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2 de julho de 2019

Fantine

— Fanta, como tem tantas categorias assim? — Minha esposa arregalou os olhos, enquanto checava o banco de dados de doadores de sêmen. — Meus olhos não conseguem acompanhar todas elas, sinceramente.

— Lu, calma. — Ri baixo, enquanto me juntava à ela no sofá. Luciana deixou o notebook um pouco de lado e me abraçou. — Nós vamos achar a pessoa certa. Ou pelo menos a mais próxima, claro.

— Bem que podia ser apenas a gente participando da gestação da nossa criança. Imagina se nascesse apenas com as nossas características?

— Seria a perfeição. — Brinquei.

— Besta! E você? Continua visitando aquele lar adotivo, não? — Acariciou o meu peito, enquanto seus olhos estavam atentos à mim.

— Sim, Lu. Me apeguei muito àquele menino. Pior que nem sei o porquê.

— Você está fazendo amizades, né? Conte-me mais sobre como está sendo sua interação com ele. — Se ajeitou mais contra meu corpo, enquanto me encarava com aqueles olhos curiosos.

— Ok, vamos lá.

• Início do Flashback •

28 de agosto de 2019. A dona do lar adotivo já estava mais do que familiarizada com as minhas visitas. Meu instinto pedia para que eu fizesse visitas com mais frequência. Aquele menino, Antonie, não saía dos meus pensamentos.

— Boa tarde, Antje. Vim visitar o menino Antonie. Como ele está? — Cumprimentei a diretora, que se mostrava sempre receptiva à mim.

— Como se eu não soubesse, Fantine. — Riu e eu esbocei um sorriso leve. — Hoje ele está na brinquedoteca. Não quis sair para jogar futebol lá fora. O que eu até estranhei, na verdade. — Franzi o cenho com o seu apontamento, mas a segui.

— Estranho mesmo. Ele adora fazer isso, sempre luta para que as outras crianças não zoem com ele. Ele é bem destemido, admiro muito isso nele. — Sorri ao lembrar do jeito do garoto, embora a timidez prevaleça por alguns momentos.

— Você já está criando um vínculo com ele. Isso é muito bom. — Andávamos pelo corredor, em direção à brinquedoteca. — Como vai a sua esposa?

— Está bem. Estamos em processo para termos um filho, vamos tentar a fertilização recíproca. — Ela ergueu as sobrancelhas e sorriu em seguida.

— Uau! Um processo e tanto, não?

— Sim, realmente. Mas também tenho vontade de adotar, mas como por enquanto estamos passando por muita coisa, talvez tenhamos que adiar um pouco mais. — Chegamos à porta da brinquedoteca e a diretora abriu a mesma.

— Entendo. Sua esposa sabe que está aqui hoje? Ela poderia ter vindo. — Entramos na sala e pude observar algumas crianças brincando.

— Ela foi resolver uns assuntos na escola da nossa filha. Mas na próxima a trago sim. Ela só veio uma vez.

— Será uma honra recebê-la novamente. Mas, enquanto isso, aproveite um pouco do menino ali. — Apontou para a frente e pude observar as madeixas castanhas que estavam mais curtas, sem a franja caindo diretamente em seus olhos. Meus olhos brilharam ao ver o pequeno e sorri para a diretora. — Aproveite. Qualquer coisa estarei em minha sala. — Acenou e saiu.

Eu faria tudo outra vez Onde histórias criam vida. Descubra agora