Capitulo 49.

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Eles haviam assinado alguns papéis naquele dia para tranferir uma parte do dinheiro para uma conta que ela tivesse acesso .
O resto deveria ser investido.
__ Qual a razão de sua pergunta , Kiblle?
__ Mera curiosidade , milorde.
Levantando -se, o mordomo tomou o ultimo gole do brandy e deixou o copo usado na mesa antes de sair.
__ Você não pode mante -la sem enxergar para sempre.
Foram as ultimas palavras antes de fechar a porta.
Julian ja estava ficando farto desse tipo de comentário.
Ele bebeu o ultimo gole do brandy , depois levantou -se , foi até a mesa e se serviu de uma nova dose.
Não precisava de sermão do mordomo.
Ja bastava sua propia consciência, lembrando -o de que Clarissa estaria mais segura se pudesse enxergar e evitar qualquer perigo .
Mas, para mante-la em segurança , havia recomendado que toda a criadagem ficasse atenta, varios olhos certamente eram muito melhor do que apenas os dela , ele argumentou consigo mesmo para aplacar sua consciência.
Quanto a ela mesma estar mais alerta sobre os riscos a que estava sujeita , talvez isso a deixasse mais anciosa , e ele desejava que a esposa vivesse tranqüila.
Clarissa começava a desabrochar agora que estava longe da tirania da madrasta.
Definitivamente ele não queria que nada interferisse no comportamento dela, tornando -a timida e amedrontada.
Ao dirirgi-se novamente a poltrona com o brandy na mão, Julian disse a si mesmo que todos esses argumentos eram perfeitamente validos , mas no intimo sentia -se incomodado por saber a verdadeira razão pela qual não queria que Clarissa usasse os óculos.
Suspirando , atirou-se na poltrona uma vez mais e ficou olhando para o copo, matutando sobre a injustiça da vida.
Ele encontrara a mulher ideal, alguém que amava , desejava e tinha prazer de estar junto.
Alguém que o fazia rir e era a pessoa mais doce do mundo.
A ironia era que , enquanto a presença dela em sua vida o tornara mais paciente e bondoso para com os outros , tornava -o cruel para com ela, a pessoa que mais amava .
Priva -la das atividades de que tanto gostava era realmente muito egoismo de sua parte.
Julian subitamente pousou o copo cheio sobre a mesa e se levantou decidido.
Ia providenciar os óculos para Clarissa.
Ainda que custasse sua própria felicidade, tinha de garantir a dela.
Inconformado com a crueldade do destino , deixou o salão e subiu as escadas.
Contaria a Clarissa que no dia seguinte iriam ao vilarejo para encomendar os óculos.
Dessa maneira , não teria como se acorvadar e mudar de ideia novamente.
Julian estava no terceiro degrau da escada quando ouviu o som de uma agitação na frente da casa.
Ele parou desceu , atravessou o hall e abriu a porta .
Era a segunda carruagem vinda da cidade que acabava de chega.
Julian voltou -se para o interior da casa no exato momento que Keighsley, visivelmente cansado , saía da carruagem , voltando -se depois para oferecer sua mão a Joan.
A criada de Clarissa tambem mostrava sinais de cansaço após a longa viagem.
__ Essa é a criada de lady Clarissa , não é?
Kibble perguntou , parando ao lado de Julian e vendo os dois se aproximarem.
Julian fez que sim com a cabeça.
__ Eles devem estar muito cansados, Mibble.
Mostre o quarto a Joan e faça a comer e descansar.
Ela pode perfeitamente começar a trabalhar amanhã.
Keighshey também.
__ Muito bem .
Disse Libble e informou:
__ Lucy ajudou lady Clarissa a tirar a roupa e entrar no banho , mas agora ja esta aqui embaixo.
Quer que eu a mande ajudar lady Clarissa a sair do banho e se vestir para o jantar?
__ Não e nescessario.
Respondeu Julian e se dirigiu a escadaria.
__ Por favor, Kibble , providencie para que nosso jantar seja mandado em bandejas para o quarto de minha esposa.
Vamos nos recolher cedo hoje.
As lentes dos óculos de Clarissa deixavam os olhos dela maiores.
Ela virou a página do livro que estsva lendo e continuou a devorar o conto sobre uma mulher infiel e o castigo que o marido lhe impusera.
Ela havia invadido a biblioteca de Mowbray e tirado aquele livro que , na pressa , imaginara poderia ser-lhe util.
Enquanto se encaminhavam para o novo quarto, Clarissa havia perguntado a Lucy se Mowbray dispunha de uma biblioteca e onde ficava situada.
Apos lhe mostrar o quarto , Lucy descera a fim de mandar preparar o banho para a nova patroa.
Clarissa aproveitara -se da ausencia dela, e visitara a biblioteca.
Aquele fora o primeiro livro sobre o tema em que estava interessada que lhe viera as mãos.
Com medo de ser pega, ela voltara depressa para o quarto e , pouco antes de Lucy retornar , o escondera sob o travesseiro.
A criada a ajudara a despir -se e desmanchar o que sobrara do penteado enquanto a água estava sendo trazida .
Em seguida, a dispensara, assegurando que preferia tomar banho sozinha .
Assim que a criada saira , Clarissa pegou os óculos e o livro e se enfiou na banheira.
Clarissa virou mais uma pagina e estava adorando a história , redigida por uma escritora , Maria de Zayas.
Embora o livro em questão não contivesse ideias de como agradar o marido , o enredo era interessante e ela o lia com prazer.
Clarissa estava virando a página quando ouviu a maçaneta da porta girar.
Assustada , tirou imediatamente os óculos do rosto, comtemplando a porta .
Ja ia dizer a Lucy que não precisava ter se incomodado de voltar quando reconheceu o cabelo escuro e a figura alta do marido.
Em pânico , não parou para pensar nem por um segundo , abaixou a mão dentro da água , ainda segurando nelas o livro e os óculos.
Imediatamente escondeu o livro sob uma das pernas , perguntando -se desesperada o que deveria fazer a seguir.
__ Como esta o banho?
Julian perguntou a distância , e ela percebeu pela voz que ele sorria.
Clarissa abriu e fechou a boca sem saber o que dizer.
Não podia deixar que ele chegasse próximo da banheira.
Se o fizesse , poderia querer ajuda -la a se banhar e ajuda poderia acabar em beijos e caricias , com ele dentro da banheira ou tirando -a de lá.
Em qualquer ipotese o livro seria visto .
A unica saida que tinha era evitar que Julian se aproximasse e para tanto só lhe ocorreu ir ao encontro dele enquanto atravessava o quarto.
Como havia imaginado , ele parou assim que a viu levantar -se da banheira com a agua escorrendo pelo corpo nu e ficou comtemplando -a boquiaberto , Clarissa podia sentir o calor do olhar sobre seu corpo e sabia que estava rubra, mas tempos dificeis pedem medidas desesperadas.

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