Clarissa sonhava com Julian.
Eles estavam em um pequeno barco , que deslizava por um lago, placido , e Julian recitava poemas para ela.
Ao contrario do poema lido por Prudhomme , esse era lindo , falava de paixoes infindas e de amor eterno.
Parando de recitar de repente , ele a fitou e estranhamente começou a chama -la:
__ Clarissa ? Cade você?
Ai !Droga!Clarissa?
O chamado parecia tão verdadeiro que ela acordou sobressaltada.
Piscando os olhos , franziu a testa ao dar -se conta de que continuava ouvindo a voz de Julian, apesar de não estar mais sonhando.
__ Clarissa ? Diga alguma coisa.
Não enxergo nada nessa escuridão...
__ Julian?
Murmurou ela, sonolenta.
__ Clarissa?
A voz dele não passava de um sussurro, vindo de algum ponto próximo ao pé de sua cama.
Ja desperta , embora ainda confusa, Clarissa sacudiu a cabeça .
Só poderia ser um sonho.
Como era possivel Julian estar em seu quarto aquela hora da noite?
__ Ai !
Deus do céu , não e que ele estava mesmo!
Clarissa rapidamente sentou -se na cama.
__ Julian?
__ Sim, sou eu , mas nao enxergo nada.
Continue falando para que eu siga sua voz.
Ai! Que droga , por que de tanto móvel no meio do quarto?
A cama sacudiu um pouco quando Julian se chocou contra ela, e Clarissa , forçando os olhos na escuridão , sussurrou incredula:
__ O que você esta fazendo aqui?
__ Preciso falar com você, mas como não conseguimos nos encontrar da maneira convencional , eu...
O que e isso?
__ Meu pé.
Disse mexendo os dedos .
Em seguida , estendeu os braços para tentar alcança -lo .
Se não era facil so ver borroes, a escuridão total era muito pior.
Finalmente pareceu tocar o peito dele.
Então Julian tocou a na mão dela e ela pode puxa -lo em direção a cabeveira da cama.
__ Esta tão escuro aqui.
__ onde esta a vela?
Clarissa não conseguiu segurar a risada, cobrindo a boca com a mão.
__ Mas se e noite!
__ Eu sei, que é...
__ Se acendermos a vela podera chamar a atenção de algum criado.
Sente -se aqui e me diga o que há de tão importante que o tenha feito invadir o meu quarto.
Clarissa ajeitou -se , deixando espaço a seu lado para que ele pudesse se sentar.
Julian deu um suspiro e, ao sentar -se , a cama balançou um pouco com seu peso .
Limpando a garganta , ele comentou:
__ Sei que não e nada apropriado estar aqui.
__ Quase tudo o que fazemos parece não ser.
Clarissa ressaltou , em tom divertido.
__ Me parece que não.
Julian concordou , sorrindo , mas sua voz tornou -se novamente séria.
__ Queria saber mais sobre o recado que voce disse que eu lhe mandei.
__ Sim claro . Desculpe por não termos converssado.
O que havia de importante nele?
__ Nao fui eu que enviei o bilhete.
__ Não? Clarissa ficou livida .
__ Mas estava assinado J.M.
__ Mas não fui eu que mandei.
Julian repetiu com firmeza.
__ E , quero que você tenha em mente para o futuro que nunca assino como J.M.
Clarissa refletiu por um momento .
Não sabia o que pensar , nem o que dizer.
__ Quem o teria enviado então? E por que?
__ E isso o que preocupa, Clarissa .
O tom de voz era de apreensão.
__ Fico pensando se o acidente de hoje foi mesmo um acidente.
Aliás , todos os seus outros acidentes também me intrigam.
Me diga como foi a queda da escada.
Clarissa ergueu as sombrancelhas.
__ Acho que ja lhe disse que o combinado e sempre tenha uma criada para me acompanhar, mas naquela manhã eu estava muito impaciente.
As vezes me aborrece essa história de precisar ter alguém me acompanhando, então resolvi descer sozinha .
