Capítulo 71 Anel entre páginas

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Depois de terem visto quase todo o espaço, ele parou a cadeira de frente para a prateleira no centro do sebo que, diferentemente das outras, não tinha nenhum livro. 

— O que acha dessa estante? — perguntou Derek, ao mesmo tempo que se levantava com ela no colo e depois a sentava em uma cadeira, ficando de pé ao lado dela. 

— Tá vazia! Não necessariamente precisamos colocar livros nela, como essa prateleira é menor e é toda estilosa, poderíamos colocar alguns enfeites — sugeriu Lisa. 

— Na verdade, já temos os livros pra colocar nela. Quer dizer, você tem. 

— Tenho? Quais? — ela perguntou. 

— O Duda separou para mim alguns livros que estavam no seu quarto. São esses aqui — disse ele, pegando uma pilha de livros, que estavam em cima de um pufe bege ao lado da prateleira branca. 

 — Do meu quarto? 

— Como você deve ter percebido, nossos empreendimentos estão ligados. São basicamente dois serviços diferentes, mas as casas dos sete escritores os une, o cardápio envolve os escritores. Coloquei a palavra casa no singular, no nome desse espaço, porque aqui todos esses autores se intercalam, se encontram, por meio de seus livros. É a casa deles de alguma forma.

— Certo...

— O restaurante tem o cardápio para justificar o nome e, assim, deve ser com o seu sebo. Por isso, eu preparei um espaço especial para os seus livros, os seus textos mais queridos. Não sabia exatamente qual livro dos escritores que você mais gostava, então Duda escolheu de forma aleatória. 

— E eles devem ficar nessa prateleira. 

— Isso mesmo — explicou, ao mesmo tempo, em que pressionava um pequeno interruptor e acendia várias luzes que iluminavam a prateleira e seu entorno, revelando quadros nas paredes com fotos reais das casas dos escritores, as residências visitadas por Lisa e até mesmo as que ela ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer. As imagens estavam molduradas por quadros dourados. 

— Sei que você ainda não visitou todas essas casas, mas não se preocupe, a gente vai junto. Eu te prometo — disse ele, olhando-a intensamente, mas ficou preocupado porque, por alguns minutos, ela não falou nada. 

Apenas pegou os livros das mãos de Derek e os colocou no suporte, deixando cada um embaixo do quadro da casa do escritor correspondente. Faltou o livro de Cora Coralina, que seria o livro central da prateleira. Lisa olhou curiosa para Derek. 

— Tá faltando o da Cora, você esqueceu? — falou Lisa, quebrando o longo silêncio. 

— Sou um ser humano perfeccionista. Não tive tempo de pintar a porta do estabelecimento, mas jamais esqueceria de separar um livro da minha recente amiga Cora. Não me permitiria falhar assim. Espere só um minuto. 

Derek voltou para o escritório de Lisa e tirou um embrulho da gaveta da mesa de carvalho. Quando voltou, entregou o pacote para ela, que, de forma ansiosa, desamarrou o laço dourado e rasgou o papel pardo. Era um livro de poemas de Cora Coralina. Era um livro novo, não usado como os demais. 

— Por que você escolheu Cora Coralina? Por que não Jane Austen ou Oscar Wilde? Você esteve comigo nas casas deles também. 

— Foi no dia em que visitamos a casa dessa escritora que eu amei você de uma maneira que não tinha feito antes. Que eu tive a noite mais louca e completa da minha vida, que eu descobri que tenho barbatanas e brânquias. Foi quando te tive por completo. 

— Essa noite também foi muito especial pra mim — confessou Lisa. Derek sentiu certa dificuldade para respirar, puxou o ar de forma intensa e o soltou devagar. Lisa não pôde deixar de perceber que as mãos dele estavam inquietas ao longo do corpo, chacoalhavam de leve. Ele fechou os olhos e, ainda com eles cerrados, fez um pedido a Lisa: 

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora