Capítulo 7 Despedidas

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As unhas de Lisa estavam todas roídas, ao ponto de doer a carne embaixo delas e arruinar a pintura roxa, feita caprichosamente por sua irmã na tarde do dia anterior. A partida aconteceria no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Uma mala grande já tinha sido despachada, rolando solitária por uma esteira que Lisa não conseguiu imaginar onde teria fim. Seu bilhete dava direito a duas malas de 32 quilos cada, mas ela optou por levar somente uma, que na verdade pesava 28.

Nunca foi de juntar muita coisa mesmo, na verdade sempre viveu bem com pouco, tinha parcos pares de sapatos, alguns jeans e camisetas, além de pijamas. Sempre foi louca por pijamas, era o presente que mais gostava de ganhar.

Estava nervosa, afinal, era a primeira vez que viajaria de avião e nunca imaginou que seria logo para um destino tão distante.

Com apenas uma mochila, Lisa entrou na fila para passar pelo equipamento de detector de metais, no portão de embarque. Era sábado puderam ir até o aeroporto. Lisa se despediu deles com abraços, depois foi a vez de seus dois irmãos e do tio Paulo.

— Tchau, galera. Se cuidem. Não façam nada que eu não faria. Ou melhor, façam, se quiserem sair do lugar — disse saber falava uma frase dessa em uma despedida no aeroporto.

Desviou os olhos de sua chorava de forma bem expressiva e barulhenta com a cabeça encostada no ombro de seu pai, apenas tinha um semblante sério.

Duda secava algumas lágrimas e era enlaçado por trás pelos braços de Camila.

— Vai, se manda logo, garota. Deixa que eu cuido desses dramáticos aqui. Aproveita! — disse a irmã dando um sorriso cúmplice, tão raro entre as duas.

Lisa tinha certeza de que, se sua avó ainda estivesse viva, também estaria ali, feliz por ela finalmente sair de sua zona de conforto. O pensamento a fez apertar a alça de sua mochila que estava jogada sobre as costas, ao ponto de sentir dor nas dobras dos dedos.

Deu uma última olhada para seus familiares e, com um meio sorriso, virou o corredor seguinte. Após andar mais alguns metros, voltou-se para trás, ainda dava para ver de longe sua família. Todos espremidos para caberem em uma pequena fresta que era o único local com visão de onde ela estava. Deu um último aceno, sentiu a garganta como que fechar, e virou a próxima curva, perdendo o contato visual com sua família.

Quando chegou a sua vez de passar pelo detector de metais, um apito chato se fez ouvir. Quis enfiar a cabeça em um buraco, ficou com medo de alguém ter colocado alguma coisa escondida nos bolsos. Foram muitas as vezes que assistiu reportagens de televisão sobre como algumas pessoas eram usadas para o tráfico de drogas internacional.

Do jeito que se considerava azarada, imaginou que facilmente poderia ser uma vítima. Apalpou os bolsos preocupada. No desespero, olhou até mesmo por cima do decote de sua blusa de manga comprida amarela. Pensou que geralmente é em lugares improváveis que o que não deve estar simplesmente está.

Uma senhora de cabelo loiro escuro, segurança do aeroporto, pediu que ela retirasse o cinto. Olhou aliviada para o acessório, que tinha uma imensa fivela redonda. Na segunda tentativa, nada de apitos.

(Agradeço por ter chegado até aqui na leitura... Continue!Bjos!)

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