Independente do que acontecesse com Lisa, Derek decidiu continuar no Brasil. Gostava de ter seu próprio restaurante em São Paulo, um dos polos gastronômicos mais completos do mundo. Ele até mesmo havia começado um curso em cozinha brasileira em uma das melhores escolas do país.
De forma gradativa, estava deixando a cozinha ao cargo de Rafael, pois o seu professor, dono de um conceituado restaurante, o havia chamado para trabalhar com ele. Avisou Rafael que era provisório aquele emprego, era mais uma maneira de se tornar mais conhecido na área gastronômica da região. Visitava Lisa com menos frequência, pois agora trabalhava mais. Além disso, com o estado dela piorando, não estava sendo fácil vê-la cada vez mais cercada de aparelhos que antes ela não precisava.
A última vez que Derek havia visitado Lisa tinha sido há dois dias, estava ansioso para vê-la novamente. Quando entrou na área da UTI, percebeu que a recepcionista o olhava com olhos arregalados. Achou estranho. A segurança do local encarou-o intensamente, logo que ele chegou na recepção. Sentiu um arrepio na espinha. Imaginou que algo fora do normal havia acontecido.
— Ela morreu? — perguntou-se, sem coragem de entrar na UTI e constatar isso ao ver o leito dela vazio ou, pior, ver seu corpo sem vida como havia acontecido com sua mãe.
A segurança continuava olhando pra ele. Ficou nitidamente perturbado, olhando para os lados. Sentou-se e ficou paralisado. Não queria entrar, não queria saber, não estava pronto pra ouvir essa notícia e nunca estaria. Colocou as mãos sobre a cabeça. Começou a sentir os dedos dormentes.
Ouviu a porta da UTI se abrir, levantou o rosto rapidamente, viu a enfermeira que constantemente cuidava de Lisa. Ela também olhou pra ele.
— Ah, não! Não! — disse ele, pesaroso.
Não queria ouvir a notícia. Depois não poderia mais voltar no tempo, nada seria como antes. E realmente não seria mesmo. Sentiu uma mão em seu ombro. Imaginou que era a enfermeira, mas, quando olhou para cima com os olhos já vermelhos, viu Camila, a irmã de Lisa. E ela sorria.
— Por que tá sorrindo? — perguntou ele, sem entender. Imaginou se ela tinha entrado em estado de choque. — O que aconteceu?
— Aconteceu o que a gente queria: ela acordou — disse a garota, tampando a boca com a mão e começando a chorar.
Derek demorou alguns segundos para entender. Olhou para a enfermeira e a segurança. Elas ainda olhavam pra ele, mas sorriam. A segurança secava o rosto com um lenço de papel.
— Ela acordou? Viva? Quer dizer, se acordou é porque tá viva. Eu... Sério, mesmo?
— Lisa acordou há apenas duas horas. Está bem, um pouco confusa. Não está mexendo o corpo e o rosto, também não fala, mas a médica diz que ela vai melhorar com o tempo e com os tratamentos corretos. Ela ainda está bem confusa.
— Acordou assim, do nada?
— Sim! Simplesmente abriu os olhos. Não estou acreditando nisso!
— Será que ela lembra de mim? Assisti um filme uma vez que a garota esquecia o cara e... — disse ele, nervoso.
— Se não lembra, vai lembrar. Vamos pensar positivo.
— Ela acordou? — perguntou ele, novamente, enfim compreendendo o que tinha acontecido.
— Sim! — gritou Camila, logo sendo abraçada por Derek e rodopiada no ar por ele.
Os dois choraram juntos. Ele sentiu braços pequenos o rodeando. Era Duda, que havia chegado. Abraçou o garoto. De canto de olho, viu Teresa e Francisco entrarem apressados no local, emocionados. Os dois foram ao encontro deles e todos se abraçaram.
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As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)
ChickLitQuando Lisa perde a sua avó Rose, a única pessoa que entendia seu amor por livros, ela repensa o seu relacionamento nada saudável com um viciado em jogos digitais, o tratamento contra a lúpus que enfrenta, seu emprego sem futuro e sua tendência a pr...