Clarissa apertou os olhos, tentando fazer com que o rosto do estranho entrasse em foco.
Queria muito ver como ele era.
Gostava do som de sua risada e de sua voz voz firme e macia.
E, embora devesse se afastar um pouco para nao permitir a procimidade do quadril dele roçando no seu a cada movimento , gostava da sensaçao que sentia , por isso fazia de conta que nao percebia.
__ Como Prudhomme reagiu a esse pequeno acidente?
__ Nada bem .Me culpou , claro.
__Me disse um par de grosserias tambem .
__ Acho que teria me agredido se os criados nao o tivessem detido e tirado de casa.
Admitiu suspirando.
__ E claro que depois minha madrasta nao parou de fazer discurso sobre como devo e nao devo me comportar daqui para frente.
__Que tipo de discurso?
__ Quase tudo e proibido.
Clarissa sorriu.
__ Veja , nao posso beber em publico, nao posso comer em publico...
__ De fato , nao posso tocar em nada, como catiçais, vasos de flores , nada .
__ Nao posso nem sair para um passeio sem compania para me guiar.
__ Mas ela nao disse nada quanto a dançar, nao e?
__ Nao , mas isso nem precisava.
O sorriso de Clarissa esvaneceu-se .
Ela hesitou por um momento , depois tentou explicar:
__ Nao exergo nada direito.
__ Dançando so vejo borroes de cores e luz ao meu redor, e acabo perdendo o equilibrio.
Ela fez uma pausa, sentimdo que começava a corar a lembrança da ultima alma corajosa que a havia tirado para dançar .
Tropeçara nele e ambos acabaram caindo no chao.
Deveras constrangedor.
__ Entao mantenha os olhos fechados.
__ Como ?
Clarissa voltou o olhar para o vulto escuro ao seu lado.
__ Se mantiver os olhos fechados , voce nao perdera o equilibrio .
O rapaz lhe explicou ela sentiu a mao dele aproximar-se da sua para ajuda -la a levantar -se.
Estava pronta para recusar , mas o toque da mao dele provocou -lhe um frisson .
Foi uma sensaçao estranha , excitante , que a fez sentir -se viva.
__ Eu nao...começou a dizer, parando quando ele pos a mao em seu queixo, levantou seu rosto e inclinou para olha -lo nos olhos.
Por um breve momento ela contemplou claramente o mais lindo par de olhos castanhos aveludados que ja tinha visto;
Ele entao se afastou um pouco e saiu de foco.
__ Confie em mim.
Nao era um pedido , mas uma imposiçao.
Clarissa pensou naqueles olhos tao escuros e tao gentis , e concordou com a cabeça .
Ele ajudou -a entre as pessoas ate a pista de dança.
__ Agora...
A voz dele era calma e suave ao toma -la nos braços.
__ Feche os olhos e relaxe.
Clarissa estava hipnotizada.
__ E so me acompanhar .
__ Nao deixarei que voce tropece.
Apesar de ter acabado de conhece -lo, Clarissa confiou nele e sentiu -se em segurança.
De olhos fechados , contava apenas com seus ouvidos e as maos do rapaz para conduzi la .
Ela deixou levar pelos toques dele:
Um aperto na mao , uma pressao mais forte em sua cintura .
E a sençao do ar passando conforme rodopiavam e rodopiavam pelo salao , sem escorregoes, nem tropeços.
Pela primeira vez desde a sua chegada a Londres , Clarissa nao se sentia desajeitada.
Estava nas nuvens.
Quando a musica parou, ele apertou -lhe e , segurando- a pelo braço , conduziu -a pelo salao.
__ Voce dança divinamente , milady.
Disse -lhe ao ouvido , abrindo caminho entre os demais pares.
Clarissa ficou ruburisada e sorriu orgulhosa , balançando a cabeça.
__ Nao milorde , o credito nao e meu.
Desconfio que e o senhor quem dança divinamente .
__ Com outras pessoas com quem dancei so fiz tropeçar e cair.
__ Entao a culpa e dessas pessoas.
__ Voce e leve e graciosa como uma pluma.
Clarissa pensou por um momento e acabou concordando:
__ Talvez esteja certo.
__ Afinal , se fosse so problema , meu mesmo com seu obvio talento nao teria sido facil me conduzir.
__ Talvez meus parceiros anteriores estivessem um pouco nervosos e inseguros.
Ela percebeu o riso na voz dele e levsntou as sombrancelhas , desconfiada.
__ Milorde?
__ Sua sinceridade .
__ Estou encantado com sua falta de falsa modestia.
__ Isso nunca havia me incomodado antes, mas agora o nariz empinado das pessoas quando estao na cidade me e bastante desagradaveis.
__ Achei deliciosa sua franqueza.
Clarissa sentiu -se rubra , mas os primeiros acordes de uma nova musica ecoaram no ar e seu parceiro tornou a toma -la nos braços.
__ Feche os olhos .
Ele recomendou , apertando o braço em volta de sua cintura.
De olhos fechados Clarissa entregou -se ao prazer da dança .
Passou -lhe pela cabeça que nao deveriam estar dançando tao colados.
Mas se tentasse evitar essa promixidade talvez se sentisse insegura e poderia tropeçar como antes.
Alem do mais , era tao gostoso estar nos braços dele.
Sentia -se aninhada e segura.
__ Por que voce nao desobedece a essa sua madrasta?
Clarissa piscou , tentando em vao ver o rosto diante dela.
__ Como assim?
__ Por que voce simplismente nao usa seus oculos?
__ Ah, ate tentei no primeiro dia em que cheguei a Londres .
Ela disse com uma certa irritaçao .
__ Desci com eles pronta para o baile de lorde Findlay.
__ Lydia ficou livida.
__ Arrancou os oculos de meu rosto e quebrou -os bem diante de meus olhos para que eu visse o que estava fazendo.
__ Ela teve a coragem de quebrar seus oculos?
Julian indagou visivelmente choacado com a desfaçatez da madrasta.
Clarissa balançou a cabeça , seria.
__ Lydia sempre da um jeito de ser obedecida.
__ Mas se ela os quebrou , como voce faz para circular pela casa?
Ele quiz saber, pesaroso.
__ Nao circulo .
Clarissa deu um sorriso desolado e admitiu um pouco envergonhada:
__ Preciso ser guiada pelos criados.
__ E horrivel.
__ Imagino que seja .
Ele sussurrou.
__ Hum.
Ela refletiu por um breve instante sobre toda essa humilhaçao e entao disse:
__ O pior de tudo e que nao posso fazer nada sem meus oculos.
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Duque Sombrio
Historical FictionInglaterra 1720 Amor Perigoso Julian Montefort, o duque de Mowbray , sabia que a bela e estabanada lady Clarissa Grambray poderia ser perigosa . Ela era na verdade , um desafio . Mas era exatamente o desafio que ele precisava... Clarissa sempre dese...