Guinada

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Tin chegou nas ruínas logo depois do sol nascer e tinha que dar o braço a torcer, o lugar era lindo mesmo. A floresta em torno do castelo ainda era a mesma como os donos do hotel disseram e tinha aquele ar meio mágico que pessoas românticas apreciavam. Can ia gostar certamente e Pete poderia surtar.

Sorriu. Ele não tinha dormido na última noite deles na Austrália pois estava organizando as coisas para quando chegasse na França e ouviu claro a porta ao lado, do quarto dos dois marmotas, se abrir lá pelas três e tantas da madrugada. Estranhou, pois eles tinham chegado mais ou menos uma da manhã e mesmo coelhos como eram já deviam estar dormindo. O voo saia bem cedo.

Seguiu Ae até a piscina e viu ele nadar frenético e logo entendeu o que acontecia. Alguém estava ardendo ainda, então? Esperou ver se ele parava, porém como ele não parou, resolveu pará-lo do seu jeito antes que o programa tailandês do Pete surtasse. Ae era tão divertido de provocar...

— Ok, Tin, vamos fazer isso.

Passou com o carro no que antes devia ser o portão de entrada de todo o complexo e agora só tinha ruínas dos muros. Fez o dever de casa claro e tinha um desenho em mãos de como tudo ali era enquanto estivera nas mãos de sua dona verdadeira, a mulher conhecida como Dama.

Ela e suas cortesãs saíram fugidas da queda da bastilha e o castelo ficou nas mãos dos empregados por alguns meses até todos serem assassinados pelo novo governo. O castelo ficou abandonado por anos até ser saqueado, depois foi usado como forte de Napoleão, depois dado de presente a um Conde a beira da morte e por fim usado como posto avançado na segunda guerra. A guerra destruiu o que já tinha restado do século anterior e por fim foi abandonado de vez. Na década passada foi para a mão do estado que o leiloou agora, onde abateu as ruínas por uma pequena fortuna. Tin era o feliz dono de um amontoado de pedras em um cenário bucólico cheio de um passado conturbado.

Sorriu cínico, que legal... Se não fosse um pouco irritante, mas tinha que pagar o preço de Margot, não havia jeito e se ela tinha planos para fazer daquele lugar um hotel, já que queria o castelo como era originalmente, podia sim ser uma fonte de dinheiro interessante. Mas seus instintos lhe diziam que não eram esses os planos da rainha, afinal ela planejava sair de cena e lhe colocar em seu lugar. Ela ia precisar de um esconderijo.

Mas aquele castelo, quando de volta a sua forma original, seria chamativo demais para um esconderijo...

As peças não se encaixavam.

Tin saiu do carro e olhou para a entrada do que um dia foi o castelo em si, ainda de pé em um arco sem as portas e estreitou os olhos:

— O que você escondeu aí dentro, Dama, o que eu devo procurar que a rainha tanto quer?

Pegou o celular e viu com certa chateação que não havia sinal ali. Mais essa ainda...

Que seja, não pretendia demorar muito aquele dia de toda forma, era apenas a primeira exploração. Suspirou e passou pelo arco.

Ia ser rápido, tinha certeza.





Can só se sentia irritado, não sabia bem o porquê, mas culpava Tin.

Era culpa dele, de sentir tanta falta assim e até perder o apetite. Mas era terça feira e domingo não demoraria muito não é mesmo? Logo ele estaria de volta em casa como sempre e tudo voltaria ao normal, ou ao normal que era viver com o Tin.

Arrumou melhor a mochila e foi para o ponto de ônibus pensando se devia ligar ou deixar para fazer isso mais a noite...

— CANTALOUPE! SAI DAÍ!

Meu seme engomadinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora