Eu faria tudo outra vez

36- Audiência

Luciana

Chegou o dia 25/09, no qual está marcada a audiência com o Leonardo. Já acordei de mau humor e sem fome. Estou almoçando com Fantine, em um restaurante, mas mal consegui tocar na comida.

- Lu, você tem que comer, por favor. - Ela diz, toda preocupada.

- Não consigo, Fantine. Não aguento passar por isso. - Digo, mexendo com os talheres no prato.

- Eu estou contigo. Você sabe disso, né? - Nessa hora direciono meu olhar até ela e assinto com a cabeça.

- Eu sei, amor. Só tô muito nervosa. - Tento lutar contra as lágrimas que já começam a se formar em meus olhos. Fantine segura uma das minhas mãos e a aperta.

- Só come mais um pouquinho, por favor. - Ela pede, com uma carinha que não dava para resistir.

- Tá bom. - Pego os meus talheres e como mais um pouco, só para que eu não desmaie no dia se hoje. Assim que terminamos, pegamos um uber até o local e fizemos o trajeto em silêncio, mas com Fantine segurando a minha mão o tempo todo. Não consigo mensurar todo o apoio que ela me dá, minha namorada é muito incrível. Ainda não consegui, de jeito nenhum, comprar a aliança de noivado. Espero que depois que tudo passar eu arrume um tempo para ir. Já falei com a minha sogra, que ficou muito emocionada com a notícia e se ofereceu para ir comigo, Liti e Aline. Também já contei para Karin e Patrícia que ficaram mais felizes do que nunca. Só espero que esse pesadelo de hoje passe, para que eu consiga colher os frutos das alegrias que estão por vir.

Assim que chegamos ao local, nos dirigimos à sala específica. Agora era 14:45 e ainda tinha alguns minutos. Meu advogado já estava esperando e vem me cumprimentar.

- Boa tarde, Luciana. - Ele estende a mão e eu a aperto.

- Boa tarde, Fernando. - Digo, tentando esconder o nervosismo. Ele também cumprimenta a Fantine.

- Sei que você está muito nervosa, mas temos os pontos ao nosso favor. Todas as provas. O juiz vai pedir que você deponha. Talvez a Fantine também, no caso das agressões que ela sofreu. - Fantine arregala os olhos.

- O que? Eu depondo também? - Ela fica muito nervosa e eu aperto a sua mão.

- Só se pedirem, Fanta. - Digo.

- Exatamente. Mas seria muito bom, pois são mais evidências contra ele. Temos que falar sobre o seu apartamento que ele incendiou e outras agressões que ele tenha feito... - Meu advogado me olha, cuidadosamente. Ele quer que eu fale sobre o estupro e as vezes em que apanhei.

- Fernando... - Digo, levemente atordoada.

- Não podemos esconder nada. Me desculpa se te pedi isso, mas é muito importante para o caso. - Ele diz e escoro a minha cabeça no ombro dela.

- Ele tá certo, meu amor. Temos que colocar esse cara na cadeia, urgentemente. - Fantine diz. Era verdade, já não bastou ele me agredir, teve que fazer isso com a minha namorada também. Me afasto da Fantine e sinto uma onda de arrepio correr pelo meu corpo. Vejo-o se aproximando, com o advogado e um policial. Ele estava com o rosto machucado, então provavelmente apanhou na prisão. Ele direciona seu olhar até nós, mas logo o baixa. Eles entram na sala e se dirigem aos seus lugares.