COMO AGARRAR UM CAFAJESTE (COMPLETO)

1 Papo em família

As portas do elevador se abriram, eu e Christian saímos caminhando em direção à pequena cozinha para apanharmos dois cafés. Quando estávamos dentro do elevador, evitamos falar para não nos comprometer, e foi só sair daquele aperto que Chris resolveu tagarelar ao meu lado.

— Como você pode trocar de mulher como quem troca de roupa, um dia terá que se casar.

— E tem diversão melhor em ser solteiro, você é que tem essa mania de arrumar mulher e já ir se amarrando, mandando flores e se prendendo por meses. — Apanhei uma xícara pegando o bule de café e despejando nele. — E Me casar está fora de cogitação, eu quero mais é aproveitar a vida, meu pau não vai gastar mesmo.

— Que boca mais suja essa a sua, eu pelo menos me divirto bastante tempo com a mesma mulher, qual é a graça de ficar com várias?

— A graça é justamente não ter que ficar ouvindo cobranças... "Amor há que horas você vai chegar – Amor, você está atrasado. – Porque você está olhando para ela?" — falei com a voz fina imitando sua mais nova namorada irritante e chata. — Pelo amor de Deus! Eu não sei como você aguenta essa mulher te ligando a cada trinta minutos.

— Justamente porque estou apaixonado. — Ele bateu no meu peito com o dorso da mão. — E você às vezes desconfio que nem coração tem.

— E pra que serve o coração se não é apenas para bombear o sangue. — Gargalhei com a cara que ele fez para mim.

Seguíamos para a sala de reuniões, Chris abriu a porta e entramos.

— Um dia você vai perder essa pose de garanhão e vai querer se casar com a primeira que não der bola para você.

— Você realmente quer me ver babando por alguém, não é? — Coloquei o café sobre a mesa, me mantive em pé olhando para o meu irmão.

— Adoraria! —Ele se sentou e me encarou. — Ver você levando flores, comprando uma jóia, babando e contando os minutos para vê-la.

Cai na gargalhada chegando a me curvar para trás.

— Só falta você me dizer que eu farei o pedido de casamento ansioso e gaguejando e depois de muito tempo estar sentado nesta mesma cadeira reclamando da fatura do cartão de crédito como o nosso pai.

— Eu ouvi isso! — Papai tirou os óculos e nos encarou. — Você está falando de sua mãe.

— Estou errado? — Abri os braços debochado.

Papai colocou os óculos de grau no rosto, bufou e voltou a escrever.

— De forma alguma. — Disse meu pai.

Apontei para papai e olhei para meu irmão.

— Esta vendo? Trepar meu amigo, é a melhor coisa que tem para se fazer. Criar vínculos afetivos, só leva o cara ao desespero.

— Dá para parar de falar de sexo? — Papai se voltou para nós, tirando os óculos do rosto.

— E por que não podemos? — Parei ao lado do meu pai e o encarei. — Até parece que não faz isso.

— Estou com quase 62 anos, acha que minha vida sexual é tão boa assim?

— Deveria! — disse Christian sorrindo desdenhoso.

— Ah! Não! — Comecei a rir sem jeito.

— Qual o problema!? — Papai sorriu achando graça. — Eu e sua mãe trepamos.

— Não fala isso para mim, nessa parte minha mãe é uma santa. — Me afastei, me sentindo constrangido.

— Não estão falando em se divertir, sexo? — Papai deu de ombros. — Casar tem suas vantagens.

— Pai! — Puxei a cadeira e bufei me sentando. — Vamos trabalhar.

— Então você acha que eu fiz cinco filhos como? Telepatia?

— Seria melhor. — Me recostei a minha cadeira, Christian ria a minha frente. — Pode parar seu babaca, ele está falando da sua mãe.

— E eu sou seu pai e sou humano como todos vocês, agora calem a boca e me passem seus balancetes.

— Como queira, Sr. Gideon. — Estiquei meu relatório por cima da mesa.

Essa era uma parte da minha família, eu sou o caçula de três filhos homens e duas mulheres. Caroline, Elva, James, Christian e eu Maxwell Danton. Meu pai Gideon Danton e Melinda J. Danton minha mãe.

Apenas eu e Chris somos os solteiros, ele tem 28 anos e eu tenho 27 anos, um ano e poucos dias de diferença de idade, praticamente dizem que somos gêmeos pela fisionomia, mas no caráter eu saí mais ousado, tudo que meu pai queria em cada filho, eu vim com tudo.

Eu e Chris éramos os únicos que seguimos a linha de meu pai no mundo financeiro, os demais seguiram suas vidas a área de humanas, médicos, dentista, Biólogo e se espalharam pelos Estados Unidos.

Meu irmão Christian era meu espelho, eu confiava nele e ele em mim, fazíamos uma ótima dupla e com certeza seríamos os herdeiros do cargo do meu pai, para mim tanto faz se ele ocupasse a cadeira da presidência, estando comigo era o que eu queria, cresceríamos juntos e faríamos da Delta Corporation em uma grande empresa, melhor do que já é.