Enquanto a água da ducha escorria pelo seu corpo ainda vestido, Tin gritou com a raiva e certo desespero da situação. Aquele dia tinha sido infernal, para dizer o mínimo...
— Por que Can... porquê!?
Gritava para extravasar ou ia surtar, sabia disso.
Não que ele fosse descontrolado porque não era, absolutamente, mas naquele dia... Só queria socar alguém!
Sabia todos os porquês do porquê amava aquele baixinho nervosinho que falava mais do que a boca... Ele era confiável, ele era tudo o que nunca teve, um sopro suave que nunca teve...
O começo deles não era algo para se orgulhar, Tin o tinha colocado no mesmo quadro que os demais insignificantes da universidade e do mundo pobre em geral, contudo como poderia saber que ele seria tão diferente? E agora ele só tentava consertar seus erros e conquistar o outro. Do seu jeito, claro.
E as vezes do jeito Can também, como o dia em que teve que ir a uma feira a céu aberto e quase morrer de calor naquele antro de gentinha de classe inferior só porque o baixinho gostava de comida de feira.
Contudo do seu jeito, em sua mente, não havia jeito melhor... Mas então aquela tarde aconteceu. Pediu Can em namoro e foi rejeitado.
"Eu não sei o que sinto por você"
"Eu não sei o que é amor"
"Não podemos ser apenas amigos?"
Como ele ousava!?
Socou a parede e deixou a dor física amenizar a dor que sentia em seu peito.
Não queria ele de outra forma, queria Can do seu lado como um namorado!
Deveria desistir? Afinal foi rejeitado como sempre, rejeitado por sua família, rejeitado pelos falsos amigos e agora por quem gostava. Deveria de fato desistir?
"Talvez tenha forçado muito a barra, Tin"
Uma voz incomoda soou em sua mente, contudo ele sacudiu a cabeça, não, se não agisse daquele jeito jamais atravessaria as barreiras do outro. Can era alheio a tudo menos o seu tão amado futebol. Ele jamais teria o mais novo para si se não cruzasse a linha.
Suspirou. Deveria desistir?
Escorreu pela parede do banheiro chorando toda a sua raiva e dúvidas.
O que faria? O que FARIA?
— Por que Can... porquê!?
Can se jogou na cama do seu quarto se sentindo sufocado e tremulo. Seu coração batia acelerado e ele não sabia porquê. Ou talvez soubesse sim...
Tinha segurado o choro até chegar em casa, mas agora desabava como um bebê.
Tinha sido duro demais com o Tin?
Mas... Mas... Como poderia namorar com ele sem saber o que sentia?
Fechou os olhos e se lembrou de todos os encontros, de como ele mudou de repente, de como... Ele se aproximou.
No princípio ele lhe ignorava, depois provocava e sumia e então, depois de uma discussão em que ele ameaçou o engomadinho riquinho filho de mamãe a não se meter no namoro dos seus amigos fazendo um longo discurso sobre amizade e sinceridade... Ele mudou.
Não muito, mas mudou.
E então ele começou a surgir a sua frente de modo maluco, convidá-lo para comer, quase obrigá-lo a um encontro, depois outro. E então vieram os beijos roubados e a declaração que ele gostava de si e pronto, sua cabeça já não era mais só sua, estava povoada de pensamentos daquele engomadinho de sorrisinho cínico e irônico.
Tin o deixava louco, era verdade, mas também...
Não queria tê-lo deixado tão furioso, não queria ele mal...
Já bastava o irmão dele odioso e que machucara tanto o Tin. Can não podia fazer igual, mas como agir? Ele não era gay era?
Porque sua mente e seu coração estavam daquele jeito!?
"Eu gosto de você, eu não te quero só como amigo!"
E como sempre ele teve sua saída triunfal maldita!
Can sacudiu as pernas no ar e então choramingou que a vida era muito complicada.
— Por que Tin...? O que você fez comigo!? Ahhhhhhh!
Socou o travesseiro mais algumas vezes e então fechou os olhos exaustos.
O que ele ia fazer agora? O que Tin ia fazer?
O que ia acontecer?
Podia não aparecer nas aulas até ano que vem?
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Meu seme engomadinho
FanfictionTin sabia que desistir, por mais que quisesse depois daquele dia, não era opção. Ele amava Can e lutaria por ele, por mais complicado que fosse. Aquele garoto do programa Tailandês era seu! Seu pequeno e inocente Cantaloupe.