Spider-Gwen: Spiderverse - Livro III

Capítulo 5

— Gwen, acorda! Vai se atrasar — Ouvi a voz abafada de Helena do outro lado da porta de meu quarto.

— Tô indo...

— Indo dormir de novo, só se for. Levanta.

Joguei o travesseiro em cima de meu rosto, me sentindo cansada. Não devia ter ficado tão tarde na patrulha ontem. Tentando deixar a preguiça de lado, tomei um banho rápido, coloquei minha roupa e desci as escadas com a mochila já nas costas. Helena e Lily me olharam de um jeito estranho.

— O que foi?

— Calça jeans escura, botinhas pretas e blusa xadrez roxa? Eu acho que não. Aposto que esta tentando impressionar alguém — Ela arqueia uma sobrancelha pra mim — É o Peter?

— O que? Não!

— É ele, mãe.

Soltei um suspiro frustrado, jogando minha bolsa em cima da cadeira. 

— E como esta sua amiga Michelle?— Perguntou Helena.

— Nada bem. Ela não fica mais com a gente na hora do intervalo, dispensa convite de passeios e eu tenho certeza de que ela fica enfiada no quarto dela o dia todo de pijama, comendo muita besteira e assistindo filmes.

— Queria — Murmurou Lily dando uma mordida em sua maçã.

— Ela passou por uma experiencia traumática, é compreensível que não queira sair de sua zona de conforto. Uma vez você me disse que você, ela e Peter adoravam ir na lanchonete perto de sua escola jogar conversa fora. Já tentou chamar ela para esse tipo de passeio? Vai ser bom ela saber que vocês ainda a querem por perto. Faça ela sentir segura de novo — Disse Helena com um sorriso.

— É, acho que vou fazer isso. Valeu, Helena.

***

Peter e eu estávamos estudando, enquanto o resto do pessoal comia seus lanches ou conversavam sobre algum assunto aleatório — foi nesse momento que Mary Jane chegou e jogou seu caderno contra a mesa, nos assustando. Estava nervosa e não conseguia manter-se quieta um instante se quer.

— Você está bem?— Indaguei.

— É claro que não. Eu estou tão furiosa que eu poderia ir para a cama com o primeiro cara que aparecer na minha frente.

— Não fale isso na frente de Peter — Digo cobrindo os ouvidos de Peter com minhas mãos.

— Eu não sou criança, Gwen — Disse ele.

— Mas é inocente.

Mary Jane sorriu. 

— Não me façam rir, é sério. Tive uma péssima noite. Querem ouvir?

— Não.

— Eu vou falar mesmo assim.

— Achei que faria isso — Dei de ombros.

Mary Jane contou que o novo paquera terminou com ela porque já tinha alguém. Aparentemente, o cara vinha enganando ela e a outra já faz um tempo. Um babaca de primeira.

— Ele ainda vai me pagar — Disse ela cruzando os braços.

— Você vive escolhendo caras errados, Mary Jane. Ache alguém que goste de você de verdade, que te respeite e que de preferencia não seja comprometido — Aconselhou Ava.

— Que também seja fofo, doce, lindo...

— Tá descrevendo um bolinho, Gwen.

— Ela estava descrevendo o Peter — Ava me olhou arqueando uma sobrancelha.

— Me respeita, garota.

Peter deixou seu material em cima da mesa e levantou, sem dizer uma palavra mas com um sorriso no rosto. Ficamos observando ele ir até a cantina e olhar pelo vidro a refeição que tinham preparado para hoje. 

— E então, Gwen? Quanto tempo mais vai ficar enrolando? — Perguntou Mary Jane apoiando sua cabeça em uma das mãos.

— Enrolando?

— É, tá na cara que ainda são apaixonados um pelo outro. O que estão esperando?

— Olha, levou muito tempo para nossa amizade voltar a ser como antes e não vou estragar ela de novo. É melhor sermos só amigos, porque se formos magoar um ao outro, que seja porque algum de nós esqueceu o aniversário do outro. Não por causa de sentimentos.

Mary Jane me olhou séria. Ela não entendia o que tinha acontecido entre nós e nunca iria entender, pois para isso precisaria saber de nossa outra identidade. Essa é uma coisa que eu não estava afim de dizer a ela.

O sinal que informa o término do intervalo tocou, fazendo a maioria dos alunos saírem do refeitório. Mary Jane foi junto, murmurando um "você que sabe" para mim.  Soltei um suspiro fraco. Quando eu menos esperava, Peter deixou um bolinho perto de meu caderno e pegou seu material, saindo logo em seguida. 

— Bolinho — Sorri ao lembrar da frase de Ava, "Ela estava descrevendo o Peter".

É, eu realmente estava. Que droga.