36 Beatriz vai ao médico

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Quando eu parei de ir a fisioterapia, eu sabia que poderia dar merda, que poderia voltar a sentir dor e que isso poderia me prejudicar, mas na época eu não estava preocupada, não tinha nada pelo que lutar, e apertei o botão do foda-se.

Mas agora, eu estou com muito medo! Comecei um relacionamento, onde o Christian me acha perfeita, ele nunca me viu nessas condições. Que preciso de algo para me apoiar porque meu joelho não sustenta meu corpo por causa da dor.

Ao levantar hoje pela manhã, e sentir meu joelho instável a ponto de quase não conseguir apoia-lo, eu me arrependi. E pior que a Ravenn nem está aqui, para me dá bronca e me apoiar. Não quero pedir ajuda a mais ninguém, mas pelo jeito, não terei muita escolha.

Tudo que o médico recomendou, não segui. Fiz atividade física sem supervisão, deixei de colocar gelo e tomo remédio para dor quando sinto algo.

Nada disso está adiantando hoje. Peguei minha moleta, para apoiar e desci me segurando com a outra mão o corrimão.

Encontrei minha mãe na sala. Assustada ela veio em minha direção e me ajudou a ir até o sofá.

— Está tão ruim assim, filha? — Ela me apoiou e Suspirei.

— Um pouco! — A olhei culpada. — Não vai dar para ir ao trabalho, mãe, vou ir no consultório do Dr. Anthony. Avisa ao papai, se eu falar com ele, não vai dar certo.

— Falamos com ele depois. Vou te acompanhar, querida! Espere aqui, vou pegar um gelo para por ai, está um pouco inchado. — Ela saiu e logo voltou com uma bolsa de gelo.

— Não está tão ruim! — Ela fez careta e balançou a cabeça negativamente.

— Você abandonou tudo, Beatriz, a acadêmia que acompanhava seus exercícios, a fisioterapia, o tratamento, e se enfia naquele estudio quando chega, o que você quer com isso, filha? Por que essa teimosia toda, para desafiar seu pai? Me ajuda a entender? Você pode fazer outras coisas para irrita-lo, não precisa colocar sua saúde em risco.

— Você não entende, mãe! — As lágrimas caem. — Eu não consigo parar!

Ela suspirou e ia dizer algo, mas meu pai chegou na sala bem na hora, nos olhou atento e cruzou os braços. Merda!

— O que está acontecendo com você? — A expressão do meu pai era sisuda e ele agachou à minha frente. — Se enfiou naquela porcaria de estúdio de novo?

— Estou sentindo dor e vou ao médico, nada demais! — disse calma — Talvez não dê para ir trabalhar hoje! — O olhei com o cenho franzido.

— Poliana vá buscar a joelheira dessa irresponsável! —Funguei baixo com a maneira fria que me tratou.

— Pai, eu vou ao médico, não precisa ficar estressado! Eu vou tentar ir trabalhar depois, prometo! — Minha mãe obedeceu e subiu indo pegar o que ele pediu. — Já que é só com isso que você se importa!

— Não estou preocupado com o trabalho, Beatriz! Você fica se enfiando naquele estúdio, lesionando ainda mais o joelho. Você não pode mais dançar, Beatriz! Aceite isso! Não quero ver a minha única filha numa cadeira de rodas.

— Não é o que parece, você não deixa eu fazer algo na faculdade em que me sinta mais a vontade, mais eu mesma, algo que substitua tudo aquilo que sei ser, depois que fodi a perna você quer que eu seja algo que não sou e por que, pai? Qual o problema em eu ser eu mesma? Você não gosta de quem eu sou e quer fazer de mim algo que te agrade? Pois, eu não consigo ser nada sem a dança, eu sou uma casca vazia sem sentido algum que agora é um boneco em suas mãos. Um boneco inútil! — Coloco as mãos no rosto e choro.

— Você não pode mais dançar, Beatriz! — Ele bradou — Por que não pode entender que o seu destino não é ser bailarina. Aliás, que utilidade tem nisso? Sinceramente, eu queria que você fosse mais como a maldita filha dos empregados. Que se interessasse pela empresa da sua família, que quisesse crescer e ser a dona de tudo o que eu fiz pra você. Mas, você não tem ambição e utilidade nenhuma!

Aquilo doeu como um tapa, se eu tivesse em pé, com certeza teria caído. Minha mãe chegou e me amparou olhando meu pai com dor nos olhos.

— Pelo amor de Deus, Vicente! Guarde seu desgosto para você! — Minha mãe falava com a voz tremida.

— Eu não consigo ser o que espera de mim, desculpe! — Levantei aos tropeços e com muita dor, empinei o queixo e tentei sair da sala com alguma dignidade.

— Poliana, leve a sua filha ao médico! Cuide pra que ela continue de pé, já que você não conseguiu lhe ensinar nada, ao menos evite que ela se mate!

Minha mãe bufou e nada disse, apenas me ajudou a ir até o carro, tio Thomas viu meu estado e rapidamente se pôs ao meu lado e me apoiou também, me ajudou a entrar no carro.

— Vai ficar tudo bem, menina! — Ele me deu um beijinho casto na testa e foi para o banco do motorista, minha mãe se ajeitou ao meu lado e me puxou para o seu colo.

— Obrigada, Tio Thomas! — Agradeci, pensando no quanto eu queria que meu pai fosse carinhoso assim, no fim, nós dois somos decepcionados um com o outro.


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COMO AGARRAR UM CAFAJESTE (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora