? — disse Carmen, abrindo a porta.

— Quem chegou? — perguntou Carolina.

— Derek foi abastecer o carro. Ficou de buzinar pra gente ir. Vamos nos dividir nos carros do Derek e daquele polonês que mora aqui. Corram, porque já estamos atrasados.

Quando Lisa saiu pela porta principal da casa, viu Carmem sentar no banco da frente do carro de Derek, que logo saiu pela porta do motorista e foi em direção a ela.

— Preciso falar com você — avisou ele, pegando-a pelo braço de forma delicada e a conduzindo para um local mais afastado do jardim. — A gente nem teve tempo de conversar muito depois do nosso encontro de ontem. Queria saber se você estará confortável hoje à noite pra ficar ao meu lado. Eu posso... sei lá, te beijar, pegar na sua mão? Essas coisas que os caras fazem com as garotas que gostam? — disse ele, um pouco receoso.

— Eu sinto ter que dizer isso, mas o Ethan vai estar lá. Enfim, não acho que seria uma boa ele ver a gente junto, não hoje.

— Quer que a gente se comporte como amigo?

— Tudo bem pra você?

— Tudo bem, eu aceito porque você tá pedindo e pra não ficar recebendo olhares de ódio do Ethan, mas não era isso o que eu queria.

— Não quero que pense que eu não quero...

— Eu posso fazer isso, não se preocupe. Prometo ser discreto nos momentos em que te sequestrar na pista de dança para te agarrar embaixo da mesa.

— Engraçadinho — disse Lisa, observando que Carmem havia abaixado a janela do carro e olhava para os dois. — Preciso saber sobre uma coisa.

— O quê?

— Carmem.

— O que tem ela? — perguntou ele, logo escutando seu nome ser pronunciado.

— Vamos, Derek! — chamou a francesa.

— Tipo isso — disse Lisa.

— Já vou! — respondeu ele, um pouco irritado com a interrupção. — Você acha que eu e a Carmem... Eu não tenho mais nada com ela há meses. Somos só amigos!

— Meses?

— Ficamos juntos algumas vezes, mas isso vai fazer quase um ano. Não chegamos nem a namorar, avisei que não estava a fim de compromisso sério e nos afastamos como amigos. Até cheguei a sair com uma colega dela depois e foi ela que apresentou. Ela tem uma mente bem aberta, sabe?

— Mente aberta?

— Isso mesmo.

— Me poupe, Derek.

— Nunca pensei que iria dizer isso, mas está com ciúmes?

— Ciúmes seriam o tipo de sentimento que você tem com relação ao Ethan?

— Sim, é isso o que eu sinto — confessou.

— Talvez eu sinta o mesmo. Não tenho certeza — mentiu ela, sabendo exatamente que sentia ciúmes. — Só não quero estar no meio de uma situação que envolva uma terceira pessoa. Não é o meu estilo.

— E eu sempre soube do seu lado correto. Jamais te colocaria em uma situação dessas. Não se preocupe, eu só quero você — disse ele, aproximando-se dela.

— Que bom, porque eu também quero só você — falou ela, dando passos para trás para não deixar ele chegar muito perto. Voltou-se para caminhar na direção do carro.

— Li — chamou ele, que ainda estava parado no mesmo lugar.

— O quê? — perguntou ela, voltando o rosto para ele, sorrindo.

— A propósito, você está linda hoje. Daqueles tipos de beleza que deixa a gente com vontade de dançar na chuva.

— Na chuva eu não digo, mas eu ficaria muito feliz de dançar com você hoje.

— Fique sabendo que eu não danço bem.

— Eu também não, você mesmo disse em um passado não tão distante que eu parecia uma mola desengonçada dançando.

— É porque uma mola reconhece outra, mas isso só me mostra que a gente é perfeito junto.

— Tô bem propícia a embarcar nessa sua vibe otimista.

— E quero te informar que estou me convidando pra ir para Londres com você. Sei que vai voltar pra Irlanda depois e poderemos ficar juntos muito mais tempo, mas não queria ficar longe de você nenhum dia mais. Tenho a sua autorização pra comprar meu voo? Pensei em comprar amanhã mesmo.

— Eu ia amar ter você como companhia para ir pra Londres, mas tem uma coisa que você não sabe e eu preciso te contar.

— Pode falar — disse ele, com o semblante preocupado.

— Eu vou voltar para o Brasil em alguns dias, tive que adiantar minha passagem.

— Mas você comentou que ainda ia viajar pra Portugal e pra Espanha! — lembrou Derek, alarmado.

— Preciso resolver alguns problemas pessoais, prefiro não entrar em detalhes.

— Vou respeitar tua vontade, mas precisamos conversar depois sobre como faremos.

— Como faremos o quê?

— Não vou deixar você ir embora assim para logo me esquecer. Acho que a gente tem que achar alguma solução pra ficarmos juntos, nos conhecermos mais.

— É isso mesmo o que você quer? Nem ousei cogitar a possibilidade de continuarmos juntos, não com um oceano nos separando.

— Não se preocupe, sou um bom nadador!

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora