Capítulo 24 O beijo

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De súbito, Lisa pegou o copo e bebeu tudo de uma vez só, constatou que a bebida era fraca, era mais refrescante que alcoólica. Por instantes, esqueceu que era bom evitar bebidas. Quando Derek estacionou à sua frente, ela se virou e apoiou uma das mãos na grade que circundava o barco e, com a outra, estendeu o copo vazio para ele.

— Um presentinho para você. É algo bem merecido — disse Lisa, sorrindo de lado e já sentindo o efeito da bebida tomada de uma vez só; ficou levemente tonta. Ele calmamente pegou o copo da mão dela e colocou em uma pequena mesa que estava vazia ao lado esquerdo deles.

— Você merece uma certa punição por beber a bebida alheia — disse ele, se aproximando ainda mais. Ela não se afastou, parecia que seus dedos congelaram ao segurar a barra de ferro.

— Você vai fazer o quê? Me jogar no rio? — disse ela, olhando para a água que se movia lentamente e se arrependendo de ter dado a ideia.

— Não, isso seria muito óbvio, quero surpreender.

— Se quer me surpreender, é só começar a agir como um ser humano gentil, normal.

— Você quer gentileza? Normalidade? Eu posso ser gentil, mas sei que, depois de um tempo, não vai ser isso que vai te fazer lembrar de mim. Ele a encurralou na beirada do barco, e ela perdeu um pouco o equilíbrio, foi quando ele a segurou pela cintura e colou os lábios nos dela.

Foi algo inesperado. Ela sentia um misto de choque e alívio ao mesmo tempo. Era como se ela esperasse por aquilo, mais do que isso, precisasse. Não ofereceu resistência, simplesmente deixou a raiva se esvair em um beijo gentil, leve. Ela poderia interromper o beijo quando quisesse, sabia disso.

Ele não a estava forçando, muito pelo contrário, às vezes, afastava um pouco o rosto e ela se inclinava para ele, o que o fazia dar um meio sorriso. Derek a segurou pela nuca e agora mordia de leve seu lábio inferior, logo depois aprofundou o beijo, enlaçando sua língua com a dela de forma bem ousada. Ela nunca tinha sido beijada assim.

Os beijos do antigo namorado eram calmos e pareciam que eram dados para cumprir tabela, como alguém que bate o cartão, pois sabe que, se não o fizesse, poderia perder o trabalho. O beijo dado perto da proa do barco estava mais para abandonar de forma rebelde o trabalho no meio do expediente e ainda rir da cara do chefe.

Após alguns minutos, Derek desgrudou um pouco dos lábios dela, segurando seu rosto com uma das mãos e a olhando um pouco aéreo.

— Vem cá — disse ele, pegando-a pelo cotovelo e a guiando para um pequeno sofá ao lado da mesa onde ele havia colocado o copo vazio. Ela sentou-se, ele a seguiu.

— Não tô acreditando que eu tô beijando a garota que arruinou minha palestra! Eu não devia te odiar? Na verdade, eu achava que te detestava — comentou, olhando para o rosto dela inclinado para ele e segurando-lhe o queixo com uma mão.

— Se você devia ou não, eu não sei, mas eu te detesto — disse ela, envolvendo-o pelo pescoço e voltando a beijá-lo. Ele retribuiu, beijou o canto dos lábios dela e a inclinou um pouco no sofá, voltando a aprofundar o beijo, enquanto alisava sua cintura, e ela embrenhava seus dedos pelos cabelos levemente ondulados dele.

Com custo, ela se desvencilhou dele, que a olhava como se a visse pela primeira vez, os olhos dele demonstravam surpresa, como que não imaginasse que Lisa pudesse fazê-lo se sentir tão satisfeito com um beijo, sentir o que estava sentindo, um tipo de estupor. Um pouco longe do toque dele, Lisa conseguiu pensar sobre o que tinha feito.

Havia beijado o cara que vivia caçoando dela, irritando-a. Enquanto o garoto que sempre fora legal com ela e a tratara bem estava provavelmente procurando-a no barco.

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora