29- Vem dançar

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Luciana

Estávamos no hospital com a Liti, dona Su e o Jeferson. Eu não estava aguentando olhar para a cara do pai da Fantine e, pelo visto, nem a minha sogra.

- Vá embora, Jeferson. Você decepcionou a nossa filha e olha onde ela está agora. - Ela segura o choro e cruza os braços. Não me atrevo a olhar para ele quando ele sai. Dona Su vem até mim e eu a abraço forte. Deixamos nosso choro fluir, enquanto aguardávamos notícias dos médicos.

- Vou buscar um café para vocês. - Liti diz e vai até o refeitório. Eu havia avisado às meninas e estava aguardando a chegada delas. Nos sentamos na cadeira e ficamos de mãos dadas. Eu e minha sogra não sabíamos o que dizer uma à outra... estávamos muito abaladas. Vejo Aline chegar e vir ao nosso encontro.

- Ô, amiga. - Ela me abraça forte, assim que levanto. Choro, mais uma vez, sobre os seus ombros. Agora vejo Karin e Patrícia se aproximarem.

- Lu! - As duas dizem, enquanto vem me abraçar. Aline agora havia dado um abraço na minha sogra, depois sentou com ela.

- O que aconteceu, pelo amor de Deus? - Patrícia pergunta.

- Fantine levou dois tiros e está em cirurgia... - Digo, tentando lutar contra as lágrimas.

- Ô, Fantinão. - Karin diz, com um semblante triste. - Foi o traste do Léo? - Eu assinto com a cabeça e conto a história completa. Patrícia leva a mão à boca, horrorizada. - Pelo menos o imbecil foi preso.

- Meu Deus. Ela vai sair dessa. - Patrícia diz e eu fecho os meus olhos.

- Minha Fantine é muito forte. Ela com certeza vai sair dessa. Vamos orar. - Dona Su diz. Minha irmã volta com os cafés e dá um para mim e um para a minha sogra. Liti cumprimenta as meninas e se senta. Passaram-se horas e nada de notícias.

- Lu, você tem que comer alguma coisa. - Aline diz.

- Não vou enquanto não saber que ela tá bem. - Eu digo, firmemente. Meus olhos deviam estar muito inchados, pois já estava sentindo-os pesar. O médico aparece e vai até nós.

- Quem aqui é parente da Fantine? - Ele pergunta.

- Eu. Ela é a namorada também. - Dona Su diz, apertando a minha mão.

- Bom... a cirurgia terminou. Ocorreu tudo bem, mas ela vai estar um pouco fraca. Então pode ser que demore um pouco pra acordar. Visitas serão permitidas daqui há duas horas, então podem comer alguma coisa, enquanto isso. Um dos tiros acabou passando bem próximo ao rim direito e outro foi direto para o baço. Não houve danos permanentes a esses órgãos... então deve ficar tudo bem.

- Muito obrigada, doutor. - Dona Su diz e o médico sorri com os lábios, depois se retira. - Nossa garota é muito forte. - Ela diz.

- É sim. - Eu digo, um pouco mais aliviada. Vamos até o refeitório para comer alguma coisa, mas ainda estou um pouco ansiosa, então como pouco. Eu não via a hora de poder visitá-la.

Assim que passaram-se as horas, as meninas aguardaram nos bancos, pois só podia entrar duas pessoas por vez. Eu e minha sogra acabamos entrando e vemos a nossa garota com os olhos fechados e com alguns fios ligados ao corpo. Me doía a ver naquela situação. Pego uma das suas mãos, enquanto dona Su pegava a outra. Ela estava um pouco fria. Me sento na cadeira ao lado da cama e acaricio o seu cabelo.

Eu faria tudo outra vez Onde histórias criam vida. Descubra agora