61- Tudo flui

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Luciana

Aconteceu. Realmente aconteceu. Eu e Fantine vamos ter uma criança! Claro que estou um pouco assustada, mas é só uma pequena parte do como eu realmente me sinto. Quem imaginaria que chegaríamos tão longe?

Devido a emoção do momento, minha esposa acabou caindo no sono. Observei o subir e descer de seu peito e acariciei seu pescoço. Seus braços se apertaram um pouco mais ao redor do meu corpo e sorri com isso. Mesmo no mais profundo sono, seu instinto protetor ainda continuava muito forte.

Agora temos que pensar no saber conciliar nossa decisão com todo o trabalho com o Rouge. Teríamos que planejar muito bem, para que tudo ocorresse bem. De qualquer forma, creio que toda a equipe vai saber acolher a nossa decisão. Damos tanto de nós pelo grupo, que acabamos esquecendo um pouco de nossa vida privada. Por muitas vezes me sinto uma workaholic e sei que tenho que me policiar para que não tome muito do tempo que eu poderia estar aproveitando com a minha família. Ainda em meio desses questionamentos, consigo acalmar um pouco a minha mente e adormecer.

Acordo com pulos na cama e percebo que Christine é a culpada. A pequena parece estar ligada no 220V, não é possível. Mas, como não consigo ficar brava com ela, acabo sorrindo e a chamo para deitar junto com a gente. Mesmo com a cama balançando, Fantine parecia o próprio cosplay de Bela Adormecida. Fiz sinal para que a nossa filha me ajudasse a acordar a minha querida esposa.

Kikish logo se jogou sobre a gente e começou a fazer cócegas na Fanta. A maior pareceu então começar a despertar e olhou para os lados, um pouco assustada. Assim que percebeu quem a estava fazendo se contorcer, puxou a pequena para um abraço de urso. Christine tentava se soltar, enquanto eu também fazia cócegas na minha esposa. Ela tentou revidar, mas com a pequena nos braços ficou ainda mais difícil. Ela gargalhava tão alto que era impossível não ser contagiada com esse som maravilhoso.

— Parem, as duas! Por favor, eu me rendo. — Se contorceu mais um pouco e ria tanto que seus olhos lacrimejavam. — Isso é covardia!

— Não se renda ao desejo dela, Kikish! — Ordenei e senti um forte aperto na coxa, me fazendo gritar. — SAAAI, FANTINEEE! — Vi nossa filha segurar os braços da mãe e sentar sobre sua barriga. — ISSOOO, ESSA É A MINHA GAROTA! — Elogiei, orgulhosa da minha pequena.

— Filha, não! — A via tentar se soltar, mas óbvio que ela estava fazendo pouca força e aproveitando da brincadeira. — Lu, meu amor... me ajuda!

— Não mesmo. — Soltei uma risada maléfica e sentei sobre suas pernas. — Só depois que você fizer levantamento de pernas. — Ri mais um pouco e ela bufou.

— Boa, mama! Duvido que ela consiga te levantar.

— Não duvidem de mim!

— Então faça, mamãe. Quero ver. — Kikish desafiou e Fantine ergueu uma das sobrancelhas, aceitando o desafio.

— Então tá bom. — Senti que ela fazia forças nas coxas e pernas, tentando me levantar. A princípio não deu muito certo, mas pouco tempo depois a segui me erguer um pouco, por uns dois segundos. Mas foi o suficiente para ela sorrir de forma vitoriosa e erguer os braços, derrubando à mim e nossa pequena. Gritamos ao mesmo tempo e caímos no lado vazio da cama. — Amadoras. — Sentou-se na cama e ficou rindo da nossa situação. Eu e Christine estávamos estiradas sobre o colchão, enquanto recuperávamos o fôlego.

— Não acredito nisso... — Resmunguei, enquanto levantava e sentava na cama. — Derrubando as mulheres da sua vida. Você não se envergonha, Fantine? — Kikish se sentou ao meu lado e concordou comigo. Logo estávamos encarando a mais velha, com nossos melhores olhares ameaçadores.

Eu faria tudo outra vez Onde histórias criam vida. Descubra agora