Dívida

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Can abriu os olhos vendo Tin adormecido profundamente e suspirou baixinho. Ele tinha passado por poucas e boas nos últimos três dias, mas Tin também tinha. Foram apenas dificuldades diferentes.

E ele mal tinha dormido desde que chegou na França. Por isso não tinha ficado surpreso que após eles chegarem no hotel discreto em que Tin reservou para eles, e depois de ter tido uma conversa razoável com a sua mãe se mantendo entre a linha da verdade e tênue do que podia ser dito, ele tivesse tomado um banho, lhe abraçado e desmaiado na cama.

Can assistiu Tin pedir perdão a sua mãe por tudo o que ela tinha passado por sua causa, afinal ele contou a ela que por ter comprado aquele castelo na França ganhou inimigos que não esperava - Isso era mentira, Claro, Tin sempre esperava por mais inimigos - E que seu casamento com Can também atraiu ódio da sua família - Isso era verdade - E que de ambos os lados o perigo veio sobre eles sem que eles merecessem.

Não se lembrava de Tin tão sério e cuidadoso com alguma pessoa fora Can e ele fazer tudo aquilo para sua mãe, era prova suficiente para seu coração que ele realmente adorava ela. Dava para amar aquela pessoa mais do que já amava? Can não sabia. Lógico que ficou um pouco bravo de ter sua vida virada dos avessos de novo, mas o mundo de Tin agora era o seu, e ele não ia deixá-lo sozinho naquilo, jamais.

O que precisava era ficar forte, treinar, saber fazer o que os seguranças sabiam para que não fosse só mais um donzelo em perigo e sim o próprio protetor e de Tin também.

Tin não era uma pessoa que sujava as mãos, ele sabia, então precisava fazer isso pelo marido se quisesse fazer um ano de casado como todas as pessoas faziam, sem precisar fugir de tiroteios e coisas assim.

Mas tinha muitas pedras nesse caminho a começar com: Não era seguro voltar para casa agora.

Nisso Tin foi categórico, se separar agora também era ainda pior e foi quando ele fez a pergunta para sua mãe que quase fez Can desmaiar ali mesmo, na saleta em que os três se reuniram para aquela conversa logo após chegarem no hotel, que Can se deu conta que realmente era um homem casado para sempre com a pessoa mais imprevisível da face da Terra:

— Eu construirei uma pequena vila próxima do castelo para começar os trabalhos por lá, a cidade mais próxima fica há uma hora de distância da região, e embora sejam moradias temporárias eu juro que farei algo confortável para a senhora, por isso, vamos morar todos lá pelos próximos dois anos, mãe, eu matriculo Lemon em um colégio internacional em Paris e Can termina a faculdade dele comigo aqui. As leis de segurança na França são bem melhores e podemos encontrar algo na sua área aqui ou eu ficaria imensamente feliz se me ajudasse com seus conhecimentos de decoração, nos escopos do castelo. A empresa que trabalhava era mesmo ótima, mas com um currículo europeu, quando voltar para Bangkok pode até mesmo abrir seu próprio negócio. O que me diz? Seria só por dois anos, no máximo, até termos certeza que é seguro voltar para casa.

Tin tinha chamado sua mãe de mãe e Can não foi o único que ficou abalado com aquilo. Morar em uma vila próximo de ruínas de um castelo francês não era algo que estava na lista da sua mãe de planos futuros, mas ela disse sim para ele nem dez minutos depois dele insistir um pouco mais com olhos brilhantes e pidões.

Tin era um manipulador demoníaco e se Can não conhecesse bem o marido que tinha até ele poderia cair naquela atuação de Oscar, mas não deu um pio até sua mãe mandar o "Anjinho da mamãe" para a cama e mandar o seu filho temperamental cuidar dele direito.

Sim, aos olhos da sua mãe ele era o problema no relacionamento.

— Chamar minha mãe de mãe foi golpe baixíssimo, Tin!

Meu seme engomadinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora