Capítulo 22 Xeque-mate da rainha

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Liam também tentou não rir, mas falhou. Acabou dando uma gargalhada solta. 

— Desculpe... é Lisa, né? 

— Isso mesmo — respondeu ela. 

— Lisa, desculpe rir dessa maneira, é que sou amigo do Derek faz tempo e nunca vi o cara perder para ninguém. Tudo bem que ele nunca jogou em nível profissional, mas ele é realmente muito bom.

— Minha proposta ainda está de pé — disse ela, ignorando o comentário de Liam. Todos ficaram em silêncio por alguns segundos. Derek ficou surpreso com a sugestão dela. Ele imaginou que ou a garota gostava de se expor ao ridículo ou ela realmente era boa no jogo, sendo que essa última alternativa se mostrava bem remota para ele. 

— O que foi? Está com medo de perder para a garota de tatuagem de henna, sapatos de pontas sujas e cabelos manchados? 

— Orra, Derek. Se eu fosse você, ficava com medo — zombou Liam.

— Tudo bem — respondeu ele por fim. 

— Não dispenso um jogo de xadrez, seja com quem for. 

— Ótimo! Vamos de bullet chess? — perguntou ela, surpreendendo-o. Se ela sabia alguns nomes relativos ao jogo, talvez não fosse tão ruim assim, o que o animou. Detestava jogar com pessoas que só sabiam as regras, mas jogavam às cegas sem estratégia alguma. 

— Tudo bem. Você é que manda. Um pequeno suspiro escapou de Lisa. Ela estava receosa, por isso, sugeriu um estilo de jogo considerado um xadrez relâmpago em que as jogadas devem ser realizadas de forma rápida, em apenas um minuto. Lisa havia percebido que, apesar de jogar bem, Derek gostava de pensar bem suas jogadas, típico de jogadores acostumados a jogos mais demorados que, às vezes, até levavam horas.

Como estava habituada a jogar com a avó o xadrez considerado relâmpago, estava acostumada a jogadas ligeiras. O que talvez a deixasse com alguma vantagem sobre Derek. Lisa sentou-se em uma cadeira nada confortável, antes ocupada por Alana. Derek posicionava as peças no tabuleiro, enquanto as pessoas ao redor faziam apostas de 10 euros. 

Apenas Carolina apostou em Lisa, o que a deixou insegura, realmente quase todo mundo achava que ela iria perder, o que lhe pareceu o provável agora que sentia um frio na barriga e uma insegurança sem tamanho. 

— Vocês dois deveriam apostar também. Não com dinheiro, mas uma aposta mais divertida. Vamos lá! — incentivou Liam. Derek fitou Lisa e, espreitando o olhar, fez sua proposta. 

— Se eu ganhar, você faria uma tatuagem de verdade? Pode ser pequena. 

— Não — respondeu enfática.

— Está com medo de perder?

— Realmente não gosto de tatuagem e não tenho coragem de enfiar agulhas na minha pele. Não vou fazer por causa de um jogo simples. 

— Então o que sugere? Lisa já estava planejando pintar os cabelos de uma cor só, na verdade queria voltar para a cor natural: castanho-escuro. Antes mesmo de Derek comentar sobre as manchas de seu cabelo ela já planeja pintá-los, ou seja, se perdesse, não faria nada forçado ou que a desagradasse, mas ele não sabia disso. 

— Pinto meu cabelo de uma cor só, eliminando essas mechas que tanto te desagradaram. O que acha? — Não vejo muita vantagem para mim nessa proposta, mas talvez seja a única boa ação que eu faça esse ano, então, aceito, para o seu próprio bem — disse ele, encarando-a. 

— E você, o que vai querer de mim? — perguntou. 

— Também quero fazer uma boa ação. Se eu vencer, quero que leia O Sol É Para todos, de Harper Lee. Tem uma mensagem bacana sobre preconceito e falta de vergonha na cara. — Aceito. Não vou ler nada, porque você não vai ganhar mesmo. 

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora