Lar

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 Tin estava furioso naquele dia, afinal seus pais que nunca se meteram na sua vida, resolveram dar palpite sobre ele morar sozinho.

Não se lembrava de ter tido uma discussão daquele jeito até aquele dia. Mas teve, e estava louco de raiva, até Can lhe propor aquilo.

"Fique em casa comigo essa noite. Eu vou falar com a mamãe"

Sua raiva diminuiu a quase zero e apenas assombro e surpresa ficaram no lugar. Jamais imaginaria que Can desse um passo para ele sozinho. Mas ele deu, porque seu programa tailandês era um garoto bom e Tin não era cego.

Ele sabia.

Ele sabia que Can embora todo tolo em pensar sobre milhões de coisas ao invés de lidar com aquilo mais naturalmente, ainda assim era uma pessoa muito boa, de uma família amável e que não tinha toda a escuridão e raiva que ele tinha no coração.

Ele não era desconfiado como Tin. Ele não era cruel como ele.

Can era bom.

E aquilo era o que mais amava nele.

Então eles chegaram na casa de Can, e Tin foi sentindo ainda mais aquela sensação de paz que só sentia ao lado do menor. A casa era pequena, simples, em um bairro ainda mais simples, porém era aconchegante... Era um lar e ele podia sentir isso até mesmo do lado de fora.

Acabou sorrindo internamente, mas voltou a ficar um pouco chocado quando Can pegou em sua mão e o levou para dentro.

Gostava do toque, do calor prazeroso da pele dele, gostava que Can lhe tocasse sozinho. Gostava definitivamente daquilo. Tinha de fato escolhido a pessoa certa.

Ver a mãe dele outra vez lhe fez se sentir um pouco tímido. Ela tinha olhos atentos... Ela viu Can segurando sua mão enquanto ele só falava como sempre.

Mas a forma em que ela o aceitou em sua casa tão rápido, sendo que ele nunca tinha pisado ali antes e embora em seu primeiro encontro, Can tivesse o tratado grosseiramente, ainda assim ela lhe sorriu de verdade, lhe sorriu como uma mãe, algo que ele nunca teve e aquilo mexeu com o seu coração frio.

Agora sabia de quem Can tinha herdado todo aquele calor humano que ele esbanjava. Era dela, da mãe dele...

Subiu com ele ainda atordoado por tantas sensações diferentes e foi quando viu a irmã dele surtar com ele ali. Um pouco de si voltou, e ele estava mais normal quando entrou finalmente no quarto de Cantaloupe.

Era mesmo pequeno como ele tinha dito tão freneticamente antes. Mas parecia bem um local habitado por ele, meio bagunçado, simples, mas limpo. Ali, se sentiu mal como nunca antes por ter tratado ele no começo como tratava todos. Ele de fato tinha motivos de tê-lo odiado.

Tin tinha feito provocações injustas.

Tin fazia uma ideia do que era ser pobre, mas nunca tinha entrado em uma casa simples, não sabia que podia haver vida mesmo em um local como aquele, aliás mais vida do que na sua mansão, diga-se de passagem.

Então Can começou a reclamar da cama – Tin conversava com ele com metade do cérebro, já que a outra analisava suas próprias impressões - Quando o ouviu falar mais atencioso:

— Vá lavar logo as mãos, para sua sorte o banheiro de cima quem usa só sou eu.

Tin sorriu com a forma quase cuidadosa que ele lhe disse aquilo, como se esse não fosse um hábito enraizado em sua criação. Se voltou para ele, se escorou na parede e se sentiu leve como o dia em que ele assistiu Can dormir em sua cama pacificamente.

Meu seme engomadinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora