— O avião chega amanhã.
Tin disse sério olhando para o mar e Can assentiu enquanto continuava com a cabeça em um dos ombros dele olhando para a mesma paisagem. Pete dormia a sono alto enrolado em uma das mantas que eles usavam naquele dia enquanto Ae pescava em um dos fiordes com Yao. A praia congelante, porém bonita, em que estavam fazendo piquenique aquela tarde era só deles, como tudo há quilômetros e quilômetros para qualquer lado daquele ponto e aquilo embora bem diferente, lhe lembrava a floresta.
Era calmo e pacífico, mas ali eles não tinham tarefas, responsabilidades, relógio, ali eles comiam, dormiam, faziam amor e curtiam a natureza. Can tinha consciência que era quase um mundo de ilusão que criou na marra para fazer seu marido viciado em trabalho parar – E tinha funcionado, Tin tinha ganhado peso, ficado mais risonho e dormido mais do que jamais viu – E ainda assim sabia que era ilusão, falso e tinha segundos certos para ter fim.
O medo de perder Tin depois daquele colapso lhe fez radicalizar, mas sabia que na vida deles, naquele momento, se isolar não era a solução.
Fugir nunca era solução para nada a longo prazo.
Contudo lamentava o mês maravilhoso que se passou tão rápido. Aquele mês fez maravilhas com todos eles, desde Ae que praticamente se acabou em exercícios ao ar livre, ao Tin que relaxou de verdade até o Pete que agora era completamente um pet intenso total como sua natureza sempre foi, mas não sabia dar nome até então e se reprimia em pró da sociedade. E aqueles dias também ajudaram o marido fofinho a escrever e produzir muita coisa em sua pesquisa sobre a história e tudo o que rondava a OMMP como instituição. Pete tinha uma memória assombrosa e uma intelectualidade única.
Só sentia orgulho mesmo dele que ainda sem a maioria dos materiais que tinha em casa, ainda assim produziu tanto que quase fechou um diário imenso. Muitas noites ele e Tin discutiam sobre fatos, dados e coisas sem explicação que se perderam no tempo, falhas na remontagem do passo a passo que Pete reestruturava desde a fuga das flores do Castelo até os dias de hoje.
Os documentos que Tin recuperou do subterrâneo do castelo só constava coisas de antes da fuga, informações que ele dizia serem um trunfo na hora certa, mas Can sabia que seria complexo demais para encher sua mente daquilo.
Não que não fosse capaz de entender, mas sim que não tinha real vontade de torrar seus miolos com aquilo.
Aquelas tramoias, planos, contra planos e afins não era sua praia, aquilo era coisa do Tin com Pete e ele e Ae nem queriam se meter, só se fosse extremamente necessário. Tudo o que lhe importava era ajudar aos pets do mundo de agora a viverem melhor, com mais liberdade e segurança, porém descobriu que muito do que queria fazer dependia de Tin no poder. Ou seja, ainda teria de esperar e ir fazendo mais ou menos como ele.
Cercando pelas beiradas.
Já sabia por Renesme e Juliet que suas atitudes desde que entrou na OMMP já dava coragem para muitos pets mudarem seu próprio mundo, pelos próximos meses ia ter de se contentar com aquilo...
— Você não quer voltar.
Não foi uma pergunta.
Tin lhe conhecia bem, assim como ele conhecia o marido e apenas suspirou deixando o som das ondas invadirem seu coração e apaziguar suas aflições, Can não gostava de mentiras e não ia deixar que aquilo entrasse no seu casamento.
— O que eu quero e o que eu devo, estão separados por esse imenso mar do fim do mundo – Disse baixinho – "Se você se machucar eu me machuco, se você sangrar e sangro, se você morrer eu morro", essa foi nossa promessa, e eu deixei que você exagerasse, você não pensou nisso e nem eu, com nossa rotina insana...
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Meu seme engomadinho
FanficTin sabia que desistir, por mais que quisesse depois daquele dia, não era opção. Ele amava Can e lutaria por ele, por mais complicado que fosse. Aquele garoto do programa Tailandês era seu! Seu pequeno e inocente Cantaloupe.