Pete andava de um lado para o outro da cabana aflito, tenso, nervoso e sem conseguir comer nada desde o dia anterior. Ae lhe fez ansiar um dia inteiro com o medo dele ter estragado tudo, todos os planos, tudo pelo que trabalharam dez anos.
Queria sacudir o marido teimoso, mas optou por esperar já que Can lhe ligou dizendo que tinha pedido ajuda ao Ren e depois o próprio Ae ligou pedindo desculpas.
Mesmo agora sabendo que ele não tinha feito besteira, ainda assim continuava uma pilha. Korn tentava conversar consigo e lhe acalmar, mas sinceramente Pete estava chateado por toda a situação.
Tentou ir até a praia e usar da caminhada para se acalmar, mas no meio do caminho passou mal de novo e acabou ligando para Korn vir buscá-lo antes que desmaiasse.
Viu com atenção parcial ele fazer algumas ligações e finalmente o telefone ser atendido. Estava morando na cabana agora, já que Lemon foi morar com o dono da boate de Xangai e desde o dia anterior em que Ae fugiu, Korn e Knock que moravam em um trailer próximo, vieram para a cabana lhe fazer companhia.
— Can, até que enfim, o chefe e o Ae não atendem a droga do telefone!
Pete olhou para o amigo quase família já devido ao tempo em que se conheciam, resmungar na ligação e acabou sorrindo. Korn era tão atencioso sempre consigo...
— Sim, estou com ele, mas ele não está nada bem, você chegou em Sidney?... Hummm... Hein?
Korn lhe deu as costas depois do 'Hein' com voz de choque e Pete suspirou. Não deviam atrapalhar os planos mais do que Ae já atrapalhou. Ele não devia ter agido assim, aquilo só preocupava todo mundo e...
— Petepete, aqui, coma essa sopa, sim?
Knock se sentou na ponta do sofá onde ele estava meio deitado e lhe estendeu o caldo quente. Aquilo era a única coisa que ele sabia cozinhar e Pete ficou tocado pelo gesto. Então estendeu a mão para pegar a tigela ao mesmo tempo que sentiu o cheiro e tonteou... Camarão?
— Petepete?
Pete se ergueu correndo para o banheiro e colocou o quase nada que tinha no estômago para fora, ainda bem que no vaso sanitário. Logo tinha as mãos grandes do amigo esfregando a suas costas enquanto Korn gritava no telefone algo que ele não conseguia identificar. Can estaria brigando com ele?
— A hora que entrar no palácio mete os dois pés no peito dos dois por mim, onde já se viu não atender a merda do telefone!? Não temos médico aqui, droga!
Aquilo soou bem alto e então Pete conseguiu entender.
— Respira, Petey, estamos aqui ok?
— Sai daqui, Knock, isso é...
— Não resmunga, homem! Se falar que é nojento eu vou brigar! Nojento é você limpando peixe, isso sim. Saber que peixe tem tipas nunca mais será a mesma coisa para mim, destruiu minha ilusão comestível...
Pete acabou rindo embora tonto de ânsia ainda. Tinha comido algo de ruim? O que estava acontecendo?
Knock mesmo contra suas tentativas de afastá-lo, o ajudou a ir até a pia e escovar os dentes tentando respirar.
Quando estava se sentindo mais humano outra vez, Korn apareceu na porta do banheiro sorrindo maléfico:
— Ae e Tin estavam naquela sala de petplay se comendo igual cachorros no cio, aquela que o Tin ficava falando dela sempre e Can chegou no palácio comigo no telefone e foi até lá arrebentando a porta. Eu adoro o Can, já disse isso né?
Pete abriu a boca pasmo e acabou sendo amparado pelo Knock ao pender, sem saber se pelos vestígios do enjoo ou pelo susto:
— Can não deve... Pode ser visto e...
Ele estendeu o telefone:
— Chefe na linha, capricha na bronca. Melhor, vou por no viva voz porque você parece que vai vomitar de novo...
— Korn!
Pete reprendeu ele ainda se sentindo meio cambaleante, a voz do Tin soou frenética:
— Pete, amor, o Korn disse que está passando mal, como se sente? Eu vou ligar para o hospital mais próximo, mando uma equipe médica e...
— É só um enjoo Tin, nada demais, não se preocupe e...
— PETE! Só um enjoo? Você nunca fica enjoado droga, desculpa, caramba... Tin, liga para os médicos, anda! E se for algum vírus, droga, droga, eu não devia ter vindo, droga!
— Ae, ficar sem cabelo não vai resolver! Para de loucura.
Can disse enérgico e Pete acabou sorrindo de canto. Só estava há duas semanas longe de Can e Tin e dois dias do Ae, e mesmo assim sentiu saudades imensas só em ouvir a voz dos três agora.
Sentiu seus olhos encherem de água e Korn pareceu pirar de novo:
— 'Tão felizes? Pete está chorando, vocês dois são uns maridos da onça isso sim, tem três e dois não vale meio!
— Korn.
Pete deu um tapa no braço dele que sabia muito bem, não fazia nem cócegas, e ele o olhou estreitando os olhos:
— Está certo, Ae e Tin não valem um décimo.
— Desculpa, desculpa...
Ae parecia surtando.
— Pete, respira fundo e fale comigo, o que está sentindo? Descreva o que comeu e onde foi, o que fez, os sintomas desde o momento em que se sentiu diferente.
Tin estava em seu tom de controle total. Pete sorriu embora choroso. Eles eram tão diferentes e tão especiais, cada um do seu jeitinho e...
— Pete está gravido, não podemos falar com um médico normal, temos que conversar com doutor Byun, ele é de confiança. Pete tem um útero como eu, mas aparentemente ele ficou grávido primeiro. Só soube nesses dias também, é uma história longa e...
— O QUÊ?
A voz de Ae soou quase histérica.
— Can meu amor, você bebeu?
Tin não alterou nem um milímetro do tom.
— Você viu isso, sonhou isso, ou realmente está bêbado de pedra?
Korn perguntou olhando para o celular com o cenho franzido.
— Isso explicaria você parecer mais gordinho no último mês... Vou ser titio?
Knock falou aquilo de olhos arregalados se virando para ele, mas Pete... Pete ofegou e sentiu tudo girar sabendo que o chão estava a dois segundos de si.
A última coisa que ouviu foi Can dizendo que ele tinha sonhado, mas era verdade.
Pete era hermafrodita.
E que ele tinha que contar algo para eles. Algo bem impossível, mas verdadeiro.
Tudo escureceu.
Notas Finais
E feliz 1 de abril muaaaa
Curtiram?
Espero que tenham gostado hahaNos vemos no próximo capítulo, Beijocas!
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Meu seme engomadinho
FanficTin sabia que desistir, por mais que quisesse depois daquele dia, não era opção. Ele amava Can e lutaria por ele, por mais complicado que fosse. Aquele garoto do programa Tailandês era seu! Seu pequeno e inocente Cantaloupe.