Duque Sombrio

Capitulo 48.

__ Gostaria que todos viessem aqui.
Disse Julian aos empregados.
__ Isso inclue sua esposa e Lucy?
Quer que eu va busca -las ?
Frederick perguntou um pouco prestimoso demais.
__ Não é necessário.
Julian respondeu impaciente, aguardando que todos entrassem no salão.
Ele entrou por ultimo e fechou a porta.
__ Quero que um de voces transmita o que vou dizer a Lucy quando ela descer, mas não quer que essa conversa chegue aos ouvidos de lady Clarissa.
Na verdade , vou demitir o primeiro que tocar nesse assunto de novo com quem quer que seja , inclusive entre vocês.
Não posso permitir que ela fique sabendo ou que fique preocupada, entenderam?
__ A unica exceção é aquele que falar com Lucy , não e?.
Kibble aparteou.
__ Sim , claro .
Julian confirmou suspirando.
Kibble sempre dava um jeito de cortigi -lo.
Estava sempre ressaltando a importancia da comunicação e, mais importante ainda, de se passar a informação correta.
__ Muito bem, milorde .
Por favor , prossiga .
Disse o mordomo , assumindo uma atitude relaxada , depois de esclarecer seu ponto.
Julian abriu a boca , mas preferiu se calar.
A frase que Kibble havia usado era a mesma que usava quando queria que ele recitasse ou explicasse alguma coisa que havia ensinado .
Julian se sentia como se tivesse dez anos e estivesse na frente de seu tutor.
Suspirando , deixou o assunto de lado e disse:
__ Antes de mais nada, como vocês devem ter me ouvido a Lucy, os oculos de lady Clarissa se quebraram e ela não enxerga nada sem eles.
Isso faz com que esteja sempre sujeita a acidades e sofreu varios acidentes na cidade.
__ Que tipo de acidentes?
__ Frederick perguntou, demonstrando interesse.
Jullian hesitou em contar , mas resolveu que seria melhor eles estarem preparados para aquilo que poderia ter de enfrentar.
__ Ela confundiu o colo de algumas pessoas e derramou cha nelas, rolou nas escadas , incendou uma peruca com uma vela , entre outras coisas.
__ Deus do céu !
Sra Longbbotom murmurou, franzindo a testa de preocupação.
__ Precisamos mesmo ficar de olho em milady ate que seus oculos novos cheguem.
__ Exatamente isso.
Julian confirmou .
__ Essa é a funçao da criada dela, mas lady Clarissa as vezes a dispensa.
Ela não gosta de ser tão vigiada e de vez em quando se impacienta e quer fazer as coisas sozinha .
Por isso preciso que todos estejam atentos .
Essa passa a se a tarefa prioritária de voces ate que ela tenha os óculos novamente.
Quero deixar claro que tem prioridade sobre qualquer outra coisa que voces estejam fazendo.
__ Esta entendido , milorde.
Kebble disse, sério.
Quanto tempo vai levar para os oculos chegarem?
Juliam desviou os ohos, sentindo -se desconfortavel para encarar o mordomo, e murmurou:
__ Estou providenciando.
Kibble estreitou os olhos e Julian percebeu que ele ficou desconfiado .
Ele sempre sabia quando estava mentindo.
Antes que lhe fizesse mais perguntas , Julian continuou:
__ Mas esse não e o único problema.
Disse procurando mostrar -se firme.
__ Parece que ha alguém querendo prejudicar lady Clarissa.
Os criados a volta dele ficaram com ar surpresos no rostos.
__ Alguns acidentes talvez não tenham sido tão acidentais assim.
__ Como assim , milorde ?
A sra Longbbotom perguntou:
Julian mais uma vez hesitou , mas decidiu que seria melhor que soubessem a verdade.
Ele não tinha duvidas de que Clarissa continuaria sob a ameça ali.
Quem quer que fosse tentado prejudica -la tentaria novamente, mesmo que estivesse casada e protegida em sua casa de campo .
Entretanto , como não fizesse a menor idéia de quem poderia ser, ele contou os detalhes dos acidentes que ela havia sofrido e que haviam sido o motivo de suas suspeitas.
Todos mantiveram -se em total silencio , refletindo sobre o que ele havia contado, silencio finalmente quebrado com perguntas de Kibble:
__ Ha quanto tempo ela esta sem os oculos?
__ Ha algum tempo.
Julian respondeu evasivamente , lipando entao a garganta.
__ Voces veem então, que tenho motivos para me preocupar com o bem -estar dela e por que peço que estejam atentos a quaisquer estranhos que rondem a propiedade ou qualquer coisa que possa prejudica -la?
__ Vou observa -la a noite e dia, milorde.
Frederick prometeu , movido por um espirito cavalheresco.
__ Obrigado , Frederick, mas não sera necessário.
Como disse , só quero que fiquem atentos.
__ Muito bem,,milorde , vamos tomar conta dela.
Completou Kibble, para encerrar o assunto.
__ Se é tudo , acho que ja podemos voltar ao trabalho.
__ Podemos sim.
Julian confirmou e foi se instalar em uma poltrona perto da lareira.
Depois do burburinho das pessoas deixando o salão , ele voltou- se surpreso ao ouvir o tinir de vidro vindo da mesinha de canto onde estava o brandy.
Kibble havia permanecido no salão e enchia dois copos com a bebida.
Apos tampar a garrafa , o mordomo se dirigiu -se a Julian com dois copos na mão e entendeu -lhe um , sentando -se depois na poltrona ao lado dele.
Julian não se surpreendeu com este comportamento .
Era habitual quando Kibble queria lhe falar.
So se perguntava o que ele poderia querer lhe dizer.
__ Ela não viu seu rosto!
Não se tratava de uma pergunta.
Julian apertou os labios e olhou para a lareira , recusando -se a responder.
__ Você disse que os óculos se quebraram .
Por que nao lhe comprou um novo par antes de vir para Mowbray?
Julian deu de ombros com raiva e tomou um grande gole de seu liquido ambar que lhe queimava a garganta .
__ Teme que ela sinta repulsa por seu rosto.
Novamente nao foi uma pergunta .
__ Planejo comprar os óculos dentro de uma semana .
Julian respondeu por entre os dentes , ficando bravo de se sentir culpado.
Kibble ficou em silencio por um momento , com ar pensativo , depois perguntou:
__ Ela não tem recurso algum?
__ O que? claro que tem.
Ele sabia que Clarissa tinha dinheiro.
Sua mae havia lhe contado , na volta de umas das provas , que ela havia comprado um pequeno frasco de perfume.
Depois disso , ele ficara sabendo que Clarissa recebia regularmente uma pequena quantia de sua herança desde que completara vinte anos.
Naturalmente , ela tomara posse do restante com o casamento.