Não tive problema algum para deixar o quarto e caminhar pelo corredor .
Quando cheguei na escada , porem , tropecei em alguma coisa e rolei escada abaixo.
__ Mas em que voce tropeçou?
__ Nao sei dizer , torci o tornozelo e perdi o equilibrio .
Joan e Foulkes fizeram um estardalhaço.
Nao me ocorreu na hora pedir a eles que verificassem em que eu havia tropeçado.
__ E ninguem menciou se havia coisa na escada?
Clarissa sacudiu a cabeça em negativa.
__ E como foi que você quase foi atropelada por uma carruagem?
__ Ah! Clarissa soltou um suspiro a lembrança.
Eu estava entediada e ouvi a cozinheira dizer que ia ao mercado .
Resolvi ir com ela para comprar umas frutas .
Ela me pegou pelo braço e paramos em uma barraca de verduras na extremidade do mercado .
Ela me largou por um minuto somente , não mais do que isso.
No mesmo instante , alguém trombou comigo .
Como foi inesperado , meu pe dobrou no cascalho e cai para frente de juelhos.
Percebendo uma grande comoção , levantei a cabeça e vi um borrão enorme vindo em minha direção.
Era uma carruagem , mas o condutor conseguiu parar a uns passos de mim, aparentemente com os cavalos empinando.
Acho que tenho tido sorte.
__ Quem trombou em você?
Julian quis saber.
__ Nao sei, a cozinheira veio correndo me perguntar se eu estava bem, se pos agritar com o condutor porque ele estava a gritar comigo e , em seguida , me trouxe para casa para que Joan me ajudasse a trocar de roupa.
Julian permaneceu calado por um momento , depois perguntou:
__ Clarissa. , voce realmente viu o bilhete que supostamente lhe mandei?
Clarissa podia sentir a respiraçao dele em seu ouvido e estremeceu.
Engolindo em seco respondeu:
__ Claro que vi .
O menino insistiu em trega -lo para mim .
Joan ate teve de tirar do baile para recebe -lo.
__ Você leu o bilhete?
__ Nao; tentei , mas nao consegui .
Joan leu para mim.
Julian pensou um pouquinho e perguntou:
__ Você guardou o suposto bilhete?
__ Suposto,?
Você fica repetindo isso, Julian , mas eu vi o bilhete.
__ Sim , você viu , mas não o leu.
__ Por Deus, o que voce esta imaginando?
__ Não sei .
Julian confessou , suspirando.
Foulkes Joan estavam por perto e foram os primeiros a se aproximarem de você quando caiu e a cozinheira estava com você no mercado .
Mas ninguém se preocupou de verificar por que você tropeçou ou quem a empurrou na rua.
__ Alguém trombou comigo.
Nao fui empurrada.
Confessou Clarissa.
E ambas as vezes as pessoas estavam ocupadas de mais comigo para se preocuparem com essas coisas .
Eu tampouco me preocupei .
E , céus , sei que a criadagem me odeia por todos os acidentes que ja causei , mas dai pensar que todo o pessoal que trabalha com meu pai me queira ver morta?
__ Nao , claro que não.
Julian concluiu mais que depressa.
__ Da para voce acender a vela e achar o bilhete?
Clarissa hesitou e não conteve o riso.
__ Como se a luz pudesse me ajudar!
Balançando a cabeça ela saiu da cama , e com os braços estendidos , se dirigiu com cuidado ate a pentedadeira.
Ainda assim bateu com o pé em uma das pernas da peça.
Dando um passo para traz , praguejou e abaixou as maos para localizar o tampo.
Tinha uma vaga lembrança de Joan ter colocado o bilhete ali quando entraram no quarto.

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Duque Sombrio
Fiksi SejarahInglaterra 1720 Amor Perigoso Julian Montefort, o duque de Mowbray , sabia que a bela e estabanada lady Clarissa Grambray poderia ser perigosa . Ela era na verdade , um desafio . Mas era exatamente o desafio que ele precisava... Clarissa sempre dese...