Capítulo 30

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Acordei meio desorientada, sem noção nenhuma onde estava. Pouco tempo depois percebi que estava naquele quartinho onde Ezekiel prendeu Cindy e lembrei do ocorrido. Ben havia me dopado.

Eu tinha que falar com ele. Levantei-me com pouca facilidade e saí do quarto, rumo a sala de estar onde estava Ben. Justo quem eu queria.

— Você...!

— Gwen?

— Como você pôde fazer isso comigo?

— Você estava precisando.

— ... O que?! — Ri de nervosa.

Ben tentou se aproximar de mim, mas eu acabei recuando alguns passos para trás esbarrando em uma mesinha e deixando um vaso de porcelana cair. O barulho fez com que Peter e Cindy adentrassem a sala.

— Tá tudo bem — Disse Ben aos dois, sem tirar os olhos de mim — Gwen, me deixa explicar. Eu não fiz aquilo por mal, ao contrário, você não comia nem dormia direito desde que embarcamos nessa missão. Você já estava tendo visões, eu tinha que fazer algo!

— Você achava que eu estava ficando louca, não era? Por isso me dopou.

— Eu não sabia mais o que fazer, loira. Me perdoa.

— O que você me deu?

— Apenas um tranquilizante. Eu juro.

Respirei fundo tentando me acalmar. Caminhei até o sofá e me sentei, sentindo o efeito do tranquilizante passar. Ben se sentou ao meu lado e me mostrou um prato com Fried Chicken — frango frito acompanhado de salada de repolho, milho cozido e feijão. Foi quando percebi que Ben tinha razão, há dias eu não estava me alimentando direito e estava faminta.

— Fiz isso pelo seu bem, loira. — Disse ele se levantando do sofá, mas eu o impeço segurando sua mão.

Ben se sentou novamente no sofá e eu agradeci lhe dando um beijo na bochecha.

— Obrigada, Ben. Fique aqui comigo.

Ben sorriu. Depois de comer aquele prato todo, fui até a varanda tomar um pouco de ar — dessa vez com a cortina totalmente aberta. Ok, acho que posso esquecer o que Ben fez. Afinal, ele nunca me deu motivos para desconfiar dele e se ele diz que foi para o meu bem, acho que posso perdoá-lo.

— ... Gwen?

Me virei para ver quem era.

— Oi, Peter.

— Eu vim ver olhar a noite, mas se quiser, eu posso te deixar sozinha.

— Não, fique.

Peter se aproximou da varanda e olhou para a Lua cheia. Achei que ele estivesse sentindo falta da outra Gwen, por isso decidi ficar em silêncio. Mas Peter resolveu puxar assunto.

— Você e o Ben parecem bem próximos — Começou ele. Me pareceu que estava cauteloso quando disse isso.

— É, ele tem me ajudado bastante desde que Peter... Digo, o outro Peter foi embora. Eu nunca tinha visto esse lado dele.

— Há quanto tempo se conhecem?

— Já tem um tempinho.

Peter virou-se de costas para a cidade e cruzou os braços, apoiando seu corpo na pequena parede de vidro.

— Me parece que ele gosta muito de você.

— Talvez... — O olhei desconfiada — Aonde você quer chegar?

Peter soltou um suspiro fraco, antes de me olhar fixamente com uma expressão séria.

— Você não acha que ele possa estar nutrindo algum sentimento por você? Ou talvez você por ele?

— Se ele realmente estiver sentindo algo por mim, eu não poderei corresponder. E, sinceramente, acho que Ben sentir algo por mim que não seja a amizade, é praticamente impossível. Agora, quanto a mim, garanto que vejo Ben como um grande amigo, ou melhor, como um irmão mais velho. Eu ainda amo muito o Peter... Digo, o outro Peter. E não é porque ele se foi que eu vou me jogar nos braços do primeiro cara que vier me consolar. Tire essa ideia doida de sua cabeça, aranha.

— Desculpe, eu não queria te deixar nervosa.

— Eu não estou nervosa!

Peter franziu a testa. Foi quando percebi que estava elevando o tom de minha voz — porque eu estava ficando nervosa. Respirei fundo.

— Eu só quero que tudo isso acabe, Aranha. Eu quero voltar pra casa.

Peter ficou calado por alguns minutos. Quando decidi entrar novamente na torre, Peter segurou meu braço e disse em um tom baixo:

— Eu prometo que farei o possível para você voltar.

Estranhei essa promessa tão repentina.

— Porque está dizendo isso?

Mas Peter não respondeu. Tenho quase certeza de que tinha algo a ver com a outra Gwen.
Optei por ficar ali mesmo com Peter.

Spider-Gwen: Spiderverse - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora