De volta para casa

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— Muito bem meu filho, estou ouvindo.

Can olhou para a sua mãe e engoliu em seco. Por onde começava afinal?

Ela estava sentada na ponta da sua cama e ele estava no meio dela sentado com as pernas cruzadas. Era tarde, mas ambos não podiam deixar aquela conversa para o dia seguinte.

Fazia vinte e quatro horas que estava de volta em casa.

A volta para casa foi um pouco mais elétrica do que a ida porque quase perderam o voo devido ao Ae nadando as quatro da manhã na piscina do hotel como se fosse um atleta e tendo que subir correndo para se vestir depois do Tin dizer que ia sumir com o passaporte dele se perdessem o voo. E ele não tinha dormido, nem ele nem Pete, que lhe contou no almoço depois e super sem graça que eles ficaram um pouco mais no baile e depois chegaram no hotel super tarde. Como ele ficou quase roxo, Can já podia imaginar o porque não dormiram.

Can mesmo só dormiu porque desmaiou e sabia que exausto, nem Tin lhe acordava.

Então chagaram em Bangkok já a noite e Can só teve tempo de subir com o Tin para o apartamento para ele arrumar outras malas e já iam de volta para o aeroporto para o Tin pegar o voo para Paris. Então chegou na casa da sua mãe sonambulo e só conseguiu dizer oi antes de desmaiar na cama.

A faculdade sem o Tin era estranha. Depois de tantas semanas com ele quase todo o tempo, saber que não o veria no refeitório ou na volta para casa era muito vazio... E Can soube logo naquele dia que estava ferrado.

O quanto ele sentia a falta do outro?

Conversar com os amigos também foi meio estranho.

Sua vida tinha mudado drasticamente em um período muito pequeno de tempo, era como se tivesse caído em uma HQ onde tudo acontecia freneticamente e depois saído de volta ao mundo real, onde nada ao seu redor tinha mudado, mas ele mesmo estava todo mudado.

Seria aquilo que chamavam de ser adulto antes dos outros?

Seria aquilo que Tin passou por tanto tempo, tendo de conviver com pessoas da sua idade física, mas não com a sua maturidade mental?

Can sempre foi mais um do meio, mais um do grupo, sem nada de diferente e agora o que eles conversavam entre si soava um pouco alienígena aos seus ouvidos. Suas preocupações mudaram, sua visão mudou. Ele não era o mesmo Can de antes e aquele dia de volta a Faculdade se deu conta real daquilo.

E ele não tinha só mudado como pessoa. Ele era agora quase oficialmente casado... Aos dezenove anos...

Engoliu em seco de novo.

Tinha chegado na casa da sua mãe para jantar e ouviu ela e Lemon falarem tão animadas da semana do spa, que pensou que ia ganhar mais um tempo antes de ter que falar sobre o assunto, mas então sua mãe lhe chamou de canto antes de subir e disse que era para ele tomar banho e esperá-la no quarto que eles iam conversar.

E ele soube, ela tinha visto a aliança, claro. Sua mãe tinha olho de raio laser.

Por alguns segundos quis ligar para o Tin só para ver se ele ainda podia fugir para a França para encontrá-lo caso a sua mãe tentasse matá-lo aquela noite, mas respirou fundo e tomou coragem.

Uma hora ia ter que contar e se a hora fosse agora, então que fosse!

Ela vai te matar, ela vai te matar...

A voz na sua cabeça, contudo lhe gritava em pânico. Ele tremia um pouco, confessava.

— Hummmm mãe...

Meu seme engomadinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora