Capítulo 45 Decepções e uma lua

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Ethan agora estava sentado em uma cadeira na cozinha. Não havia mais clientes no pub, e Lisa pediu para Catriona fechar as portas. Também mandou o chef do pub ir para casa. Ethan tomava água, e Lisa utilizava a caixa de primeiros socorros do estabelecimento para tentar cuidar dele. 

Depois de limpar as feridas, ela havia passado um remédio que o próprio Ethan indicou e, agora, colocava curativos nos machucados mais profundos, que ainda sangravam no rosto dele. Após ­o trabalho feito, Lisa sentou-se no chão, no mesmo lugar que havia sentado no dia em que ajudara Derek na cozinha. Olhava para Ethan na cadeira e reparou que o rapaz aparentava estar bem triste. 

— Obrigado por me ajudar. Não esperava que ficasse do meu lado. Eu ouvi quando você escolheu ficar comigo a ir com ele. Achei que você tivesse caído em suas garras, ainda bem que estava enganado, que não tem sentimentos por ele. 

— Não é questão de sentimentos. Apenas você precisava de mais ajuda do que ele. Ele saiu daqui andando, você estava quase desacordado. 

— Eu deveria processá-lo. Olha o estado da minha cozinha! — disse Ethan, dando um murro na mesa que estava à sua frente e logo gemendo de dor por ter machucado a mão que já estava lesionada. 

— Ethan, sei que você quer ir pra sua casa agora, talvez até para um hospital, mas, em nome do pequeno favor que te fiz ao limpar algumas feridas, gostaria de saber o que foi que realmente aconteceu aqui. 

— São coisas que envolvem minha família. Não sei se posso contar. 

— Tudo bem, mas, ao menos, gostaria de saber que tipo de relacionamento você tem com Derek. Ele é tão amigo do seu irmão, por que vocês estavam brigando? — perguntou. 

— Eu era o sócio do meu irmão no bistrô. Derek era chef e ficou ambicionando o meu lugar. Tanto fez, causou tantas discórdias entre mim e meu irmão, que acabou conseguindo entrar na sociedade, mesmo eu sendo contra — disse Ethan, abaixando a cabeça. 

— Por volta do tempo que você chegou em Paris eu tentava impedir essa situação. 

— Você poderia me responder uma última pergunta, de forma sincera? 

— Sim. Eu te devo isso. 

— Você acha que Derek poderia ter se aproximado de mim para te ferir? 

— Tenho absoluta certeza. Ele me disse que faria isso, inclusive. 

— O quê? Como assim? Quando?

— Não lembro bem agora, mas que ele falou ele falou. Ele aproveita qualquer chance para me irritar. Temos uma rivalidade nada saudável. Desculpe te dizer isso, mas ele viu que eu tive interesse pela sua pessoa e deu em cima de você. Talvez isso até mesmo antes de Dublin. 

Deve ter planejado isso desde Paris. Havia no celular de Lisa diversas ligações perdidas de Derek. Preferiu ignorar. Pegou o ônibus de volta para onde estava hospedada, depois de se despedir de Ethan.

Os ônibus da Irlanda tinham dois andares. Após pagar a passagem, ela subiu uma estreita escada e foi para o andar de cima. Como previu, estava quase vazio, com exceção de uma moça que sentava no fundo. Lisa acomodou-se na primeira poltrona do lado direito do coletivo, ao lado da janela. 

Encostou a cabeça no vidro e olhou a vista. O ônibus passava perto da rua comercial Grafton Street, ela conseguiu ver algumas lojas já fechando as portas e até mesmo um músico de rua que guardava seu equipamento de som em uma maleta de madeira pintada de amarelo. Lisa pensou em como sentiria saudades daquela cidade. 

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora