3 Ravenn é demitida

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Eu nunca fui uma moça doce, gentil ou delicada e isso sempre acabou me metendo em algumas confusões. Eu era o tipo de pessoa que não tinha o filtro entre o cérebro e a boca e minha mãe morria de medo desse meu jeitinho explosivo e indelicado.

Minha mãe é empregada doméstica e meu pai motorista na residência dos Viana, eles eram imigrantes brasileiros que haviam se naturalizado americanos. Eu, particularmente admirava a história de vida deles, um casal de imigrantes ilegais que haviam conquistado o seu lugar ao sol, o que eu não admirava nem um pouquinho era o modo como eles pareciam não reconhecer as suas raízes pobres e se julgavam muito melhores que os outros, e eu tive de assistir calada por muitos anos, meus pais sendo tratados como material descartável e se sujeitando a humilhação em cima de humilhação.

Tudo o que eu queria era ter dinheiro suficiente pra comprar uma casa e tirar meus pais daquele martírio. Mas, a sorte não vinha sorrindo pra mim! Desde que deixei a faculdade eu trabalhava na empresa dos Viana, como auxiliar administrativo do vice presidente. Eu era uma jovem ambiciosa, sempre fui! Mas, não do tipo que aceitava qualquer coisa pra crescer, e com certeza eu não encarei com bons olhos quando o porco, egocêntrico e escroto do Johan McCartney apalpou a minha bunda e me puxou para o seu colo. Então, também não foi nenhuma surpresa que eu fechasse o meu notebook e surrasse o indivíduo com ele.

O que eu esperava que acontecesse?

 Que o Sr. Vicente Viana tomasse as dores da filha da empregada e reconhecesse que eu sofri um assédio sexual? Claro, que não foi o que aconteceu! Eu era só a auxiliar administrativo, ele podia conseguir centenas pra ocupar o meu lugar, enquanto Johan McCartney era o seu vice presidente e possível sucessor. O que eu ganhei? Um belo pé na bunda, e de acordo com o Sr. Viana eu devia me dar por muito satisfeita por não receber uma justa causa e uma queixa por agressão. Eu estava fervendo de raiva, quando deixei o RH da empresa levando comigo o meu orgulho ferido, já que eu não pude dizer nada. Eu tinha o meu kitnet, minúsculo, mas todo meu, enquanto meus pais ainda viviam de favor na casa dos fundos da mansão do Sr. Viana, e apesar da enorme vontade de mandar todos ali pra puta que o pariu, eu ainda contava com uma carta de recomendação do Sr. Viana para encontrar outro emprego.

COMO AGARRAR UM CAFAJESTE (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora