Sentimentos intensos

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  Tin sorriu ao assistir Can se esticar mais na cama enquanto permanecia em seu sono profundo de sempre. Tocou o rosto dele com as pontas dos dedos para a afastar a franja e logo voltou a se concentrar no que fazia no tablet.

Contudo ao se lembrar de tudo o que aconteceu naquela noite perdeu o foco de novo.

Tinha provocado o Can sobre tê-lo deixado na mão naquela noite na casa dele, mas nunca em sua vida, imaginou que o menor teria coragem e iniciativa para fazer o que fez.

Quando ele lhe pediu para deitar e fechar os olhos, Tin imaginou no máximo alguns beijinhos. Can não era de tocá-lo primeiro, embora sabia que com o tempo ele naturalmente faria aquilo.

Contudo, contudo...

Can tinha beijado, lambido, mordido seu corpo e ainda lhe dado um sexo oral que tinha feito seu cérebro virar geleia. Onde ele tinha visto aquilo? Naqueles mangás talvez?

Agora conseguia pensar, mas naquela hora? Em que a boca macia e que lhe deixava insano para morder a cada segundo do dia, tocou sua pele... Não mesmo e ele soube.

Can o tinha além dos dedos, o tinha literalmente na palma da mão. E dos lábios.

Tin não era novo em sexo, mas nada, nunca outra experiência chegou aos pés daquela, era como sentir tudo aquilo pela primeira vez e era exatamente isso. Antes sexo era enfadonho com aquelas garotas que se ofereciam para ele como abelhas no pote de mel, contudo com Can...

Foi gostoso, enlouquecedor, intenso... Com Can era prazer... E amor.

Sorriu mais largo. Se ele só imaginasse a dimensão que era seus sentimentos para ele talvez fugisse para nunca mais voltar.

Rolou os olhos. Teve que se controlar muito para não tomar Can para si completamente aquela noite, mas sabia que não era a hora, não era... E aquele virou seu mantra enquanto tomavam banho.

Can não era tímido, embora as vezes se desse conta do que estavam fazendo e ruborizava. Mas sua natureza era expansiva demais para timidez e Tin sabia manejá-lo para o temperamento agora, quando as coisas podiam sair do controle. Ele não era tímido e por isso tomaram banho juntos sem problemas, mas Tin... Pela primeira vez se sentiu arfante. O corpo de Can o atraia como um imã irresistível e nem mesmo ele esperava tal reação de si mesmo. Ele se imaginava fazendo tantas coisas com o outro que foi ele quem terminou o banho rápido alegando que tinham que fazer a dispensa e jantar. Mais um minuto nu com Can deliciosamente nu e molhado na sua frente, e não respondia por suas ações.

Conversar sobre camisinha com ele também tinha sido outro momento memorável.

Não disse a ele que claro, se soubesse que o menor ia tão longe em sua "retribuição", eles teriam usado camisinha já naquela noite, mas agora não dava para voltar atrás então fez a explicação sabendo que por mais que ele se sentisse envergonhado sobre o assunto, ele ia ouvir com atenção. A mãe dele tinha mandado e ele era um bom filho.

Como podia se encantar mais com aqueles dois?

"Então eu devia ter colocado camisinha nele... – E Can colocou a mão na boca pensativo como as vezes fazia e que lhe tornava ainda mais mordível – Antes de por a boca... Hummmm"

"Sim, mas não se preocupe, eu sempre usei camisinha, sou muito precavido e não tenho nada, assim como sei que não tem, já que seu primeiro beijo foi meu!"

"Dá para parar de me lembrar daquele beijo roubado sem vergonha!?"

Tin evitou de rir, porque ele tinha lá sua razão, mas Tin nem contava aquele selinho sem graça, ele contava o beijo de verdade antes do quase término que nem era término, porque Can não tinha lhe aceitado na época, para início de conversa.

"O fato é que estamos ambos saudáveis e seguros, mas claro que usaremos camisinha, todo o tempo que você quiser, Cantaloupe, e sim, em sexo oral também se usa"

"Hummmmm..."

Hummm, aquele misto de som que significava um sim pensativo rendido já se tornou uma palavra básica em seu dicionário do Can. Como seu nome gritado e alongado que significava um "que droga" mas sem argumentos seguintes.

Então ele veio com a pergunta inusitada que deixou Tin um pouco chocado:

"E o lubrificante, usamos para isso também?"

"O lubrificante é mais para penetração, Can, ou masturbação em alguns casos"

Tinha dito tentando soar sério e antes que explicasse mais, ele saiu da mesa dizendo que ia escovar os dentes e dormir. Eles estavam jantando enquanto falavam do assunto, aparentemente não era como se qualquer coisa interferisse na fome do seu namorado esganado.

Tin tinha aceitado o corte abrupto da conversa porque sabia agora quando algo era demais para Can. Ele ia ficar pensando naquilo e pensando até chegar a alguma conclusão, geralmente meio inocente. Esse era seu namorado, afinal.

Então logo percebeu que seu tablet que estava em som ambiente instrumental – Ele gostava de música baixa e geralmente clássica para estudar ou navegar pela internet, começou a tocar uma das músicas que mais gostava na sua longa playlist. Solveig's Song de Edvard Grieg.

Se voltou ao Can que dormia agora de lado, voltado com o rosto para si e Tin se perdeu ali, nos traços comuns, porém belos e encantadores aos seus olhos. A música em dinamarquês estava em um volume levemente mais alto que as demais, porque tinha programado assim, e em sua mente pensava que se não era o universo conspirando com o seu coração tomado de sentimentos intensos, cálidos e ao mesmo tempo pacíficos, pelo baixinho.

Se considerava com a mesma persistência que a protagonista da música.

Can se foi, mas ele não desistiu e agora o tinha de volta. E jamais o deixaria partir. Se sinceramente soubesse que ele de fato lhe odiava, então não insistiria daquela forma tão implacável, mas Can retribuía seus sentimentos, só ainda não tinha admitido para si mesmo. Cada um tinha seu tempo, afinal...

Se curvou para ele e tocou de leve sua franja outra vez, a afastando dos olhos estreitos e graciosos:

— Quando me dirá essas palavras, Cantaloupe? – Sussurrou pensativo – Quando me dirá sim de verdade e aceitará não uma pulseira, mas uma aliança para usar com meu nome para sempre? Quando me dirá?

Can suspirou e ele acabou sorrindo.

Seu pequeno e temperamental namorado era seu exercício diário de paciência infinita. Mas seu melhor presente e por isso, nunca iria reclamar...

Meu seme engomadinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora