Manhã seguinte

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Can acordou com a maior dor de cabeça da sua vida e por alguns segundos pensou que devia ter morrido para estar em uma cama tão macia... Então abriu um dos olhos e quase agradeceu Buddha em voz alta pela sua cortina estar fechada.

Só que sua cortina ficava de um lado e aquela era de outro.

Congelou. Não estava em seu quarto...

— Boa tarde, Cantaloupe.

A voz bem conhecida e borbulhante de ironia soou do outro lado e Can virou o rosto sentindo o estômago afundar e seu coração acelerar como um retardado.

Tin estava vestido de pijama, descalço, sentado em uma cadeira de rodinhas de frente a uma elegante escrivaninha de quarto e apenas uma das longas cortinas estava entre aberta deixando a luz entrar no cômodo luxuoso e imenso.

Estava no quarto dele.

Estava na cama dele...

Suas mãos correram para o próprio peito e quase rolou os olhos de alivio notando que estava vestido, totalmente vestido a não ser os pés nus. Um risinho de escárnio soou no quarto silencioso:

— Não fiz nada com você, tonto! Estava tão bêbado ontem à noite que dormiu por mais de doze horas sem nem se mover da cama. Impressionante como seu sono é profundo – Então Can viu o sorriso dele diminuir - Eu liguei para sua mãe ontem avisando que ia ficar em minha casa noite passada e hoje. Temos uma dívida agora, Can.

— Outra dívida, não... TINNNN!

Tentou gritar, mas sua cabeça quase explodiu e acabou fechando os olhos e cobrindo a cabeça com as cobertas. Droga, droga!

— Sem escândalos hoje, não estamos sozinhos em casa.

Hein?

Can engoliu em seco e estremeceu entre nervoso e ansioso, tinha dormido com o Tin a noite toda? C-como...?

— Você dormiu nessa cama!?

Acabou perguntando sem ter coragem de tirar a cabeça do edredom. Contudo esperou uma resposta que não veio e cogitou que talvez Tin tivesse saído... Até ouvir a voz dele baixa na altura do seu ouvido:

— Quem sabe?

— TIN! - Disse alto fazendo um imenso bico e sabia bem que fazia, tirando o edredom do rosto e querendo chutar o ar em fúria – Fala logo!

O engomadinho apenas sorriu de canto e Can resmungou revoltado como ele era um demônio!

— Cantaloupe, agora seria realmente um mau momento para fazer escândalo, qualquer um dos empregados poderia entrar e ver você na minha cama. Eu seria forçado a dizer que não abrissem as janelas para que meu namorado não seja visto nu.

O sorriso dele aumentou, Can se sacudiu na calma revoltado!

— Eu não estou pelado e não sou seu namorado!

— Eu te busquei de uma noite de bebedeira, te trouxe para minha casa, talvez tenhamos dormido juntinhos, agora vai tomar banho no meu banheiro e vestir as minhas roupas porque as suas estão medonhas, nem sei como te deitei nos meus lençóis com esse cheiro... Enfim, as provas estão todas aqui. Ainda vai rejeitar o meu pedido?

Can desviou os olhos se sentindo tímido de repente, e ele nunca foi tímido na vida...

Tin o deixava louco, maluco, era isso!

— N-não s-sou seu n-namorado!

— Cantaloupe...

Ele sussurrou mais baixinho e só então Can notou o quanto ele estava quase curvado sobre si na cama, com ambos os braços de cada lado da sua cabeça e impregnando a sua mente com aquele perfume caro e cheiroso...

Droga!

Can respirou pela boca...

— Antes tudo para você era beijo, agora isso...

— Um homem deve pagar suas dívidas, Can.

O sorriso daquele maldito ampliou e Can quis se matar por ter ousado senti a falta dele naquela semana! Tinha esquecido como ele era manipulador!?

— Se afasta, Tin!

Acabou empurrando o maior e rolou na cama saindo dela ofegante. O outro se sentou displicente no macio colchão e apontou para uma porta lateral:

— Tem tolhas, roupa e aspirinas. Vá virar gente, Can.

— Virar gente minha bunda! Idiota!

Quase gritou de novo, mas o latejar em sua cabeça foi mais forte que sua raiva e acabou indo para o banheiro, fechando a porta com mais força do que deveria.

Maldito TIN!

E então escorreu para o chão levando a mão ao peito.

Ele tinha lhe trazido para a casa dele, para o quarto dele e Can sabia bem como Tin detestava trazer alguém ali.

Tin voltou, depois de uma semana distante... Ele voltou.

— Can você que é o idiota! Um tonto mesmo!

Sussurrou indignado, mas por dentro sorria. E sorria todo satisfeito.

Meu seme engomadinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora